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domingo, 27 de setembro de 2020

FAZENDO AOS OUTROS

 Domingo, 27 de setembro de 2020

O Uso da Lei por Deus

Leitura Bíblica: Êxodo 20: 12-20

 

"Não tenha medo; porque Deus veio apenas para te testar e colocar o temor dele sobre ti, para que não peques”. Êxodo 20:20

 As Escrituras de hoje nos encontram no meio dos Dez Mandamentos. Já nos foi dito para não termos deuses ou ídolos diante do Senhor, para manter o nome de Deus santo e para lembrar o sábado. Estes primeiros mandamentos tratam do nosso relacionamento com Deus; agora podemos ouvir sobre os desejos de Deus para nossos relacionamentos com os outros. Honrar nossos pais e não matar, cometer adultério, roubar, mentir ou cobiçar. A esta altura, os israelitas estão nervosos com qualquer outra direção vinda diretamente de Deus e pedem a proteção de Moisés.

Moisés os lembra de que esses mandamentos são para o seu próprio bem; Deus os deu para impedir o povo de Deus de pecar. Para relacionamentos frutíferos com outras pessoas, eles devem guardar esses mandamentos. Essa orientação era uma boa notícia há três mil anos; agora, hoje, são boas notícias também. Nosso relacionamento com os outros seria muito mais saudável se pudéssemos seguir essas leis?

 

Ó Deus, dá-nos a força para viver de acordo com os teus mandamentos, para que os nossos companheiros peregrinos tenham uma melhor experiência da vida abundante que você deseja para eles. Amém.




Rev. Dr. Charles B. Hardwick

Pastor Presbiteriano ordenado pela Presbyterian Church (PCUSA) e atualmente Diretor Interino do Synod of the Covenant - PCUSA.

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

RITUAL PARA UM PACIFICADOR VITALÍCIO - PAZ INTERIOR

Rev. Martin Luther King Jr (1929-1968), Dalai-Lama, Nelson Rolihlahla Mandela (1918-2013), Mohandas Karamchand Gandhi (1869-1948), Madre Tereza de Calcutá (1910-1997), os PACIFICADORES


"... em tudo, por meio da oração e da súplica, com ação de graças, os seus pedidos sejam apresentados a Deus". Filipenses 4. 6.

Espalhados pelo terreno da Chautauqua Institution, no sudoeste do Estado de Nova York, há mais de 20 “polos da paz”. Durante a temporada de verão, do lado de fora do Salão das Missões e do outro lado da calçada de tijolos do Salão da Filosofia, as pessoas se reúnem diariamente em um desses pólos de paz às 8h55min para um culto de oração de cinco minutos pela paz.

Orações pela paz - feitas diariamente - em cinco minutos de ritual: não há muito tempo para transformar um mundo repleto de conflitos violentos! Mesmo assim, penso em Bob.

Todo verão, enquanto estava em Chautauqua, mesmo em seus noventa anos, Bob fielmente deixava a mesa do café da manhã para fazer a caminhada para participar, adicionando sua presença, suas orações àquela Oração pela Paz diária. Esse ato consistente, esse ritual, era um microcosmo de toda a vida de Bob, e continua a me lembrar do poder que esse tipo de consistência pode trazer ao impulsionar nosso compromisso individual com a paz.

Em seu papel como executivo denominacional de alto nível na United Church of Christ, Bob passou toda a sua vida na linha de frente, trabalhando pela paz. Bob trabalhou pelos direitos civis e pelo movimento anti-guerra na década de 1960, desenvolveu materiais de educação cristã em apoio ao movimento de libertação das mulheres, linguagem inclusiva e direitos LGBT. Ele viajou para a África do Sul durante a época do apartheid e esteve totalmente envolvido nas conversas nacionais sobre questões de paz e justiça até o início deste século. Ele continuou a marchar contra a pena de morte por décadas após a aposentadoria.

Bob era um homem gentil e atencioso, que acreditava em confrontar os principados e potestades de seu tempo de forma não violenta, com humildade, graça, amor e uma persistência fundamentada na aceitação teológica da “paz que ultrapassa todo entendimento” de Deus e no conhecimento dessa paz está intimamente ligado ao chamado divino de “deixar a justiça rolar como água, e a retidão como um riacho que sempre flui”. Bob entendeu que nossa “justiça” diante de Deus é buscar um “relacionamento correto” com a Presença Divina, um relacionamento que traz paz ao buscarmos justiça em um mundo quebrado e destruído. Toda a sua vida foi um testemunho dessa verdade. Bob incorporou o evangelho em sua vida pessoal, familiar, comunitária e pública de uma forma que teve impactos profundos e de longo alcance na vida das pessoas ao seu redor e além.

