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segunda-feira, 30 de março de 2015

A SEMANA SANTA

Entrada triunfal de Jesus em Jerusalém
Pintura afresco de Igreja em Assis - Pietro Lorenzetti
Pintor pré-renascentista italiano (c.1280-1348)

Depois do Domingo de Ramos, assim chamado, pois no momento da entrada de Jesus, montado na jumenta, o povo de Jerusalém cortou “ramos” de palmeiras e de outras árvores, outros estendiam seus mantos, seus melhores tecidos para que o Rei dos Judeus pudesse entrar triunfalmente em Jerusalém, a Cidade Santa (Mateus 21. 1-11; Lucas 19. 28-38; e, João 12. 12-19), chegamos ao Tríduo Pascal, do latim Triduum Paschal, o momento intermediário entre o Domingo de Ramos e o Domingo da Páscoa. O Tríduo Pascal é o conjunto de três dias celebrados no Cristianismo, composto pela:

·  - Quinta-Feira Santa - dia em que são relembrados os gestos de Jesus durante a Última Ceia: a Instituição da Eucaristia (Ceia), o exemplo do Lava-pés. É neste momento que Judas Iscariotes sai para entregar Jesus por trinta moedas de prata. E é nesta noite em que Jesus é preso, interrogado e, no amanhecer da sexta-feira, açoitado e condenado. (João 13 – 17).
     -  Sexta-Feira Santa – é o dia em que Jesus é açoitado, crucificado e morto. (João 18 – 19)
·   - Sábado (Vigília Pascal) – é o dia da espera (Lucas 23. 56b). Os cristãos junto ao sepulcro de Jesus aguardam sua ressurreição. No final deste dia é celebrada a Solene Vigília Pascal, a mãe de todas as vigílias, como disse Santo Agostinho é a véspera do Domingo de Páscoa. É celebrado em memória da Paixão, morte e ressurreição de Jesus, conforme os Evangelhos.

Por que “Semana Santa”? Por causa do sofrimento a que foi submetido o Filho de Deus. Santa não pelo sofrimento em si, mas pela causa que levou o Sinédrio a impor-lhe tanto sofrimento: a salvação da humanidade. Santa, pois o Pai aceitou concordar com o sacrifício do seu único Filho. Foi o maior gesto de amor do Pai para com o Filho
Muitas denominações cristãs celebram essas datas, que é tão importante, e eu ouso em dizer que são as datas mais importantes do cristianismo, tanto quanto o Natal.
O ano litúrgico estaria incompleto sem a celebração do Domingo de Ramos e da Paixão, pois a sua importância na história da salvação é confirmada por todos os quatro Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João). A SEMANA SANTA comemora a última semana na vida terrena de Jesus Cristo. Além do Domingo de Ramos e da Paixão, inclui outros dias importantes: a Quinta-Feira da Ceia do Senhor, a Sexta-feira da Paixão e o Sábado, a Vigília Pascal.
Que possamos, não apenas na Semana Santa, relembrar o sacrifício vicário de Jesus por nós, mas que possamos vivenciá-lo diariamente em nossas VIDAS. Que não sejamos apenas ouvintes da Palavra, mas praticantes. Vivendo um Evangelho verdadeiro, íntegro e sincero, sem hipocrisias, sem falsidades, sem mentiras... O que somos na Igreja, o que falamos na Igreja, o que cantamos e o que lemos na Bíblia, devemos fazer em casa, em nosso trabalho, em nossa escola/faculdade... aonde estivermos, vivendo um Evangelho sem máscaras.
Que Ele nos ajude. Amém.

Diác. Nelson de Paula Pereira +

nelsondepaula@yahoo.com.br

quinta-feira, 19 de março de 2015

COMEÇAR TUDO DE NOVO



"Porque o perdão refaz tudo o que o pecado estraga. Com o perdão dá para SEMPRE COMEÇAR TUDO DE NOVO..." 

