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terça-feira, 30 de junho de 2009

A INDEPENDÊNCIA DA BAHIA - 02 DE JULHO DE 1822

(Praça 2 de Julho - Salvador Bahia)


A Independência da Bahia foi um movimento que iniciou-se ainda em 1821 e teve seu desfecho ao 2 de julho de 1823, motivado pelo sentimento federalista emancipador de seu povo, e que terminou pela inserção na formação da unidade nacional brasileira, durante a Guerra da independência do Brasil.

Agitações na Bahia

Sementes da luta

A partir da Conjuração Baiana (1799), pode-se afirmar que na Bahia, mais até que em Minas Gerais, estava arraigado no povo o sentimento de independência em relação a Portugal. Em Minas o conciliábulo se deu entre as famílias gradas, ao passo que na Bahia gente humilde participou ativamente, colando cartazes nas ruas concitando o apoio de todos.

A Revolução do Porto (Portugal, 1820), teve enorme repercussão na Bahia, onde era grande o número de portugueses. Como desdobramento, em fevereiro de 1821 uma conspiração de cunho constitucionalista eclodiu em Salvador. Dela participaram Cipriano Barata, José Pedro de Alcântara, o capitão João Ribeiro Neves e outros. Preso o Comandante das Armas, soltos soldados presos, foi lida uma proclamação que exortava:

"Os nossos irmãos europeus derrotaram o despotismo em Portugal e restabeleceram a boa ordem da nação portuguesa (...) Soldados! A Bahia é nossa pátria e nós não somos menos valorosos que os Cabreiras e Sepúlvedas! Nós somos os salvadores do nosso país; a demora é prejudicial, o despotismo e a traição do Rio de Janeiro maquinam contra nós, não devemos consentir que o Brasil fique nos ferros da escravidão."
E concluía: "Viva a constituição e cortes na Bahia e Brasil - Viva El-Rei D. João VI nosso soberano pela constituição. Marcha."

Os conspiradores liberais pretendiam, como em Portugal, uma constituição que limitasse o poder real. Habilmente, alguns foram adrede convencidos de que a verdadeira luta deveria ser pela manutenção do soberano no Brasil, entre eles o futuro marquês de Barbacena, então marechal Felisberto Caldeira Brant Pontes que, apesar de brasileiro, comandou a reação do governo, junto ao então coronel Inácio Luís Madeira de Melo. Lutas ocorreram até à vitória dos revoltosos, sendo aclamado ao povo, na Praça da Câmara, o novo estado de coisas. O Governador, conde da Palma, foi à Câmara e renunciou.

Portugueses e brasileiros estavam unidos, e constituíram uma Junta Governativa. Mas a situação não iria durar.

Com a volta de D. João VI a Portugal, permanecendo no Rio o Regente D. Pedro de Alcântara, que uma carta das Cortes mandava voltar a Portugal, ficou claro aos brasileiros que a antiga metrópole não aceitaria a condição de Reino Unido de Brasil e Portugal. Nas tropas, unidas no sentimento constitucionalista, a cisão entre portugueses e brasileiros foi-se acentuando. Ódios acirrados resultaram em muitos conflitos parciais e boatos que em 12 de julho de 1821 fizeram os portugueses se reunir no quartel para a defesa de possível ataque dos brasileiros, que menosprezavam.

A 12 de novembro de 1821 os soldados portugueses saíram pelas ruas de Salvador, atacando os soldados brasileiros, num confronto corporal na Praça da Piedade, com feridos e mortos. A população temerosa iniciou êxodo paulatino para os sítios do Recôncavo. O ano terminou com as tensões em alta.

A 31 de janeiro de 1822 uma nova Junta foi eleita e em 11 de fevereiro chegou a notícia da nomeação do Brigadeiro Inácio Luís Madeira de Melo como Comandante das Armas da província. Era o coronel que apoiara o conde da Palma, um ano antes. A ordem da nomeação chegou quatro dias depois. Os baianos tinham um comandante que já se declarara contrário aos seus ideais...

De junho de 1822 a julho de 1823 a luta se prolongou entre o governo provisório da província, eleito em junho, favorável à independência, e as forças portuguesas comandandas pelo brigadeiro Inácio Luís Madeira de Melo, concentradas em Salvador.

Resistência a Madeira de Melo - a primeira mártir do Brasil

Formados, na Bahia, os três partidos que seriam o combustível da luta (partidários da colônia; constitucionalistas do Brasil em igualdade de condições e, finalmente, os republicanos - o primeiro exclusivamente de portugueses; o segundo com ambos os povos; o terceiro, quase exclusivo dos brasileiros).

No comando das Armas estava o brigadeiro Manuel Pedro, que fortalecera os nativos, pensando numa refrega. Sua destituição e nomeação de Madeira de Melo foi duro golpe no partido nacional.

A posse de Madeira de Melo foi obstada pelos naturais, alegando ausência de pequenas formalidades - o povo passou a defender o nome de Manoel Pedro. O comandante português busca apoio junto aos comerciantes patrícios, além da Infantaria (12º), da Cavalaria e dos marinheiros. Os baianos contavam com a Legião de Caçadores, a Artilharia e o 1º de Infantaria.

A 18 de fevereiro de 1822 reúne-se um conselho de vereadores, juízes e Junta Governativa para dirimir a questão da posse. Como solução foi proposta uma junta militar, sob a presidência de Madeira de Melo. Na prática, era sua vitória sobre os interesses contrários.

