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quinta-feira, 10 de maio de 2018

ENTENDENDO A ASCENSÃO DO SENHOR

Ascension – (painting). Artist: John Singleton Copley (1738–1815)


O que os Presbiterianos acreditam?

A Ascensão do Senhor nunca foi um evento importante no calendário da Igreja Presbiteriana. Mas talvez devesse ser, pois há coisas que podemos aprender com isso.
A história de Jesus subindo ao céu depois de aparecer aos seus seguidores nos 40 dias após sua ressurreição vem com dois desafios significativos. Primeiro, como regra, as pessoas simplesmente não flutuam para o céu. Basta pensar no pesadelo que representaria para a Administração de Segurança nos Transportes. Em segundo lugar, a história apresenta uma imagem do universo que não sabemos ser verdade. “Céu” não é “para cima” e “inferno” não é “para baixo” e nós não vivemos no “meio”. Portanto, uma leitura literal da história não será útil.
Mas histórias de ascensões aparecem em escritos sagrados e seculares. Elias é levado para o céu em uma carruagem de fogo. “Enoque andou com Deus; então ele não era mais, porque Deus o levou”. Plutarco, o historiador, incluiu uma história de ascensão em sua história de Roma. O que essas histórias estão tentando nos dizer?
As histórias da Ascensão nos oferecem uma visão nova e exaltada de quem ascende. Quando dizemos, nas palavras do credo dos apóstolos, que Jesus "subiu ao céu e está assentado à destra de Deus", estamos proclamando que Jesus é agora exaltado sobre todos - o Senhor do céu e da terra que cura as feridas de uma humanidade machucada e quebra as paredes que nos separam uns dos outros e de Deus. A Ascensão é uma celebração do primeiro credo da igreja: Jesus é o Senhor!
A Ascensão também marca um ponto crítico de mudança. Tanto no Evangelho de Lucas e em Atos, a Ascensão marca a passagem da mensagem e missão de Jesus aos seus discípulos. O que é para se tornar de sua história e trabalho agora está sob seus cuidados e manutenção. E os discípulos poderão continuar a obra de Jesus com o dom prometido do Espírito Santo que vem sobre eles no dia de Pentecostes, celebrado dez dias depois da Ascensão.
Para nós, na igreja, o Domingo de Ascensão pode ser uma época em que nos lembramos do importante trabalho para o qual fomos chamados. O trabalho de Cristo é agora o nosso trabalho. Sem a presença fortalecedora do Espírito, nosso trabalho não pode ser oferecido fielmente. O Domingo de Ascensão, portanto, nos conecta ao Pentecostes e aos dons para o ministério que o Espírito provê.
A história da Ascensão também inclui uma cena bastante cômica. Os discípulos estão de pé ali, olhando primeiro para Jesus subindo e depois olhando para as nuvens. Eles então ouvem uma voz perguntando-lhes o que estão olhando.

"Uh, o céu."
"Você não acha que deveria seguir com o que Jesus lhe disse para fazer?"
"Acho que sim."

E há um dos grandes desafios que a igreja sempre enfrentou. Adoração ou ação. Adoração ou serviço. Contemplação ou engajamento. Vamos ser claros. Não é uma escolha. Todos fazem parte da vida de um cristão. Eles se alimentam.
Às vezes, porém, somos um pouco como aqueles discípulos, de pé com os pés no chão e as cabeças nas nuvens. Ficamos um pouco distraídos. Ficamos um pouco preocupados e desviados.
Mas então alguém, ou algo, diz: "O que você está olhando?" E esse é o momento de graça da Ascensão. É um momento em que somos convidados a reexaminar nosso chamado e nosso discipulado.
Então cabe a nós. Podemos ser tão celestiais que não somos bons na terra, ou podemos estar no trabalho de expandir o reino de Deus.
O que você está olhando?
Que tal um mundo feito novo? Um mundo onde há o suficiente para todos. Um mundo onde todas as pessoas são tratadas justamente e com amor.

Rev. Kevin Scott Fleming
Pastor da Primeira Igreja Presbiteriana em Evansville, Indiana, EUA.

