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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O AMOR ESFRIOU, MAS O MAL NÃO PODE TRIUNFAR!

“No monte das Oliveiras, achava-se Jesus assentado, quando se aproximaram dele os discípulos, em particular, e lhe pediram: Dize-nos quando sucederão estas coisas e que sinal haverá da tua vinda e da consumação do século.

E ele lhes respondeu: Vede que ninguém vos engane.

Porque virão muitos em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo, e enganarão a muitos.

E, certamente, ouvireis falar de guerras e rumores de guerras; vede, não vos assusteis, porque é necessário assim acontecer, mas ainda não é o fim.

Porquanto se levantará nação contra nação, reino contra reino, e haverá fomes e terremotos em vários lugares; porém tudo isto é o princípio das dores.

Então, sereis atribulados, e vos matarão. Sereis odiados de todas as nações, por causa do meu nome.

Nesse tempo, muitos hão de se escandalizar, trair e odiar uns aos outros; levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos.

E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos.

Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo.

E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim”

Evangelho segundo São Mateus. 24 3 – 14

A frase “o amor esfriou”, essa figura de linguagem, é uma comparação feita entre dois termos com o uso de um conectivo.

Mas a palavra de Jesus, aqui registradas segundo Mateus, um de seus Discípulos, faz parte dos Sermões Proféticos, intitulado “O princípio das dores”.

Jesus nesse sermão apresenta que as guerras, terremotos, perseguições e falsos profetas são os sinais da vinda de Jesus, mas estes sinais indicam somente a certeza do julgamento, e não a data em que ocorrerá.

Tais sinais caracterizam todo o período entre a sua ressurreição e a sua vinda para julgar. Saber quando Jesus retornaria poderia levar os seus Discípulos ao ócio e a frouxidão, em sua vigilância. O “quando” é respondido por Jesus com uma orientação vinculada a uma tarefa: será depois que o evangelho for pregado a todas as nações.

Li um texto recentemente e quero compartilhar com você, pois nos últimos dias temos vivenciado momentos bem angustiantes... eu diria DECEPCIONANTES... desapontamentos...

Muitos que têm se identificado como “CRISTÃOS” não chegam aos pés nem de serem considerados seres humanos. Quanto mais possuírem as QUALIDADES e CARACTERÍSTICAS de CRISTO!

Ocupam vocações, mas são vocacionados? Seria como lançar os porcos no meio das pérolas e não ao contrário, pois na verdade o que temos visto é a inversão de valores. É a politicagem ao invés da política sadia, benéfica que procura relacionar-se com as questões humanas, dos cidadãos, da democracia e não do demonio, palavra criada pelos gregos, que significa a voz interior, ou o deus que vive dentro de nós e nos aconselha tendendo para o mal e pode ser a fonte de ódio.

Os verdadeiros cristãos fazem o bem sem olhar a quem. Abrem a mão direita sem que a esquerda veja. Não maquinam o mal. Não se assentam na rodas dos malfeitores para articularem contra os remidos do Senhor, mesmo que todos estejam sentados na mesma mesa, comendo do mesmo pão. Furtam-se de fazer o bem a quem direito estando em suas mãos o PODER de fazê-lo. Essas palavras não são nossas, mas do sábio Rei Salomão registradas em Provérbios 3. 27. Mas o que temos visto são que aqueles que tem o poder de decidir, por conta dos arranjos políticos, para não se indispor com outrem, e até mesmo por simples maldade do coração, NÃO FAZEM O BEM! Essa é a nossa realidade. Quem tem ouvidos para ouvir e discernir, que ouça e entenda e não compactuem.

Não queremos nos alongar nesse estudo. Vamos deixar o espírito de Deus falar melhor. Pois Ele tem o melhor para nós, sabe o melhor para nós, age por nós e por meio de nós.

Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia. Mateus 10. 12

Mas não se espante, esses são os

SINAIS DOS TEMPOS

O amor vem esfriando na medida em que crescem a iniquidade, o individualismo, o narcisismo

Os discípulos de Cristo, um dia, perguntaram a ele quais seriam os sinais que antecederiam a sua vinda. Ele respondeu esta pergunta numa longa pregação, conhecida como “sermão profético”. Entre os sinais apresentados por Jesus, destaca-se o surgimento de falsos Cristos e falsos profetas, que iriam enganar muitas pessoas. O Filho de Deus falou também de guerras entre as nações e de abalos sísmicos. No entanto, há um sinal que me chama a atenção de forma particular: trata-se daquele que fala do esfriamento do amor. Jesus disse: “E por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos” (Mateus 24.12).