A busca pela paz não é algo “único” ou momentâneo. Cada geração deve aprender novamente como viver uma vida enraizada na mensagem do evangelho do Príncipe da paz. É em uma jornada de discipulado de toda uma vida que conhecemos a justiça e a paz de Deus.

Prática para pacificadores: Reserve cinco minutos hoje para refletir e orar sobre as necessidades de ações pacificadoras em sua comunidade e no mundo. Reserve cinco minutos amanhã e faça o mesmo. À medida que você continua ao longo deste estudo de um mês, considere se a oração e o ritual podem ajudar a capacitá-lo a fazer mais no trabalho pela justiça e paz.

Oração: Deus sempre presente, em nossas orações e súplicas, renova-nos para as tarefas de pacificação. Dê-nos a força, a coragem e a consistência para viver na paz que ultrapassa todo o entendimento, toda a nossa vida. Amém.


Fonte: A Season of Peace: Friday, September 11. Presbyterian Church (PCUSA). Presbyterian Mission.


Rev. Richard A. Koenig
é pastor na North Congregational Church of Woodbury, CT, United Church of Christ.

domingo, 6 de setembro de 2020

DANDO O PRIMEIRO PASSO

 

“... e o Senhor, por um forte vento oriental que soprou toda aquela noite...”

Êxodo 14:21

 

Os filhos de Israel cruzando o Mar Vermelho - Frédéric Schopin (1804–1880)


Os escravos hebreus saíram correndo de suas casas apenas para encontram-se confrontados com o Mar Vermelho e com o exército egípcio em perseguição.

A nuvem que garantiu a eles a presença de Deus havia deixado a frente do grupo de viajantes e agora estava por detrás dele.

O que isso significava? Os hebreus não tinham certeza.

Eles reclamaram com Moisés, perguntando se ele os tinha tirado da escravidão para morrer, alegando que estavam em melhor situação no Egito. Moisés tentou assegurar-lhes com “Não tenham medo, fiquem firmes... fiquem quietos” (vv. 13,14).

Mas agora os egípcios podiam ser vistos se aproximando e Deus parecia distante. Em seguida, o forte vento leste soprou e soprou, criando um caminho seco através da água para eles caminharem com segurança.  Quem foi corajoso ou confiante o suficiente para dar o primeiro passo, para começar a longa jornada que estava à sua frente, o êxodo que os formaria como povo de Deus?

 

Deus do universo, rogo por total confiança em ti que me impulsiona a dar o primeiro passo. Amém.

 

Fonte: These Days. DailyDevotions for Living by Faith. Thoughtful Christian.com




Carol A. Wehrheim, Skillman, New Jersey, USA

Ela é membro da Nassau Presbyterian Church (PCUSA), Princeton, New Jersey, USA, onde é Secretária do Conselho. Autora de Getting It Together, Giving Together, e The Baptism of Your Child: A Book for Presbyterian, bem como três volumes de Word Children’s Sermons (histórias bíblicas do lecionário para serem contadas em adoração).

 

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

HÁ 162 CHEGAVA AO BRASIL O REV. ASHBEL GREEN SIMONTON

 162 ANOS DA CHEGADA AO RIO DE JANEIRO (BRASIL) DO REV. ASHBEL GREEN SIMONTON


Diferente do que se apregoa, hoje, 12 DE AGOSTO, não é o Dia do Presbiterianismo Nacional e sim o dia da chegada de um jovem missionário estadunidense chamado Reverendo Ashbel Green Simonton, ao Rio de Janeiro, Brasil.

O DIA DO PRESBITERIANISMO NACIONAL, deve ser o dia da fundação da PRIMEIRA IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL, que é a Igreja Presbiteriana do Brasil, organizada em 12 de janeiro de 1862. Hoje localizada na Rua Silva Jardim, 23, Centro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Vamos conhecer um pouco da HISTÓRIA desse jovem Pastor-Missionário, Rev. Ashbel Green Simonton.