Fonte:
Understanding the Ascension of the Lord
WHAT PRESBYTERIANS BELIEVE

When Christ’s work becomes our work
By Kevin Scott Fleming | Presbyterians Today
Reprinted from the April/May 2018 issue of Presbyterians Today

sábado, 5 de maio de 2018

MARIA DA FONSECA REIS - 150 ANOS

Maria da Fonseca Reis
Se estivesse entre nós, MARIA DA FONSECA REIS (1868-2018), teria completado em 16 de março de 2018, 150 anos de idade. Essa dama cristã foi uma heroína na fé. Mulher cristã, piedosa, exemplo de fidelidade, compromisso e dedicação na vida familiar, na obra de Deus, na Igreja, no cuidado dos pobres e necessitados e especialmente na vida do Orfanato Presbiteriano, atual Instituto Presbiteriano Álvaro Reis de Assistência à Criança e ao Adolescente - INPAR. Apesar de não ter filhos biológicos, foi mãe adotiva de 07 (sete) crianças órfãs e por conseguinte, mãe de uma infinidade de crianças e adolescentes que passaram por sua casa e
pelo Orfanato Presbiteriano, da qual foi Benfeitora.

Nessa pequena síntese biográfica descreveremos a vida dessa grande mulher que foi Dona Mariquinhas Reis, como era carinhosamente chamada e conhecida.

Maria Reis nasceu em 16/03/1868, em Ponta Delgada, capital da Ilha de São Miguel, Arquipélago dos Açores, Portugal. Filha de Jacintho Vieira da Fonseca e Margarida Julia da Fonseca.

Chegou ao Brasil ainda criança em companhia de seus pais que fixaram residência na cidade de Campinas, São Paulo.

Fez seus estudos preparatórios no antigo Colégio Internacional - que era mantido pelo Committee on Foreign Missions da Presbyterian Church in States of America – PCUS - até 1885. Sua Professora foi Charlotte Kemper (1837-1827), Missionária da PCUS.

Colégio Internacional de Campinas, SP

Charlotte Kemper
Fez sua pública profissão de fé ainda jovem na Igreja Presbiteriana de Campinas, que a partir de 1903, passou a ser da Igreja Presbiteriana Independente de Campinas, jurisdicionada a Igreja Presbiteriana Independente do Brasil - IPIB.

Rev. Álvaro Reis

Maria Reis

Em 21/08/1886, casou-se com o seminarista Álvaro Emygdio Gonçalves dos Reis (1864-1925), na Igreja Presbiteriana de Campinas, sendo oficiante o Pastor Rev. Dr. Edward Lane (1835-1892) . Foi uma verdadeira auxiliadora idônea do esposo e sempre o ajudou nos estudos e o acompanhou nas inúmeras viagens e atividades da Igreja Presbiteriana e outras.

Rev. Edward Lane
Templo da IPI Campinas
Seu coração foi sempre voltado para às obras de caridade, de ação social e beneficentes. Foi uma entusiasta na criação do Hospital Evangélico do Rio de Janeiro, mas seu coração sempre foi voltado para o Orfanato Presbiteriano, porque como falamos anteriormente, apesar de não ter filhos biológicos, foi mãe de 07 (sete) crianças órfãs. Em 1889, quando o já ordenado Rev. Álvaro Reis pastoreava a Igreja Presbiteriana de Mogi Mirim, SP. Nesse ano uma terrível epidemia de febre amarela ceifou muitas vidas deixando diversas crianças e adolescentes órfãos, dentre elas, quatorze crianças, todos filhos de membros da igreja. Sensibilizado com o ocorrido, o Pastor adotou sete crianças, filhos do Presbítero Antônio Garcia Ferreira e Rita Isabel Garcia. Dessas sete crianças, uma delas foi a nossa saudosa Sara Garcia de Oliveira, mãe de Julio de Oliveira (1908-1967) , avó de Naïla Oliveira Bruno. Naïla é Pianista-Emérita do Coral Canuto Regis e da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro. Maria Reis ao ver o Rev. Álvaro chegar em casa com as crianças e dizer que as tinha adotado, levou um susto, mas logo aceitou os desígnios do Senhor.