A relação que Jesus apresenta é inversamente proporcional: o crescimento da iniquidade implica no enfraquecimento do amor. Vejam se não é esse o nosso caso. Na medida em que cresce o pecado em suas mais variadas formas, da corrupção ao crescimento da miséria social, da pornografia a todas as formas de banalização sexual, a violência nas ruas e nos lares, o individualismo autocentrado e narcisista, esfria o amor genuíno e sincero no ser humano. Somos uma geração que vem desaprendendo a amar. Não estou me referindo a uma forma platônica de amor ou aos modelos hollywoodianos que enchem nossa sala de estar todos os dias, mas ao amor conforme Deus o revela nas Escrituras. Amor naquela forma como ele mesmo nos tem amado e celebrado uma aliança com seu povo. Provavelmente não há nenhum texto mais completo sobre o amor do que I Coríntios 13, um texto que precisa ser revisitado por nós diante daquilo que vemos todos os dias.

Naquela epístola, Paulo fala de um amor que é paciente, que não se perde diante da primeira crise ou da primeira desilusão; um sentimento bondoso, não ciumento e humilde. Um amor que não se comporta de forma inconveniente, mas é altruísta, e está sempre procurando atender o interesse dos outros e não o seu próprio. É também um amor que não se ira facilmente, que não guarda rancor, que não se alegra com a injustiça, mas que salta de júbilo quando a verdade triunfa. É um amor que sabe que o sofrimento sempre acompanha aquele que ama. Um amor que se sustenta sob fundamentos sólidos e verdadeiros, que não tem a pressa dos egoístas, mas que sabe esperar e possui uma enorme capacidade de suportar adversidades.

Este amor que Paulo nos descreve vem diminuindo e esfriando na medida em que cresce o egoísmo alimentado pelo individualismo da cultura narcisista, onde o que importa sou eu, meus desejos, meus interesses, meu momento, minhas necessidades, minha realização, meus projetos, o que eu penso, quero e preciso.

Os escândalos de corrupção que mais uma vez abalam o país têm, na sua raiz, o mesmo mal. Todos buscam o que é seu e nunca o que é dos outros. A epidemia que hoje toma conta da nação não é a corrupção – ela é apenas mais uma expressão de uma nação, onde a iniquidade cresceu tanto que fez o amor murchar.

Eu nunca fui um desses crentes interessados em decifrar os códigos para adivinhar quando é que Jesus Cristo volta. Tal aritmética não me interessa. Apenas sei que ele voltará, e isso me basta. No entanto, devo confessar que olhando para o cenário do mundo hoje, da própria Igreja, tenho orado por uma intervenção divina e espero que ela aconteça logo, seja na forma de um novo avivamento – daqueles que penetram na raiz do coração humano e o transforma e não esta panacéia religiosa que alguns chamam de “derramamento do Espírito”. Oro por isto porque não é mais possível suportar tanta injustiça, tanta miséria, tanta imoralidade, tanto pecado e pior, DENTRO DA IGREJA.

Oro também para que Deus nos preserve fiéis a ele e à sua Palavra, para que aqueles que reconhecem o amor divino e são alimentados e inspirados por ele cresçam cada vez mais amparando o pobre, cuidando do necessitado, lutando pela justiça, permanecendo fieis aos termos da aliança com Deus e com o próximo. Jesus, naquele sermão profético, afirma que “o amor se esfriará de quase todos”. E é nesta pequena exceção que quero me incluir, a mim e a você, mesmo que sejamos apenas um pequeno remanescente, mas um remanescente que não se curva diante dos Baalins do mundo moderno.