Ashbel Green Simonton nasceu em 20/03/1833, em West Hanover, Condado de Dauphin, na Pensylvania, EUA. Filho de William Simonton, Jr (1788-1846) e Martha Davis Snodgrass (1791-1862). O casal teve onze filhos. John e James, morreram na infância. Os outros nove chegaram a idade adulta. A. G. Simonton foi o nono filho do casal. Seus irmãos foram: Jane (1818-1886), William (1820-1908), Elizabeth Wiggins (1822-1879), Anna Mary (1824-1852), John Wiggins (1826-1903), James Snodgrass (1829-1921)[1] e Thomas Davis (1833-1907). A família morou na fazenda “Antigua”.

Os avós paternos de Simonton eram: William Simonton (1755-1800), irlandês-escocês[2], e Jane Wiggins (1754-1824), americana, de origem irlandesa-escocesa. Seus avós maternos eram: Rev. James Snodgrass (1763-1846), americano também de origem irlandesa-escocesa, e Martha (Davis) Snodgrass (1760-1828), americana de nascimento e origem étnica não registrada.[3] Foi batizado em 14/06/1833, na Presbyterian Church of Derry, Hershey, PA, pelo Rev. James Russell Sharon (1775-1843).

            O pequeno A. G. Simonton, em Hershey, iniciou os seus estudos na Oak Hall School.

        Com a morte do pai e do avô materno, ambos em 1846, a família vai residir em Harrisburg, cidade em que Simonton concluiu os estudos secundários na Harrisburg Academy, em 1847. Em 1849, ingressou no College of New Jersey, Princeton, NJ, tendo se formado em 1852.

No outono deste ano, ele lecionou em uma escola para meninos, entre 1852 e 1854, na cidade de Starkville, Mississippi. Retornando para Harrisburg em julho de 1854, pensou em estudar Direito.

Fez a sua Profissão de fé em 06/05/1855, na English Presbyterian Congregation, Harrisburg, PA, sob a ministração do Rev. William Radcliffe DeWitt (1792-1867).

Impactado pelos reflexos do “Segundo Grande Despertar”, Simonton decide ingressar no Theological Seminary at Princetonn, em maio de 1855, tendo antes tomado algumas lições de hebraico.

            No ano seguinte, juntamente com o irmão Thomas, foi para Iowa, ser Colportor da Presbyterian Board of Publication.

            Em outubro de 1856, ele participou da reunião anual da American Board of Commissioners for Foreign Missions - ABCFM, em Newark, NJ. No século XIX, a ABCFM, foi a maior e mais importante das organizações missionárias americanas e era formada por igrejas de tradições reformadas, como Presbiterianos, Congregacionalistas e Igrejas Reformadas Alemãs. Nessa reunião, onde se enfatizava uma vida de oração, debates e louvor, despertou e intensificou o seu ardor missionário. No entanto, ele esperou concluir o seu curso teológico para, enfim, ingressar nas missões.[4]

            Ele foi licenciado pelo Presbitério de Carlisle (Sínodo de Albany), em 14/04/1858, algumas semanas antes de sua formatura no Seminário.

            A princípio ele pensou em ser missionário em Bogotá, Colômbia (América Latina), entretanto ao candidatar-se no Board of Foreign Missions of the Presbyterian Church in the USA (PCUSA), ele escolheu o Brasil como campo missionário. Em 06/12/1858, ele é oficialmente nomeado Missionário.

            Em 14/04/1859, ele é ordenado ao Sagrado Ministério pelo Presbitério de Carlisle, no templo da Igreja Reformada Alemã, em Harrisburg, PA. O Sermão de prova baseou-se no texto de Atos 16.9. Quem pregou na sua ordenação, foi seu tio, Rev. William Davis Snodgrass (1796-1886), baseado no texto de Apocalipse 14. 6. O Rev. Thomas Creigh (1808-1880), fez uma oração pelo trabalho missionário que o Rev. A. G. Simonton iria iniciar.

            Em 18/06/1859, o jovem missionário com 26 anos de idade e solteiro embarca no navio “Banshee”, Capitão Kane, no porto de Baltimore, Maryland, rumo ao Rio de Janeiro e em 12/08/1859, ele desembarcava no Rio de Janeiro, Brasil.