Mas são poucos os que perdoam sinceramente, logo não perdoaram de fato. Ninguém que perdoa está contrito a COMEÇAR TUDO DE NOVO. Quer perdoar (se de fato ou não), mas COMEÇAR TUDO DE NOVO, dar uma nova oportunidade, acreditar na mudança do outro, RECOMEÇAR... isso ninguém quer fazer.


Deus perdoa e esquece e "recomeça" com você. O homem perdoa (de fato ou não), mas não esquece, logo não quer COMEÇAR TUDO DE NOVO...não quer RECOMEÇAR. 


E então, perdoou? Eis o desafio para a QUARESMA que está se aproximando do fim. 


Deus te abençoe. E que o Evangelho seja completo em sua vida, não apenas no que lhe convém e da forma que você interpreta.

O CEGO SOU EU!

(Jesus curando o cego. 1570. Por El Greco, atualmente na Gemäldegalerie Alte Meister, em Dresden, na Alemanha)

Leituras introdutórias: 1º Sm 16,6-7 e 10-13 / Sl. 22(ou 23) / Ef 5. 8-14 / Jo 9,1-41 ou 9,1.6-9.13-17.34-38
       Com o decorrer da Quaresma fica claro que o cristão batizado tem um compromisso com seu Batismo de empenhar-se no desenvolvimento da fraternidade entre as pessoas, na sociedade e na comunidade cristã. Trata-se de verdadeiro serviço.
A primeira leitura apresenta um rei que não soube usar o seu posto para servir às necessidades do povo. Desgostou ao povo e a Deus. Foi providenciada a sua substituição por alguém que se mostrasse mais sensível aos necessitados. Esse alguém foi Davi, último de oito irmãos, acostumado ao serviço de cuidar do rebanho. Porque Deus não considera as aparências, mas o coração das pessoas. Deus queria alguém que fizesse de seu posto um compromisso com os mais necessitados.
O episódio do cego é revelador da profunda lição que Jesus pretendia desenvolver. Normalmente, costumamos jogar para cima dos outros as lições a aprender. Mas, na verdade, a lição é para nós batizados. O pior cego é aquele que não quer ver. Tolo é o que se faz de cego para não ver o que precisa ser visto. Cego é o cristão (a comunidade) que perdeu de vista seu compromisso batismal de servir à construção da fraternidade. Cego é o cristão (a comunidade) que, em seu relacionamento com as demais pessoas, não leva em consideração que somos irmãos e irmãs. Cego é o cristão (a comunidade) que nada vê, a não ser os seus próprios interesses egoístas; que usa as pessoas para sua própria ambição; está cego, sem a luz do amor.
A Quaresma quer abrir os olhos desses cristãos e comunidades. Nesta Quaresma, é necessário voltar-nos para a luz que é Cristo ("Quem me segue não anda nas trevas"), para que a luz de Cristo ilumine a caridade escurecida nos corações; para redescobrirmos que a caridade é serviço. O mundo ainda não descobriu Cristo, não tanto pela cegueira dele, mas pela nossa. Os pobres não conseguem ainda ver Cristo, não porque eles estejam cegos, mas porque nós não fazemos do serviço fraterno o testemunho luminoso da presença de Cristo.
Quem tiver algum posto ou cargo de autoridade precisa enxergar nele mais do que uma oportunidade de se beneficiar; precisa enxergar a chance de melhor servir aos irmãos, a começar dos mais pobres. O país começará a melhorar, quando melhor ficar a vida dos mais pobres. Enquanto melhorar só para os que já têm, não está acontecendo a nova sociedade.
O cristão que abre os olhos para o projeto de fraternidade do seu Batismo torna-se testemunho ativo do serviço fraterno.
O gesto concreto da Quaresma precisa ser sinal bem claro que demonstre que o cristão está abrindo os olhos e descobrindo novamente o significado de seu compromisso com a fraternidade, em decorrência do seu Batismo.