Sara de Oliveira (segurando a Bíblia)

Julio de Oliveira, Marieta, Naïla e Sivaldo
 Maria Reis, na Igreja do Rio, sempre cuidou nas festas cívico-religiosas e Natal desde a sua chegada a essa Igreja em 1897 até 1920, quando a Escola Dominical passou a coordenar essas atividades. Organizou muitas Sociedades Auxiliadoras de Senhoras - SAS, posteriormente, Sociedade Auxiliadora Feminina - SAF, com destaque para a SAF da Igreja do Rio, organizada em 10/03/1898, sendo sua Sócio-Fundadora e que por muitos anos serviu como Diretora dos Trabalhos (uma Oficina de Costura) que funciona até os dias de hoje com o nome de Oficina de Costura Maria Reis, dirigida pela estimada Gilda Simon Leitão. Paralelamente a Oficina Maria Reis, foi criada a Oficina de Costura Alayde de Avilez, responsável pela confecção de enxovais de bebê. Essa foi criada na gestão da Presidente Maria Helena Sathler Gripp, gestão 2000-2001.

SAF-Rio, 10/03/1898
Sua casa, anexa ao templo da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro, à Rua Silva Jardim, 23, sempre foi um lar hospitaleiro, não só recebendo Missionários e suas famílias, Pastores e suas famílias, bem como jovens solteiras que logo se casavam com homens crentes. Hospedou comitivas de Presbitérios, Sínodos e Assembleias Gerais (atual Supremo Concílio) da Igreja Presbiteriana do Brasil - IPB.

Foi grande colaboradora do jornal O Puritano (1889-1959), atualmente Brasil Presbiteriano (1959 aos dias de hoje). Mantinha uma pequena livraria nas dependências da Igreja do Rio vendendo livros cristãos, de educação cristã, Bíblias, Catecismos e Hinários.

Jornal O Puritano
Dedicada no lar, não só para com o esposo, mas para com os filhos adotivos, seu pai, sua sogra, D. Isabel de Almeida Reis, parentes, dentre outras pessoas.

Lápide do jazigo aonde está sepultada a mãe do Rev. Álvaro Reis, D. Isabel de Almeida Reis
Sempre esteve envolvida em campanhas e trabalhos em prol da Igreja, do Orfanato, Maternal do Rio de Janeiro (Orfanato Presbiteriano), do Seminário, da Associação Cristã de Moços - ACM, do Hospital Evangélico, das Missões e de tantos outros.

Organização da Maternal Rio de Janeiro, 17/10/1931

Orfanato Presbiteriano, atual INPAR
INPAR
Em 20 de março de 1914 foi organizada a Sociedade Auxiliadora de Senhoras que auxiliava no encaminhamento de pessoas pobres para que fossem atendidas no Hospital Evangélico do Rio de Janeiro. Entre as fundadoras estavam as seguintes irmãs: Christina Fernandes Braga, Emma Nogueira Paranaguá, Anna Kinster Jannuzzi (esposa do Comendador Antonio Jannuzzi e membro da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro), Júlia Pereira dos Santos (Igreja Presbiteriana de Copacabana), Maria Fonseca dos Reis (esposa do Rev. Álvaro Reis e membro da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro), Christina Silva Oliveira, Dalila Azeredo Coutinho, Maria Vitória Correa, Ludovina Vollmer, Graciema Figueiredo, Maria Rodrigues, Antonia Perez dentre outras. Mais tarde a Sociedade passou a denominar-se União Auxiliadora de Senhoras da Associação do Hospital Evangélico do Rio de Janeiro. Em 1948 a União passou a chamar-se União de Senhoras Mantenedoras de Indigentes no Hospital Evangélico e em 2004, União de Senhoras Evangélicas de Ação Social, como permanece até hoje.

Hospital Evangélico do Rio de Janeiro

Compareceu à 8ª Convenção Mundial das Escolas Dominicais, em Tóquio, Japão, entre 05 a 14 de outubro de 1920. A delegação brasileira das Escolas Dominicais do Brasil foi constituída da seguinte forma: Rev. Álvaro Reis, como Delegado e representante de todas as Escolas Dominicais do Brasil e juntamente com ele estavam Maria da Fonseca Reis, sua esposa; Julio de Oliveira, o neto querido; e os irmãos Jorge Nicolau Abduch e sua esposa Labibe Abduch, todos membros da Igreja do Rio.


O livro de autoria do Rev. Álvaro Reis: Origens caldaicas da Bíblia, 1893. Editado em São Paulo pela tipografia da Sociedade Brasileira de Tratados Evangélicos (1ª edição) e em 2ª edição no Rio de Janeiro pela redação do Puritano. Foi em homenagem ao Rev. Dr. John Boyle (1845-1892), a Professora Charlotte Kemper (1837-1827) e a esposa Maria Reis.