A sua chegada ao Rio de Janeiro, é registrada em seu Diário da seguinte forma:

"Sexta-feira, 12 de agosto de 1859, 9:30 da manhã. Estou acordado desde as quatro da manhã observando as manobras para adentrar o porto contra o vento e a maré. É um lugar lindo, o mais singular e impressionante que jamais vi. Nunca teria imaginado tal porto, com beleza sublime, protegido de ventos e ondas, e capaz de defesa contra ataques de mar ou de terra. Está em uma baía rodeada de curiosas ilhas de pedra, altas e sólidas. Algumas parecem ovos flutuando na água com uma das pontas para cima; outras, a outra ponta. Nos topos de algumas, igrejas ou casas de lazer se equilibram. Uma dessas casas parece ninho de ave em cima de uma torre de igreja, a quase 1.100 pés de altura. A entrada do porto tem somente meia milha de largura; de um lado há um arrojado promontório, sobre o qual está a Fortaleza de Santa Cruz, com pesados canhões protegendo as muralhas; do outro lado alteia-se o Pão de Açúcar a uma altura de 1.200 pés. Estamos ainda na entrada do porto, mudando de curso a cada minuto, ora na direção do forte, ora chegando a pequena distância do Pão de Açúcar. A água é tão profunda que a única preocupação dos navegantes é não quebrar o mastro horizontal da proa batendo de um ou outro lado. A cidade está a cerca de duas milhas, sobre uma grande extensão de vales e montanhas; brilha ao sol com suas paredes caiadas de branco. Fazendo fundo para essa linda pintura, há uma cadeia de morros altos e montanhas. Desfiz-me de minha roupa de viagem, dando-a ao cabineiro em agradecimento pelos serviços que me prestou durante a jornada. Estou pronto para desembarcar".

Entrada da Baía da Guanabara. Anônimo, s/d

Entrada da Baía da Guanabara. Anônimo. s/d.

Ao chegar ao Rio de Janeiro, o Rev. A. G. Simonton não sabia falar português, então, iniciou a proferir suas mensagem em inglês em navios aportados no Rio de Janeiro. Para aprender a língua portuguesa dava aula de hebraico em troca de aprender o português, onde foi bem sucedido.

Logo que possível, entra em contato com o Rev. Robert Reid Kalley (1809-1888), missionário escocês de origem presbiteriana, que havia chegado ao Brasil em 1855 e foi residir em Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro, onde, em sua residência iniciou aulas de Escola Bíblica Dominical e posteriormente fundou a Igreja Evangélica Fluminense, na capital do Rio de Janeiro em 11 de julho de 1858.

Falando, escrevendo e compreendendo a língua portuguesa, em 22 de abril de 1860, dirige o primeiro culto em português. Tempos depois aluga uma sala na Rua de São Pedro (hoje inexistente no Centro do Rio de Janeiro, pois foi destruída para a construção da Av. Presidente Vargas) onde lecionava inglês, aos que desejassem aprender, além de vender Bíblias.

Entre dezembro de 1860 e março de 1861, viajou para a Província de São Paulo onde conheceu algumas cidades, outros protestantes, visitou ingleses e alemães, conheceu alguns sacerdotes católicos romanos, proferiu alguns sermões e estabeleceu um depósito de Bíblias.

Em 19 de maio de 1861, iniciou no Rio de Janeiro uma classe de Escola Bíblica Dominical, aos domingos, na parte da tarde, agora na Rua Nova do Ouvidor, 31. Nos domingos, pela manhã, celebrava cultos em inglês e as quintas-feiras em português, mas logo depois os cultos dominicais passaram a ser celebrados em português.

No mapa, vemos a marcação na cor verde na extensão da Rua Nova do Ouvidor (atual Travessa do Ouvidor) e o retângulo, também na cor verde, marcando o nº 31. O sobrado era de propriedade do Dr. Francisco Ferreira de Siqueira. O sobrado não existe mais. O terreno foi remembrado com outros e hoje forma o nº 31-A

Em 12/01/1862, na Rua Nova do Ouvidor, 31 (atual Travesa do Ouvidor), foi organizada a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro, a primeira Igreja Presbiteriana organizada no Brasil pelo missionário Rev. A. G. Simonton. Nesse dia foram recebidos como membros da novel igreja os senhores: Henry E. Milford, norte americano (recebido por Profissão de Fé) e Camillo Cardoso de Jesus (recebido por Profissão de Fé e Batismo) (que depois mudou o nome para Camillo José Cardoso), natural de Portugal e Proclamou o Rev. A. G. Simonton: "... assim, organizamo-nos Igreja de Jesus Cristo no Brasil". Foi celebrada pela primeira vez a Santa Ceia (Eucaristia). O culto foi celebrado em português e inglês.

