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sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Perseverar até o fim



Perseverar até o fim

“... e por aumentar-se a iniquidade, o amor da maioria se esfriará.” Mateus 24. 12

                O texto em destaque faz parte do Sermão profético de Jesus (Mateus 24). Em algumas versões o versículo aparece com a seguinte interpretação: “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos.” (RA); “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos se esfriará.” (RC); “A maldade vai se espalhar tanto, que o amor de muitos esfriará.” (NTLH).
                Esse texto é o segundo mais longo dos 6 discursos de Jesus. Também conhecido como “Discurso Escatológico de Cristo” ou “Discurso sobre as últimas coisas”. A mensagem profética não é apenas para eventos próximos, mas àqueles futuros. A queda de Jerusalém, ocorrida no ano 70 d.C é um exemplo.
                A ênfase principal do texto é que devemos estar sempre alertas, ativos e fiéis no serviço de Jesus até o dia do seu retono. Dia esse que ninguém sabe.
                Jesus destaca as figuras dos falsos profetas (v. 5). “Eu sou o Cristo...” esses desencaminharão a muitos e os que persistirem em ser desencaminhados mostram que jamais pertenceram ao verdadeiro rebanho de Cristo. Não foram predestinados.
                Sobre “...guerra e rumores de guerras” (v. 6), Jesus fez menção, pois na ocasião, o Império Romano estava no período da Pax Romana (28 a.C a 180 d.C) abalada décadas depois com a fragmentação do Império. Entretanto, tal instabilidade não pode ser vista como indicação da volta imediata de Jesus Cristo. Ao longo do tempo a Profecia alcança contínuo cumprimento quando o texto bíblico, no versículo 7, diz: “...nação se levantará contra nação, e reino contra reino” e isso temos visto ao longo dos séculos. Mas tais guerras não podem ser usadas como “fixadoras de datas”, pois produz “sinais errados”. O próprio Cristo disse: “Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai.” (v. 36).
                “Fomes e terremotos...” (v. 7), esses são outros eventos preditos. No período de 60 a 80 d.C a fome, a pestilência, os incêndios, os vulcões e os terremotos assolaram todo vasto Império. A erupção do Vesúvio em 70 d.C destruiu Pompéia. Muitos séculos depois vemos alguns fenômenos da natureza irrompendo no mundo: os terremotos em Lisboa (1755); na Calábria (1783); Nápoles (1857), que juntos ceifaram mais de 100 mil pessoas. Outros numa era mais recente: Charleston - EUA (1886); Assam - Índia (1897); Califórnia (1906); Messina – Itália (1908); Avezzano – Itália (1915); Turquia (1939); Kansu – China (1920); Japão (1923 e 2011); Chile (1939, 1960 e 2010); Peru (1970); e muitos outros. “Mas ainda não é o fim”. (v. 6).
                O ódio pelos cristãos será reiniciado (v. 9). O egoísmo celebrará triunfos, um após o outro. É tempo de perseverar.
                “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos.” (v. 12). Iniquidade aqui significa desregramento e não a imoralidade. Tal tipo de iniquidade destrói a confiança mútua entre os crentes, e a condição geral da maldade, prevalecente em qualquer sociedade, tende então por esfriar o fervor do amor fraternal que de outra maneira continuaria existindo.
                “O amor esfriará”,do verbo soprar a fim de esfriar, arrefecer. Palavra usada, também, para indicar a extinção de silêncio. Os sopros dos indivíduos apagam as chamas do amor, os sopros da apostasia, da iniquidade...esfriam as brasas..deixam cinzas...
                Não é apenas a perda do amor de “alguns” crentes uns pelos outros, mas de “muitos”, no seio da maioria, entre “quase todos” conforme a tradução.
                O amor da fraternidade, das coisas espirituais, arrefece, e então passa a governar a suspeita e a desconfiança.
                No período de perseguição a tendência é que todos se tornem egoístas, esquecendo-se uns dos outros, cada qual se importando consigo mesmo restando apenas o “amor-próprio”. Aqui entra a responsabilidade de cada cristão, como guardiões de nossos irmãos. Eles fazem parte da nossa responsabilidade e o serviço aos nossos semelhantes é também o serviço prestado a Deus.