Que Deus nos ajude e que nós façamos a nossa parte.

quinta-feira, 12 de março de 2015

PERDÃO DADO, PERDÃO RECEBIDO

(meditação da 3ª semana da Quaresma)

O Apóstolo Pedro , na sua espontaneidade, era como nós: achava que o perdão era artigo de quantidade; quando , na verdade, é questão de qualidade (Mt 18, 21-35). Porque o perdão deve ser dado sempre: "É assim que o meu Pai que está no céu fará com vocês, se cada um não perdoar de coração, a seu irmão." (Mt 18, 35). Sem a desculpa de que "ele não merece". Realmente ninguém merece, porque o perdão tem que ser dado.
"Ele me ofendeu. Portanto ele deve me pedir perdão." Também não é assim. Cristão de verdade, irmão mesmo é quem dá o primeiro passo para o perdão reconciliador, embora tenha sido o ofendido. Qualquer ato que não seja inspirado no amor é indigno da pessoa. "Sejam perfeitos como o Pai do céu é perfeito." (Mt 5, 21) O amor é uma experiência forte de Deus. A fragilidade do irmão pobre é o estímulo para a ação amorosa.
A condição para receber o perdão foi estipulada pelo próprio Jesus Cristo. Preto no branco, Jesus afirma - e nunca mudou de ideia - que, para receber o seu perdão e do Pai, é preciso, que, antes, os irmãos se perdoem mutuamente. Não há escapatória.
O amor do Pai pela humanidade nos provoca ao amor, como a águia que voa sobre o ninho para desafiar os filhotes a voar.
Toda humanidade deve confiar no perdão do Pai. O perdão do Pai é fruto da misericórdia. Então é importante confiar na misericórdia do Pai. Essa confiança é a base para receber o perdão. Nós não podemos cansar de pedir perdão, porque o Pai nunca se cansa de perdoar. Que esplêndida afirmação para alimentar a nossa confiança!
Certa vez, respondendo à consulta do Apóstolo Pedro sobre quantas vezes perdoar (Mt 18, 21-22), Jesus afirmou que a condição é perdoar sempre antes de pedir perdão.
Em seguida, Jesus continua o assunto com a parábola do servo cruel (Mt 11, 23-34). Primeiro destaca a força da palavra "compaixão" usada pelo patrão comovido. Na língua grega, compaixão é chegar até as entranhas. Entranhas é o útero materno, onde silenciosamente se constrói o ser humano. Portanto, o perdão deve brotar lá dentro, no lugar da geração da vida.
Terminada a parábola, Jesus é taxativo sobre a condição de receber o perdão: "[...] se cada um de vocês não perdoar de coração o seu irmão". Aqui o destaque é para o prefixo "per" da palavra perdão: significa intensidade, profundidade, portanto, "perdoar do fundo do coração".
Lucas registra outra oportunidade, quando tratava da misericórdia e da gratuidade: "[...] perdoem e serão perdoados [...]" (Lc 6, 37-38).
Notei que um estimado amigo, na hora do Pai Nosso, se calava neste trecho: "[...] perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido" [...]. Perguntei por que motivo, ele respondeu que não queria se comprometer com Deus, porque não perdoava aos seus ofensores. Expliquei-lhe que o Pai Nosso ou se ora e vive por inteiro ou não se ora.
Na verdade, o Pai Nosso expressa primeiro a própria relação de Jesus com Deus, o Pai. Depois acena para a nossa relação com o Pai como filhos e filhas. Por fim, Jesus se inclui no "nosso", porque Ele é o nosso irmão, afinal o Pai d'Ele é o mesmo que o nosso. Portanto, a nossa relação com Deus tem sua base em nosso relacionamento de irmãos.
"Sem o perdão, o mundo não existiria mais!"
Na verdade, dar o perdão é difícil. Não é para os fracos na fraternidade. Claro! É um ato que expressa o imenso amor do Pai por nós. Deverá ser também o ato de maior expressão do amor entre nós. Quem perdoa dá o testemunho de que seu coração está na linha do coração do Pai do amor.
Por fim, sem dúvida, só o ensinamento do perdão e sua prática pela humanidade justificaria a vinda de Jesus ao mundo.

(PEREIRA, Augusto César. Meditando a Palavra. São Paulo: Paulus, 2015, p. 98-100)