Nesse período tínhamos apenas 03 (três) missionários: O Rev. A. G. Simonton, que desembarcou no Rio de Janeiro em 12/08/1859; o Rev. Alexander Latimer Blackford (1829-1890), que desembarcou no Rio de Janeiro em 25/07/1860; e, o Rev. Francis Joseph Christopher Schneider (1832-1910), desembarcando no Rio de Janeiro em 07/12/1861. O Médico George Whitehill Chamberlain (1839-1902) veio dos EUA para o Brasil, chegando ao Rio de Janeiro em 21/07/1862, trazendo uma carta de recomendação para o Rev. A. L. Blackford. O jovem G. W. Chamberlain não veio com o intuito de ser missionário, mas por recomendação médica, por conta de enfermidade nos olhos. Entretanto o jovem de 23 anos de idade se interessou pelo trabalho evangelístico e posteriormente cursou teologia nos EUA, regressou ao Brasil e foi ordenado pastor pelo Presbitério do Rio de Janeiro em 08/07/1866. Ele, juntamente com a esposa Mary Ann Annesley Chamberlain (1840-1930), fundaram na sala de sua residência em São Paulo a “Escola Americana”, gérmen do Instituto Presbiteriano Mackenzie.

Campo de Santana, 49, onde em 1867, a Igreja passou a se reunir.

Em março de 1862, o Rev. A. G. Simonton retorna aos EUA e em 19/03/1863 casa-se com Helen Murdoch (1834-1864), na First Presbyterian Church of Baltimore, Maryland, em cerimônia realizada pelo Rev. John Chester Backus (1810-1884). Depois o casal retornou ao Brasil desembarcando no Rio de Janeiro em 16/07/1863. Em 19/06/1864, nasce a primeira e única filha do casal, Helen Simonton (1864-1952). Nove dias depois, em 28/06/1864, devido complicações no parto, Helen Murdoch faleceu. Ela foi sepultada no Cemitério dos Ingleses do Rio de Janeiro.[5]

   Helen Murdoch Simonton (1834-1864)     


Rev. A. G. Simonton e sua filha Helen

Em 1865, mais duas igrejas são organizadas: a Igreja Presbiteriana de São Paulo, em 05/03/1865 e a Igreja Presbiteriana de Brotas, SP, em 13/11/1865.

            Nesse mesmo ano, em 16/12/1865, foi organizado o primeiro concílio presbiteriano do Brasil, o Presbitério do Rio de Janeiro – PRJN. Embora tenha recebido esse nome, ele foi organizado na residência do Rev. A. L. Blackford, localizada na Rua Nova de São José, 01 (atual Rua Líbero Badaró), nas imediações do Largo de São Bento, São Paulo, SP. Era um sábado, 3 horas da tarde. No dia seguinte, em 17/12/1865, o ex-Padre, José Manoel da Conceição (1822-1873), foi ordenado o primeiro pastor presbiteriano brasileiro do Brasil e do PRJN.

 Morre o Pioneiro

 A obra presbiteriana estava em franco desenvolvimento no Brasil, quando um infortúnio acontece.

Em 1867, o Rev. A. G. Simonton voltou a residir no centro do Rio de Janeiro, estabeleceu-se na Rua dos Inválidos, 56. Os níveis de salubridade local não eram os mais adequados, os amigos o advertiram sobre os perigos de febre amarela naquela região, todavia Simonton insistiu em permanecer naquela moradia. Ali, em dado momento, sua saúde começou a apresentar problemas e foi se agravando.

Na última reunião do Presbitério do Rio de Janeiro em que Simonton participou ele leu um trabalho intitulado “Os meios necessários e próprios para plantar o reino de Jesus Cristo no Brasil”, publicado em 16/07/1867.[6]

Meses depois seguiu para o Estado de São Paulo, chegando em 27/11/1867; ele queria ver sua filha Helen Simonton (1864-1952), que estava sob os cuidados de sua irmã Elizabeth Wiggins Simonton (1822-1879), esposa do Rev. A. L. Blackford.