                O texto profético nos dá uma instrução objetiva: “Aquele,porém, que perseverar até o fim, esse será salvo.” (v. 13). Os fiéis perseverarão e deverão perseverar, por serem fiéis. “E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações...” (v. 14). As palavras proféticas de Jesus se aplicam a um período muito mais além do que a destruição de Jerusalém. A profecia não proclama a aceitação de toda a humanidade da mensagem de Cristo, mas a sua divulgação por todo o mundo.
                “... Então,virá o fim.” (v. 14). Não se trata do fim de Jerusalém, mas o fim da era atual. O fim virá por conta da segunda vinda de Jesus.
                Não é a largada que coroa a corrida do cristão, mas a chegada. E, até a chegada, é preciso perseverar...permanecer firme!
                Não deixemos que o amor ao próximo se esfrie. E aqui o próximo são todos. Não importa quem seja. Deixemos as diferenças de lado. Não se deixe levar pela palavra torpe, “mal-dita” por alguém sobre outrem. Você viu e ouviu? Ou você ouviu dizer? Você experimentou, você sofreu “na pele”? Só podemos acreditar naquilo que vimos e ouvimos diretamente e não o que o outro viu e ouviu. Isso é fofoca! É pecado! E seremos cobrados diante de Deus naquele grande dia. Persevere no amor, na verdade. Uma palavra mentirosa, caluniadora tem o poder de destruição muito grande...é desastrosa...leva a morte...Meça as consequencias antes de “passar a diante” uma história que você “ouviu dizer”. O que você viu, é fato. O que ouviu, é só boato. Se você não ouviu com seus próprios ouvidos, ou não viu com seus próprios olhos. Não deixe sua mente pequena inventar coisas e sua boca espalhar.
A palavra de Deus é bem clara ao tratar da calúnia: 2ª Tm 3. 1-3: “Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas... desafeiçoados... caluniadores...”; Tt 3. 2: “Aconselhe que não falem mal de ninguém, mas que sejam calmos e pacíficos e tratem todos com educação.”; e Sl 50. 20: “Estão sempre acusando os seus irmãos e espalhando calúnias a respeito deles.” Da mentira: Sl 34. 13: “Então procurem não dizer coisas más e não contem mentiras.”; Sl 52. 3: “Amas o mal antes que o bem; preferes mentir a falar retamente.”; Pv 14. 5: “A testemunha verdadeira não mente, mas a falsa se desboca em mentiras.”; João 8. 44: “Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.”; Ef 4. 25: “Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros.”; e, 1ª Pe 3. 10: “Como dizem as Escrituras Sagradas: “Quem quiser gozar a vida e ter dias felizes não fale coisas más e não conte mentiras.” Sobre difamar: 2ª Tm 3. 1-5 “Nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus, tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes.”; Tg 4. 11: “Meus irmãos, não falem mal uns dos outros.”; 1ª Pe 2. 1: “Portanto, abandonem tudo o que é mau, toda mentira, fingimento, inveja e críticas injustas.”; Sl 101. 5: “Destruirei aqueles que falam mal dos outros pelas costas...”; e, Pv 16. 28: “O homem... difamador separa os maiores amigos.” E por fim, sobre a fofoca: Lv 19. 16: “Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo teu próximo. Eu sou o SENHOR.”; Pv 11. 13: “O mexeriqueiro descobre o segredo, mas o fiel de espírito o encobre.”; Pv 20. 19: “O mexeriqueiro revela o segredo; portanto, não te metas com quem muito abre os lábios.”; 1ª Tm 6. 20: “E tu... evitando os falatórios inúteis...”; 2ª Tm 2. 16: “Evita, igualmente, os falatórios inúteis e profanos, pois os que deles usam passarão a impiedade ainda maior...”; e, Tg 1. 26: “Alguém está pensando que é religioso? Se não souber controlar a língua, a sua religião não vale nada, e ele está enganando a si mesmo.”
                Amemo-nos uns aos outros como Cristo nos ama. Perseveremos firmes em oração e em santidade.
                Em oração,

Diác. Nelson de Paula Pereira +
Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro
nelsondepaula@catedralrio.org.br