R. B. S.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

PRESBÍTERO - as VERDADEIRAS CARACTERÍSTICAS (Parte III)


MARIDO DE UMA SÓ MULHER


É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher... 1 Tm 3:2

alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher... Tt 1:6-7

Introdução

Esta qualificação é uma das mais polêmicas. Desde os primórdios da igreja os exegetas tentam descobrir exatamente o que Paulo quer dizer com o seu "marido de uma só mulher". A qualificação aparece nas duas listas. Vamos aos comentários. É importante observar que pode-se tirar um ensinamento baseado na soma dos comentários. A maioria deles vai para direções semelhantes, sendo que talvez o de Jamieson, Fausset e Brown seja o que mais saia do padrão dos outros e o de MacArthur seja o mais interessante e surpreendente. Mas veja por você mesmo. Coloquei em negrito as afirmações que mais resumem a posição do comentarista, portanto todos os grifos são meus.

Os comentários foram listados em ordem alfabética.

Grego

Em 1 Timóteo μιαζ γυναικοζ ανδρα - mias ginaikos andra

Strongs - (não trabalha com expressões)

Rienecker e Rogers – "marido de uma mulher". A frase difícil significa provavelmente que ele tem apenas uma esposa de cada vez.

Em Tito μιαζ γυναικοζ ανηρ - mias ginaikos aner

Strongs - (não trabalha com expressões)

Rienecker e Rogers – (-)

Comentários

Broadman – O que exatamente isso significa permanece em disputa. Cinco interpretações têm sido sugeridas: (1) Fiel à sua única esposa; (2) casado com uma esposa de cada vez, isto é, monógamo; (3) casado só uma vez, isto é, não recasado depois de um divórcio ou a morte da esposa; (4) nunca divorciado e (5) necessariamente casado. Apesar de Paulo ter se oposto àqueles que proibiam o casamento, a última opção contradiria seus pontos de vista em 1 Coríntios 7 onde ele desencoraja o casamento "por causa da angustiosa situação presente". A antiga tradição contrária ao novo casamento tenderia a favorecer o terceiro ponto de vista, mas o encorajamento dado a Paulo ao segundo casamento de viúvas em 5:14 depõe contra. A natureza genérica das instruções faz com que o primeiro ou o segundo pontos de vista sejam os mais prováveis. Poligamia tanto entre os judeus como entre os gentios era extremamente comum; infidelidade no casamento era quase que um hábito pagão. Paulo insiste em fidelidade ao laço matrimonial.

D. A. Carson - Em alguns aspectos essa é a mais difícil ou disputada qualificação da lista. Ela tem sido interpretada de diversas formas. Alguns pensam que significa que este homem deve ser casado - que ele deve ser um marido. Essa interpretação é altamente improvável. Está claro que Paulo não era casado, pelo menos naquele momento da vida dele, e certamente o Senhor Jesus nunca foi casado. Em 1 Coríntios 7, Paulo reconhece que há certas vantagens em ser solteiro no ministério. (...) Assim há vantagens em ser solteiro no ministério, e a condição de solteiro não deveria ser menosprezada. É altamente improvável que esse texto, então, estipule que um presbítero tenha que ser casado.

Algumas pessoas acham que esse verso sugere que o presbítero / pastor / bispo é proibido de casar-se novamente, se, por exemplo, sua primeira esposa falecer: ele deve ser o marido de só uma esposa, diria essa interpretação, não importa quanto tempo ele ou ela vivam. Mais uma vez, isso também é improvável. Em Romanos 7, Paulo insiste que não há nada desonroso em casar-se novamente, casando-se com um cônjuge cristão, depois que o primeiro faleceu. Certamente ele não dá nenhuma indicação de que tal passo é inconcebível no caso de um presbítero.

Alguns acreditam que esse verso ensina que um ancião não pode ser um divorciado que recasou. A Bíblia certamente adverte de várias formas contra o divórcio. Mas também é muito importante não fazer do divórcio o pior pecado no horizonte, o pecado imperdoável, o pecado contra o Espírito santo. Alguns tentaram impor uma proibição contra qualquer um que já tenha estado divorciado em algum momento da sua vida de tornar-se ministro do evangelho. Assim, ele poderia ter sido um assassino, e então pago a dívida dele à sociedade, saído da prisão e ter sido convertido e ter se tornado um ministro do evangelho. Mas se ele já esteve divorciado, ele não pode entrar no ministério - o que de alguma forma projeta uma imagem do divórcio como sendo o pecado imperdoável. O ponto em que o divórcio desqualifica uma pessoa para o ministério, me parece, está ligado a uma categoria que nós já discutimos: "um presbítero deve ser irrepreensível". É algo ligado à credibilidade; ou, ainda, um pouco mais adiante, "ele deve governar bem sua própria casa." Há uma preocupação quanto a alguém cuja vida rachou no seu matrimônio, e então, três meses depois, sente-se qualificado para estar de volta ao ministério. Mas alguém diria que ele se arrependeu, afinal de contas, e o evangelho é sempre algo relacionado ao perdão, não é? A Bíblia claramente tem algo mais severo a dizer do que isso. Divórcio não é o pecado maior, nem é o pecado imperdoável, contudo pode desqualificar uma pessoa para o ministério precisamente pelo tanto que destrói da credibilidade dela. Há mais que eu poderia dizer, mas o divórcio simplesmente não é o tema dessa qualificação.