São Paulo era uma cidade de clima mais ameno, mais agradável do que o Rio de Janeiro de altas temperaturas e uma cidade um tanto quanto insalubre. Como seu estado de saúde já apresentava alguns sinais de fragilidade ele aproveitou essa viagem para ver a filha e descansar um pouco.

As semanas que se sucederam, após a sua chegada em São Paulo, foram de altas e baixas. O médico o visitou, receitou e ele teve melhoras e pioras. Sua irmã Elizabeth, aproveitando o dia em que ele estava razoavelmente bem e percebendo que ele não resistiria, perguntou-lhe:

 

- Tem algum recado para os amigos nos Estados Unidos?

- Nada de especial. Diga-lhes que os amei até o fim.

- Alguma mensagem para o Board?

- Diga-lhes que toquem para frente o trabalho.

- E a Igreja do Rio; que falta vai fazer!

- Deus levantará outro para por no meu lugar. Ele fará sua própria obra com seus próprios instrumentos. Devemos apenas nos recostar nos Braços Eternos e estar sossegados.[7]

 

No dia seguinte perguntaram-lhe que dia era. Ele respondeu: “É domingo”.[8] O Rev. A. L. Blackford leu um salmo, um membro da Igreja Presbiteriana de São Paulo presente naquele momento orou e só...

O Rev. A. G. Simonton faleceu prematuramente em 09/12/1867, antes de completar 35 anos de idade, na casa de seu cunhado, Rev. A. L. Blackford, à Rua Nova de São José, na capital do Estado de São Paulo, vítima de febre biliosa, mais conhecida como febre amarela, uma doença que assolava o Rio de Janeiro todos os anos, ceifando milhares de vidas. É provável que ele tenha saído do Rio de Janeiro já com a moléstia. Foi sepultado no jazigo nº 1 do Cemitério dos Protestantes, no bairro da Consolação, na Capital do Estado de São Paulo, hoje administrado pela Associação Cemitério dos Protestantes - ACEMPRO.

Lápide no Cemitério dos Protestantes em São Paulo do Rev. Ashbel Green Simonton

Registro do Óbito do Rev. Ashbel Green Simonton

Por sua instrumentalidade 80 (oitenta) pessoas haviam feito sua pública profissão de fé. Deixou manuscritos muitos sermões que mais tarde, após a sua morte, foram publicados pelos seus irmãos sob o título de “Sermões Escolhidos”; escreveu um “Comentário bíblico sobre o livro de Mateus”; traduziu o “Breve Catecismo”; um folheto intitulado “Os meios necessários e próprios para plantar o reino de Jesus Cristo no Brasil”; dentre outros. A Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro possuía uma Escola Evangélica ou Paroquial ou Presbiteriana, como a chamavam, funcionando nas dependências do local onde a Igreja se reunia, com 70 (setenta) alunos; um Seminário, o “Primitivo”, com 04 (quatro) alunos; o jornal “Imprensa Evangélica"; pontos de pregação em Lagoinha (em Santa Teresa), Ponta do Caju (atual bairro do Caju) e outros.

Merece que se faça um registro especial sobre Helen Simonton, filha do Rev. A. G. Simonton. Com a morte da mãe, o Rev. A. G. Simonton criou a menina sozinho por alguns meses. No dia 21/11/1864, ele envia a pequena Helen para São Paulo, afim de ser criada por sua irmã Elizabeth e seu cunhado Rev. A. L. Blackford. O Rev. A. G. Simonton, visitou-a em São Paulo algumas vezes, mas a última visita ocorreu em novembro e dezembro de 1867, quando faleceu. A pequena ficou no Brasil por quatro anos. Em 1868, quando o casal Blackford foi, em férias, para os EUA, levou a pequena Helen e a entregou aos cuidados da família Murdoch. Helen Simonton, a filha, passou a frequentar a igreja de sua mãe, a First Presbyterian of Baltimore, em Maryland, até a sua morte. Faleceu aos 88 anos, em 07/01/1952, solteira e sem filhos. Está sepultada no Cemitério de Greenmount, Baltimore, Maryland, EUA.