As inúmeras publicações do Rev. Álvaro Reis - que ultrapassa o número de 40 (quarenta) - foram publicadas em mais de uma edição. Sua esposa, Maria Reis, depois da morte do Rev. Álvaro Reis, mantinha em seu poder os direitos autorais dessas publicações, publicando novas edições para que, através da venda dos livros, pudesse obter renda para se sustentar. Pois não havia nenhum plano de previdência para os Pastores e suas famílias após a morte dos mesmos. Todo o patrimônio que o casal possuía foi vendido e revertido ao longo dos anos para a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro. Somente no pastorado do Rev. Amantino Adorno Vassão (1910-1997) é que foi possível a viúva receber, por parte da Igreja Presbiteriana, uma pensão.

Rev. Amantino Adorno Vassão
Naïla, a neta/bisneta, querida tem um testemunho de vida muito bonito, do qual destacamos a lembrança que ela tem de Dona Mariquinhas Reis. São as recordações mais doces possíveis. Embora Dona Mariquinhas estivesse completamente surda desde os 37 anos de idade, Naïla não se lembra de ter ouvido de sua vovó, como assim chamava, qualquer queixa nesse sentido. Em casa participava de todas as coisas da vida em família com muita alegria. Não faltava aos cultos de domingo. Cozia sempre fazendo enxovaizinhos para as crianças necessitadas e a sua atenção maior era para com o “Orfanato” (atual Instituto Presbiteriano Álvaro Reis de Assistência à Criança e ao Adolescente - INPAR). Já acamada depois de ter sofrido um Acidente Vascular Cerebral - AVC, mantinha o caderno de sócios do Orfanato a seu alcance, caso algum deles fosse visitá-la. Sua hora devocional diária era sagrada, assim ensinou a netinha algo muito precioso.

Maria Reis, c.1950


Lápide do jazigo aonde estão os restos mortais de Maria Fonseca Reis
Jazigo aonde estão sepultados a mãe do Rev. Álvaro Reis, D. Isabel de Almeida Reis, Rev. Álvaro Reis, Maria Fonseca Reis e o Rev. Amantino Adorno Vassão - Cemitério de São Francisco Xavier (Caju).

Maria Reis, de igual forma. Seu amor para com o Orfanato Presbiteriano esteve presente até o dia da sua morte, em 26/03/1953, com 85 anos de vida, 27 anos após a morte do marido. Duas vidas que se entregaram a Deus e tudo que se diz respeito a Ele. Imaginemos se tivéssemos entre nós alguns “álvaros reis” e algumas “marias reis”?

Prof. Nelson de Paula Pereira
contato@nelsondepaula.com
Naïla Oliveira Bruno e Nelson de Paula Pereira

Bacharel em História pela Universidade Gama Filho. Licenciatura plena em História pela Universidade Gama Filho. Pós-Graduação em História do Brasil pela Universidade Federal Fluminense. Professor, Historiador, Arquivista, pesquisador e escritor. Autor de livros como: Cem anos do Instituto Presbiteriano Álvaro Reis de Assistência à Criança e ao Adolescente – INPAR: 1910-2010; História da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro: 1862-2012; História da Igreja Presbiteriana de Copacabana: 1913-2013; História do Presbitério do Rio de Janeiro: 1865-2015; História da Igreja Presbiteriana da Gávea: 1967-2017; História da Igreja Presbiteriana da Tijuca: 1967-2017 (no prelo), dentre outros trabalhos. Organizador do livro: HEINZLE, Eunice. Siegfried, um servo do Senhor. (Biografia). Rio de Janeiro: 2012. Oficial Diácono da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro - IPRJ. Corista e Solista do Coral Canuto Regis da IPRJ. Curador do Acervo e Historiador do Presbitério do Rio de Janeiro. Diretor-Secretário do Instituto Presbiteriano Álvaro Reis de Assistência à Criança e ao Adolescente - INPAR.

Administrador do Blog "O Historiador", disponível em: 
http://depaulaohistoriador.blogspot.com.br/

Administrador do site: Nelson de Paula, disponível em:
http://nelsondepaula.com/

terça-feira, 1 de maio de 2018

A BÍBLIA EM UZBEQUE

The Bible in Uzbek
Em junho de 2017, o impensável aconteceu: o lançamento público da primeira Bíblia Uzbeque completa na cidade de Tashkent, capital do Uzbequistão, e com isso uma aprovação oficial pelo governo uzbeque. O evento foi organizado pela Igreja Ortodoxa Russa, que desempenhou um papel importante no caminho para a aprovação oficial. Estavam presentes dentre outros representantes de várias igrejas (oficialmente registradas) no Uzbequistão, um representante do Ministério de Assuntos Religiosos. Foi um milagre, porque seis meses antes, todos nós temíamos que a nova tradução tivesse que ser distribuída de maneira “não oficial”. Pode-se imaginar a felicidade da equipe, alguns dos quais trabalharam por cerca de 22 anos nesse projeto.