Algumas pessoas interpretam esse versículo de forma que ele signifique que um ancião não deve ser um polígamo; ou seja, não pode ser alguém que se casa com duas ou mais esposas. As pessoas contestam essa interpretação dizendo que ninguém na igreja cristã teria se casado com duas ou três esposas; assim por que isso deveria ser estipulado? Além disso, se discute que no primeiro século a poligamia não era algo tão comum. Por que então estabelecer essa restrição particular? Entretanto, pode ser mostrado que havia mais poligamia no primeiro século do que algumas pessoas pensam, especialmente nas classes sociais em que as pessoas se sentiam acima da regra comum. Herodes o Grande teve dez esposas. Bem, ele não as teve todas de uma vez porque ele assassinou duas delas, mas ele teve várias ao mesmo tempo. (...) Mas na igreja, é o contrário: poligamia o desqualifica para a liderança.

(...) Até onde vai o assunto de que Paulo trata aqui - o tema da poligamia - os polígamos estão simplesmente excluídos. Uma das razões é que, na Bíblia, o casamento é apresentado não só como uma instituição social, mas como um modelo, um "tipo", da relação entre o Cristo e a "sua noiva", a igreja - e Cristo não tem muitas noivas, muitas igrejas. O matrimônio é um tipo da relação entre Cristo e o seu povo, a igreja. Assim há algo a ser modelado a respeito de Cristo e da igreja, pelo marido e pela esposa, e assim por uma estrutura de matrimônio não só caracterizada por fidelidade e integridade, mas também pela monogamia. De qualquer forma, Paulo exclui o polígamo da possibilidade de ser pastor / bispo / presbítero.

Jamieson, Fausset e Brown – refutando o celibato do sacerdócio romano. Apesar dos judeus praticarem poligamia, ele está escrevendo para uma igreja gentílica, e como a poligamia nunca foi permitida nem mesmo entre leigos na igreja, a antiga interpretação que a proibição aqui é contra a poligamia em um candidato a bispo não está correta. Deve, portanto, significar que, mesmo que leigos possam se casar novamente de forma legítima, seria melhor que candidatos ao episcopado ou presbitério fossem casados somente uma vez. Como em 1 Tm 5:9, "esposa de um só marido", implica em uma mulher casada uma única vez; portanto "marido de uma só mulher" aqui deve significar a mesma coisa. O sentimento que prevalecia entre os gentios, bem como entre os judeus (compare com Ana em Lc 2:36-37), contrário a um segundo casamento, teria feito com que Paulo, baseado na conveniência e conciliação em coisas indiferentes e que não envolvessem o comprometimento de um princípio, colocasse uma proibição no caso daqueles que ocupassem uma posição tão proeminente como bispo e diácono. (...) O concílio de Laodicéia e os cânones apostólicos desaprovavam segundos casamentos, especialmente em caso de candidatos à ordenação. É claro que, como o segundo casamento era legítimo, o seu caráter indesejável só se sustenta sob circunstâncias especiais.Está implícito aqui também, que aquele que tem uma esposa e uma família virtuosa é preferível a um solteiro; porque aquele que está obrigado a desempenhar os deveres domésticos mencionados aqui, tem uma probabilidade maior de ser mais atraente para aqueles que têm compromissos semelhantes, porque ele os ensina não só por preceito, mas também pelo exemplo (1 Tm 3:4,5). Os judeus ensinam que um sacerdote não deve ser nem não casado, nem sem filhos, para que não seja inclemente [BENGEL]. Portanto, na sinagoga, "ninguém deve apresentar uma oração em público, a não ser que seja casado"[em Colbo, cap. 65; VITRINGA, Sinagoga e Templo].