Helen Murdoch Simonton, filha (1864-1952)

Lápide do túmulo de Helen Murdoch Simonton, no Cemitério de Greenmount, Baltimore, Maryland, EUA


Sua determinação e confiança em Deus foram decisivos para a obra missionária no Brasil. Quando Simonton decidiu enviar sua proposta como missionário da Junta de Missões Estrangeiras, orou da seguinte forma: “A ti, ó Deus, confio meus caminhos na certeza de que o Senhor dirigirá meus passos.”[9]

            Nos anos que se seguiram muitos missionários (Pastores), provenientes das Juntas Missionárias americanas, vieram para o Brasil. No século XIX, entre 1859 e 1899 foram 29 (vinte e nove) da PCUSA e 30 (trinta) da PCUS[10].


Prof. Nelson de Paula Pereira
contato@nelsondepaula.com

[1] Necrological Reports and Annual proceedings of the Alumni Association of Princeton Theological Seminary. Volume V. 1920-1929. New Jersey: 1929, p. 154.

[2] O termo “Scots-Irish”, ou “irlandês-escocês” refere-se às pessoas nascidas na Irlanda, de origem escocesa e religião protestante, enviadas pelos diversos monarcas ingleses como colonos à região do Ulster (atual Irlanda do Norte), de modo a reduzir a resistência étnica da população irlandesa nativa. O Ulster foi a última região a aceitar o controle inglês, e a colonização com escoceses protestantes no século XVII diminuiu a resistência dos irlandeses nativos, que ferrenhamente aderiam ao catolicismo romano. Os conflitos contemporâneos entre “católicos” e “protestantes” na Irlanda do Norte referem-se basicamente a essa divisão étnica de séculos anteriores. Ao longo dos séculos, irlandeses nativos (gaélicos), de religião católica romana e irlandeses-escoceses, geralmente presbiterianos ou episcopais, emigraram em levas para os Estados Unidos. Os ancestrais do Rev. Ashbell Green Simonton chegaram em terras americanas no decorrer do século XVIII.

[3] SIMONTON, William. Family History. Genealogical, Historical and Biographical of the Simonton and Related Families. St. Paul: Webb Publishing Company, 1900.

[4] SIMONTON, William. Family History. Genealogical, Historical and Biographical of the Simonton and Related Families. St. Paul: Webb Publishing Company, 1900, p. 75 e 76.

[5] Em 2011, o Diác. Nelson de Paula Pereira localiza o jazigo de Helen e o corpo de Helen Murdoch é exumado e seus restos mortais são levados em uma urna de madeira fechada, para o Museu da Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro, onde encontra-se em exposição.

[6] SIMONTON, Ashbel Green. Simonton. Os meios necessários e próprios para plantar o reino de Jesus Cristo no Brasil. Rio de Janeiro: Sínodo do Rio de Janeiro, 1994.

[7] FERREIRA, Júlio Andrade. História da Igreja Presbiteriana do Brasil. Casa Editora Presbiteriana- CEP: São Paulo, 1992, Volume 1, p. 84.

[8] FERREIRA, Júlio Andrade. História da Igreja Presbiteriana do Brasil. Casa Editora Presbiteriana- CEP: São Paulo, 1992, Volume 1, p. 84.

[9] SIMONTON, Ashbel Green. Diário. Casa Editora Presbiteriana: São Paulo, 1982, p 125.

[10] MATOS, Alderi Souza de. Os pioneiros. Presbiterianos do Brasil (1859-1900). Missionários, Pastores e Leigos do Século 19. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2004, p. 525 a 533.

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

ESPAÇO SEGURO

Espaços Poderosos

Leitura bíblica: Mateus 14: 22–33

Quarta-feira, 5 de agosto de 2020

 

A tempestade no mar da Galiléia - Rembrandt (1606-1669)


Espaço Seguro

Mas, imediatamente, Jesus falou com eles e disse: “Animem-se, sou eu; não tenha medo."

Mateus 14:27

 Quando Jesus proferiu essas palavras - não tenhas medo - elas significavam penetrar no som e na fúria da tempestade com esperança. Mas se os discípulos o ouviram, eles devem estar confusos: o que precisamos é de alguém para ajudar a remar, para ajudar a gerenciar as velas! Jesus acha que suas palavras vão nos salvar? Ele acha que isso realmente vai melhorar as coisas para nós?