O caminho para esse evento foi longo. O editor, o Institute for Bible Translation - IBT em Moscou, já havia, durante o período soviético, iniciado uma tradução do Novo Testamento, Gênesis e Salmos. Estes livros foram publicados em 1992, um momento fortuito, logo após o colapso da União Soviética. Missionários se mudaram para o país e o número de crentes usbeques cresceu.

Uma Sociedade Bíblica foi estabelecida, mas levou vários anos até que o novo projeto do Antigo Testamento, iniciado pela IBT e depois unido à Summer Institute of Linguistics - SIL, encontrasse um lugar sob o teto da Sociedade Bíblica local. O consultor da United Bible Society - UBS, Krijn van der Jagt, treinou os tradutores (um professor universitário em língua e literatura uzbeques e duas moças) e as damas exegéticas da SIL, e o resultado foi uma equipe harmoniosa e trabalhadora. Quando Krijn voltou para a região da África, eu assumi.

Foi impossível continuar o trabalho dentro do país. Infelizmente, o clima político começou a mudar rapidamente após os terríveis acontecimentos em Andijan em 2005, nos quais centenas de uzbeques foram mortos por forças do governo. O Uzbequistão começou a expulsar expatriados e os verificadores da SIL estavam entre os muitos estrangeiros que tiveram que sair. Também um dos tradutores, casado com um americano, foi forçado a sair. Era impossível continuar o trabalho dentro do país.

Por cerca de dois anos, a equipe estava tentando encontrar um novo equilíbrio. Os membros da SIL decidiram se estabelecer em um país vizinho, e é onde, nos anos seguintes, as reuniões da equipe foram realizadas. Para os dois tradutores locais, a situação não era boa: o governo e a polícia secreta ficavam de olho em todos os tipos de comportamento subversivo, entre os quais qualquer tipo de “evangelismo” era considerado.

Os cidadãos uzbeques não podiam mais se tornar membros de comunidades cristãs, e as igrejas usbeques tinham que se tornar clandestinas. A polícia secreta invadiu casas de pastores e crentes locais, no melhor dos casos apenas confiscando literatura cristã, computadores e DVDs, no pior caso prendendo e encarcerando pessoas.

Testar os livros bíblicos traduzidos com os leitores e distribuir as traduções dos livros que estavam prontos não eram mais passos óbvios no procedimento. Ainda assim, a equipe continuou seu trabalho com fidelidade e os tradutores dentro do país trabalharam duro para garantir que as traduções fossem adequadamente revisadas e testadas.

Tashkent, Uzbekistan
Mas agora eles têm uma Bíblia em seu próprio idioma e possuir uma cópia não é mais um crime. No final de 2016, uma bela Bíblia Uzbeque foi impressa. Mas ninguém esperava o milagre que aconteceu no primeiro semestre de 2017: o governo aprovou a tradução. Durante as celebrações de junho de 2017, nenhuma das igrejas uzbeques foi oficialmente representada. Somente igrejas oficialmente aprovadas, como as igrejas ortodoxa russa, católica romana, luterana evangélica e batista russa puderam comparecer. As igrejas domésticas nacionais menores do Uzbequistão ainda estão no subsolo. Mas agora eles têm uma Bíblia em seu próprio idioma e possuir uma cópia não é mais um crime. Esperamos e oramos para que os crentes uzbeques sejam um dia livres não apenas para ler as Escrituras, mas também para adorar e cantar.

Marijke de Lang
Assessor de Tradução Global


Por favor, oremos:

  • Pela Sociedade Bíblica do Uzbequistão para envolver as igrejas no amplo uso da tradução.
  • Pelas igrejas clandestinas em países ao redor do mundo.
  • Pelos tradutores que trabalham em projetos atuais em países islâmicos especificamente.
Fonte: The Bible in Uzbek. Disponível em:      Acesso em: 01/05/2018.