João Calvino – (...) Uma das exposições mais aceitas é de que aquele que é aceito para este ofício não deve ser alguém casado mais de uma vez, depois que a primeira esposa falece. Mas tanto aqui como em Tito 1:6, as palavras do apóstolo são "seja" e não "tenha sido". E nesta mesma epístola, quando ele fala de viúvas, (1 Tm 5:10), ele expressamente utiliza o tempo passado. Além disso, dessa forma ele contradiria a si mesmo; porque em outro ponto ele diz que não pretendia enredar as consciências.

A única exposicão verdadeira, portanto, é a de Crisóstomo, que em um bispo ele expressamente condena a poligamia que, naquele tempo, os judeus quase consideravam como legal. (...) Poligamia era bastante prevalente entre eles e, portanto, com grande propriedade Paulo especifica que o bispo deveria estar livre dessa mácula.

Entretanto eu não desaprovo aqueles que acham que o Espírito Santo pretendia prevenir-se contra a superstição diabólica que viria posteriormente; como se Ele dissesse: "A imposição do celibato aos bispos está longe de ser certa e apropriada visto que o casamento é um estado grandemente conveniente para todos os crentes." Desta forma, ele não o exigiria como algo necessário para eles, mas louvaria-o como não inconsistente com a dignidade do ofício. No entanto, a visão que já apresentei anteriormente é mais simples e mais sólida, que Paulo proíbe a poligamia em todos que detém o ofício de bispo, porque é a marca de um homem impuro, e de alguém que não observa a fidelidade conjugal.

John Gill – Esta regra não torna necessário que ele tenha uma esposa, ou que ele não deva se casar, ou não tenha se casado com uma segunda esposa após a morte da primeira. Apenas se ele se casar ou for casado, que ele só tenha um esposa de cada vez, de forma que esta regra exclui do ofício de presbítero, pastor ou bispo das igrejas quaisquer pessoas que sejam polígamas, que tenham mais de uma esposa ao mesmo tempo, ou que tenham se divorciado de suas esposas, e não por causa de adultério, e tenham casado com outras. Poligamia e divórcio tinham ganhado terreno entre os judeus. E estes quando criam não podia facilmente e de repente ser separados delas. E mesmo sendo ilegítimo e não permissível para todos, era especialmente inconveniente e escandaloso para oficiais da igreja.

John MacArthur – literalmente em grego "homem de uma mulher só". Isso nada tem a ver com casamento ou divórcio. O ponto não é o estado civil do presbítero, mas a sua pureza sexual e moral. Esta qualificação encabeça a lista porque é nessa área que líderes são mais inclinados a falhar. Muitas interpretações para esta qualificação têm sido dadas. Alguns a vêem como uma proibição contra a poligamia, uma injunção desnecessária já que a poligamia não era comum na sociedade romana e claramente proibida pelas Escrituras (Gn 2:24), pelo ensino de Jesus (Mt 19:5,6; Mc 10:6-9) e de Paulo (Ef 5:31). Um polígamo sequer poderia ser membro da igreja, que dirá um líder da igreja. Outros vêem este requisito como barrando aqueles que se casaram novamente após a morte de suas esposas. Mas, como já frisei, a questão é de pureza sexual e não de estado civil. Além disso, a Bíblia encoraja o novo casamento após a viuvez (1 Tm 5:14; 1 Co 7:39). Alguns crêem que Paulo exclui os homens divorciados da liderança da igreja. Essa posição também ignora o fato de que esta qualificação não lida com estado civil. A Bíblia também não proíbe todo novo casamento após o divórcio. Finalmente, alguns acham que este requisito exclui homens solteiros da liderança da igreja. Mas se esta era a intenção de Paulo ele teria dequalificado a si mesmo (1 Co 7:8). Um "homem de uma mulher só" é aquele que é totalmente dedicado à sua esposa, mantendo singular devoção, afeição e pureza sexual tanto em pensamento como em atos. Violar isso é perder a irrepreensibilidade (Tt 1:6,7).