A boa notícia para os discípulos naquele barco é que Jesus nunca foi a solução rápida, a palavra fácil, o consolo apressado. Quando Jesus disse: "Não tenhas medo", ele reivindicou a aliança de Deus - uma aliança de solidariedade, de salvação, de espaço verdadeiramente seguro. Essas três palavras foram feitas para lembrar que Jesus não as abandonara e que sua conexão com elas era inquebrável. Somos chamados a oferecer esse mesmo espaço seguro de acompanhamento. Essa é a promessa que fazemos toda vez que dizemos: orarei por você. É a esperança que damos quando dizemos, estou aqui por você.

Santo Deus, ajude-nos a dizer o que dizemos. Amém.

 



Reverenda Debra Avery, Peoria, Illinois

United Presbyterian Church (PCUSA), Peoria, Illinois, USA

 

 


quinta-feira, 23 de julho de 2020

MAIS VELHO QUE SUJEIRA


Fidelidade de Deus
Leitura bíblica: Mateus 13: 31–53
Quinta-feira, 23 de julho de 2020



Mais velho que sujeira

“Portanto, todo escriba, bem esclarecido quanto ao Reino dos céus, é semelhante a um pai de família que sabe tirar do seu tesouro coisas novas e coisas velhas”.Mateus 13:52


Frequentemente, quando os escribas são mencionados nos Evangelhos, isso ocorre com um sentimento negativo - especialmente quando associado aos fariseus. Da mesma forma, as palavras antigo e novo geralmente vêm com julgamentos de valor. Às vezes somos treinados para ver os discípulos de Jesus como bons e a antiga classe dominante judaica como ruim. Mas esse não parece ser o caso aqui.
Minha esposa e eu adoramos móveis antigos. Gostamos de coisas antigas, testadas pelo tempo, de formas robustas feitas em madeira clássica. Para nós, velho é bom. Mas algumas pessoas preferem móveis novos feitos com materiais modernos.
Talvez nossa passagem aqui seja propositalmente aberta. Mateus, o mais judeu e mais centrado na lei dos escritores do Evangelho, aprecia os modos mais antigos e respeitados de Moisés e dos profetas. Para ele, tudo o que é velho é novo novamente, uma nova criação pronta para crescer a partir das coisas que poderíamos chamar de "mais antigas que a sujeira".

Ajude-nos a encontrar tesouros não apenas no que é novo, mas também na nova vida que emerge do que é antigo. Amém.




Rev. Dee Hamilton Wade
Pastor at Anchorage Presbyterian Church (PCUSA), Louisville, Kentucky, USA

terça-feira, 21 de julho de 2020

SUSPIROS MUITO PROFUNDOS


Terça-feira, 21 de julho de 2020
Fidelidade de Deus
Leitura bíblica: Romanos 8: 26-39




Suspiros muito profundos

Da mesma forma, o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza; pois não sabemos orar como deveríamos, mas esse próprio Espírito intercede com suspiros profundos demais para palavras. Romanos 8:26

Meu ex-copastor e eu fomos assistir ao filme “A Beautiful Day in the Neighborhood” Um lindo dia na vizinhança (2019), estrelado por Tom Hanks como Fred Rogers, o grande artista da PBS e ministro presbiteriano. Nós amamos o filme. A trama do filme gira em torno do relacionamento entre Mr. Rogers e um escritor da revista Esquire, que foi enviado para relatar esse artista mundialmente famoso. O escritor, Lloyd, tem um relacionamento rompido e hostil com o pai. Eles parecem co-dependentes da dor que infligem um ao outro.
Quando o pai de Lloyd fica doente terminal, pai e filho se reconciliam. No final desta cena, Rogers vai até o pai e sussurra em seu ouvido. Depois, Lloyd pergunta ao Mr. Rogers o que ele disse ao pai moribundo. Rogers responde que pediu ao pai que orasse por ele, porque um homem tão familiarizado com o sofrimento deve estar muito próximo de Deus. Rogers conhecia o poder da oração e sabia que a presença de Deus vai muito além das palavras.

Querido Jesus, ajude-nos a ser totalmente abertos à sua presença e nos guie a aceitar todos os presentes que você nos concede. Amém.




Rev. Dee Hamilton Wade
Pastor at Anchorage Presbyterian Church (PCUSA), Louisville, Kentucky, USA