Matthew Henrynão pode ter dado carta de divórcio a uma, e tomado outra, ou não pode ter diversas esposas ao mesmo tempo, como era comum naquele tempo tanto entre judeus como entre gentios, especialmente entre gentios.

(Em Tito) ou seja, ao mesmo tempo, não ser um bígamo; não que ele não possa ser casado com mais de uma esposa sucessivamente, mas, sendo casado, ele deve ter apenas uma esposa por vez, não duas ou mais, de acordo com a prática pecaminosa comum daqueles tempos, por uma perversa imitação dos patriarcas, de cujo mau costume nosso Senhor ensinou uma reforma. Poligamia é escandalosa em qualquer pessoa, como também ter uma prostituta ou concubina junto com a sua esposa oficial; ou qualquer comportamento libidinoso devasso, deve estar muito distante daqueles que pretendem entrar na função sagrada.

New American Commentary – A tradução da NVI "marido de uma só mulher" implica que Paulo estava proibindo a poligamia entre os bispos. Uma prática assim seria tão palpavelmente inaceitável entre cristãos que parece quase desnecessário proibi-la. É melhor não ver Paulo escrevendo primariamente em oposição à poligamia. Alguns acham que Paulo estava exigindo que o bispo fosse um homem casado. Entretanto, a própria condição de solteiro de Paulo (1 Co 7:7-8) e a sua recomendação positiva da condição de solteiro (1 Co 7:1,32-35) parece indicar ser admissível que um homem solteiro sirva como um líder na igreja. Outros acham que a passagem exclui o novo casamento caso a primeira esposa venha a falecer, mas Paulo claramente permite o novo casamento em outras passagens (1 Tm 5:14; Rm 7:2-3; 1 Co 7:39). Suas afirmações aqui não deveriam contradizer a permissão ao novo casamento que ele mesmo deu em outras passagens. Outra interpretação é o entendimento de que Paulo estava proibindo um homem divorciado de servir como líder da igreja. Apesar deste poder ser o sentido que Paulo quis dar aqui, a linguagem é geral demais para tornar esta interpretação precisa. Alguns estudiosos do Novo Testamento sugerem que há passagens do Novo Testamento que parecem permitir o divórcio (Mt 19:9; 1 Co 7:15).

Parece melhor ver Paulo exigindo que o líder da igreja seja fiel à sua única esposa. O grego descreve o bispo literalmente como "um homem de uma mulher só". Lenski sugere que o termo descreve um homem "que não pode ser acusado no campo da promiscuidade e permissividade sexual". Glasscock utiliza o entendimento de Lenski para apoiar sua visão de que um homem divorciado pode servir como líder na igreja se ele for totalmente devotado à mulher com quem se casou. Sua aplicação proíbe um homem monogâmico que é conhecido por ser um paquerador de servir em uma posição de liderança. Glasscock não pretende encorajar o divórcio ou a presença de homens divorciados no ministério. Ele sugere que não devemos sustentar os pecados pré-conversão de um homem contra ele (Cl 2:13). Se Paulo quisesse proibir claramente o divórcio, ele poderia ter dito inequivocamente usando a palavra grega para divórcio (apolyo, cf. Mt 1:19).

William MacDonald – Esse requisito é compreendido de várias formas. Alguns sugerem que um bispo deve ser casado. O argumento é que um homem solteiro não teria a amplitude de experiência apropriada para tratar de eventuais problemas familiares. Se essa expressão significa que o bispo deve ser casado, seguindo a mesma linha de raciocínio, deve-se também argumentar no versículo 4 que um ancião precisa ter filhos.

Outros acham que esposo de uma só mulher significa que, se a primeira esposa do bispo morrer, ele não pode se casar de novo. É uma interpretação muito restritiva que pode provocar reflexão sobre a santidade do relacionamento conjugal.

A terceira interpretação afirma que um bispo não deve ser divorciado. Essa visão tem considerável mérito, embora não pareça ser uma explicação completa.

Outra visão sustenta que o bispo não deve ser culpado de nenhuma infidelidade ou irregularidade em seu casamento. Sua vida moral deve estar acima de qualquer suspeita. Isso certamente é verdade, por mais variadas interpretações que a passagem possa trazer.

A última interpretação sugere que um bispo não pode ser polígamo. Pode parecer uma explicação estranha, mas tem muito valor. Nas missões atuais, acontece muitas vezes de polígamos serem salvos. (...) A solução de Deus para um problema como esse jamais seria remediar um pecado causando outros piores. Missionários cristãos em diversos locais solucionam o problema permitindo ao homem ser batizado e recebido na igreja local; mas ele nunca poderá ser presbítero enquanto for polígamo.

(Em Tito) Certamente, a frase marido de uma só mulher significa que o presbítero não pode ser polígamo, nem ter outra companheira ou amante. Em suma, afirma que sua vida de casado deve ser um exemplo de pureza ao rebanho.

Conclusão

Para começar, percebe-se que há algumas divergências entre os comentaristas. A poligamia certamente está excluída. Os divorciados ficam em situação delicada, especialmente os que não se divorciaram por causa de adultério da outra parte. Apenas um dos comentários acha que casar de novo após a viuvez seja um elemento de desqualificação.

Aparentemente, a única coisa que poderia-se dizer com certeza é que um homem casado uma única vez e fiel à sua esposa passa no teste. Porém, talvez nem este passe para John MacArthur e para o New American Commentary. Porque não basta ser casado e fiel externamente, mas ele precisa ser um homem que só tem uma mulher diante de seus olhos e diante do seu coração: a sua esposa.

O que dizer dos solteiros? Don Carson é o que mais defende a possibilidade do presbítero ser um homem solteiro. Mas não parece ser uma situação ideal. A impressão que fica é que é possível, mas não é comum. Parece que Jamieson, Fausset e Brown vão nessa linha. Solteiros e divorciados, se aceitos, claramente são exceções. Deve haver outros bons motivos para aceitar um homem solteiro como presbítero. Talvez o principal seja que ele tenha realmente o dom de ser solteiro de 1 Coríntios 7. Certamente, eu aceitaria de bom grado um John Stott como presbítero na minha igreja. Mas ele é uma exceção que comprova a regra.

A posição de MacArthur é interessante. Ele traz tudo para o campo da pureza sexual e do compromisso com a aliança do casamento. O presbítero é alguém que encontrou uma esposa e deixou de ter olhos para outras mulheres. Ele é dedicado àquela única mulher. MacArthur enfatiza muito o grego original: "homem de uma mulher só". Homens maduros não tem a sua sexualidade exacerbada de maneira que sejam incontinentes e facilmente tentáveis nesse campo. Homens assim ainda apresentam traços de comportamento adolescente e portanto precisam amadurecer. Aí MacArthur tem um ponto. O New American Commentary cita Lenski: "que não pode ser acusado no campo da promiscuidade e permissividade sexual" e aponta que o presbítero não pode ser um paquerador, um flertador, alguém que está sempre em uma atitude de "conquistador" em relação a outras mulheres. Pode-se estender este raciocínio e excluir homens que, por exemplo, lutam com a pornografia em suas vidas. Há outras mulheres chamando a atenção deles e, por isso, eles não podem ser considerados, de fato, "homens de uma mulher só". O coração deles está dividido sexualmente e há espaço para outras mulheres na sua sexualidade, mesmo que seja só visualmente.

Portanto, pode-se dizer que o presbítero deve ser um homem maduro na sua sexualidade e no seu compromisso e fidelidade à sua esposa. Isso poupa a igreja de grandes riscos, como alertou MacArthur: "Esta qualificação encabeça a lista porque é nessa área que líderes são mais inclinados a falhar." O casamento do presbítero é belo e exemplar, adequado modelo do Evangelho (Ef 5:25-32). Viúvos, solteiros e divorciados são exceções e precisam ser analisados caso a caso, inclusive no aspecto da pureza sexual e moral. Na grande maioria das vezes, o presbítero é um homem casado e marido exemplar.

Próximo Artigo: Não Irascível


Fontes

Comentário Bíblico Popular – Novo Testamento – William MacDonald – Ed. Mundo Cristão
The Broadman Bible Commentary – Broadman Press
The MacArthur Bible Commentary – Thomas Nelson Publishers
Bíblia OnLine 3.00 – SBB
Definindo o que são presbíteros – artigo de D.A.Carson - http://www.bomcaminho.com/dac001.htm
The New American Commentary – Broadman Press
Chave Linguística do Novo Testamento Grego – Ed. Vida Nova

Tradução (onde necessário): Juliano Heyse