As tropas portuguesas estavam de prontidão desde o dia 16, enquanto os marinheiros percorriam as ruas, fazendo provocações - Madeira de Melo fizera constar que, ocorrendo qualquer ameaça à constituição, agiria sem consultar a Junta Militar. Vitorioso, desfilou pelas ruas, inspecionando as fortificações, desafiando as guarnições de maioria nacional. Na madrugada do dia 19 ocorrem os primeiros tiros, no Forte de São Pedro, para onde acorreram as tropas portuguesas, vindas do Forte de São Bento. Salvador transformou-se numa praça de guerra, e confrontos violentos ocorreram nas Mercês, Praça da Piedade e Campo da Pólvora.

Apesar da brava defesa, os portugueses tomaram o quartel onde se reunia o batalhão 1º da Infantaria. Os marujos lusitanos festejam, desenfreadamente: atacaram casas, pessoas e invadiram o Convento da Lapa onde se encontravam alguns revoltosos, assassinando a abadessa, Sóror Joana Angélica.

Restava tomar o Forte de São Pedro. Madeira de Melo preparou-se para bombardear a fortaleza - uma das poucas inteiramente em terra, no centro da cidade. No cerco, foram atacados nos lados do Garcia. No dia seguinte, o forte se rendeu, evitando-se derramamento de sangue. O brigadeiro Manuel Pedro foi preso e enviado a Lisboa.

No poder, o "Partido português" atemorizava os brasileiros. A 2 de março de 1822, Madeira de Melo finalmente prestou juramento perante a Câmara de Vereadores.

A guerra

Julho de 1822 - a Bahia conflagrada

Os nativistas ainda morando na capital reagem com pedradas às ações militares de Madeira de Melo e, na procissão de S. José (21 de março de 1822), os “europeus” foram apedrejados.

Madeira de Melo escreveu:

”Então viu-se nesta cidade reunir-se uma multidão de negros a fazer depósitos de pedras em alguns lugares muito públicos, como o Largo do Teatro e ruas adjacentes; tomaram suas posições e logo que apareceu uma procissão que era feita por naturais da Europa, atiraram sobre ela uma infinidade de pedradas (...) Chegada a noite, reuniram-se grandes magotes em diferentes sítios e apedrejaram todos os soldados e mais pessoas que viram ser Europeus (...)”
Respondia pelos interesses dos baianos um jornal, o “Constitucional”, de Francisco Corte Imperial e Francisco Gê Acaiaba de Montezuma (nome nacionalista americano, adotado, naquele tempo, que veio a compor o primeiro governo durante as lutas), que dava vazão aos sentimentos da maioria do povo.

A cidade de Salvador assistia à debandada cada dia maior dos moradores, que somente aumentou com a chegada de reforços a Madeira: um navio, dos que levavam tropas do Rio de Janeiro de volta a Portugal, aportou na capital, ali deixando seus soldados.

Consulta às Câmaras

Os deputados baianos na Corte, em Portugal (dentre os quais Pinto da França que chegou a ser enviado por D. João VI para negociar com Madeira de Melo - chegando após o desfecho do conflito), escreveram, perguntando qual a opinião das municipalidades sobre qual a relação da Bahia com a metrópole. Tomando a frente, as vilas de Cachoeira e São Francisco, seguidas pelas demais, manifestam-se favoráveis a que a Bahia passasse para a regência de D. Pedro, no Rio. Havia, por trás destas declarações, nítida vontade de separação de Portugal, a quem já tinham como a figura opressora.

Uma escuna militar foi mandada por Madeira de Melo para Cachoeira. A 25 de junho de 1822, reuniram-se na Câmara Municipal de Cachoeira os nomes de Antônio de Cerqueira Lima, José Garcia Pacheco de Aragão, Antônio de Castro Lima, Joaquim Pedreira do Couto Ferraz, Rodrigo Antônio Falcão Brandão, José Fiúza de Almeida e Francisco Gê Acaiaba de Montezuma, futuro visconde de Jequitinhonha, tendo como resultado a consulta ao povo, pelo Procurador do Senado da Câmara, "se concordava que se proclamasse Sua Alteza Real como Regente Constitucinal e Defensor Perpétuo do Brasil, da mesma forma que havia sido no Rio de Janeiro". O povo respondeu com entusiasmo que "Sim!".

Em comemoração, a vila iniciou em seguida um desfile da cavalaria que marchou pelas ruas, celebrando-se uma missa. Durante o desfile popular, foram disparados tiros em sua direção, vindos da casa de um português e da escuna fundeada ao largo. O tiroteio seguiu por toda a noite e no dia seguinte.

Em Cachoeira constitui-se a “Junta de Defesa”


Reúnem-se os partidários “brasileiros” e proclamam uma Junta Conciliatória e de Defesa, para governo da cidade, em sessão permanente, recebendo a adesão de muitos portugueses. Dentre os brasileiros, destacam-se Rodrigo Antônio Falcão Brandão, depois feito primeiro barão de Belém, e Maria Quitéria de Jesus. Foi constituída uma caixa militar e instaram ao comandante da escuna para que cessasse o ataque, obtendo como resposta uma ameaça.

O povo reage, tem lugar o primeiro combate, pela tomada da embarcação que, cercada por terra e água, resiste até a captura e prisão dos sobreviventes em 28 de junho de 1822. As vilas do Recôncavo vão aos poucos aderindo a Cachoeira. Salvador torna-se alvo de maiores opressões de Madeira de Melo, e o êxodo ganha intensidade.

As municipalidades se organizam para um combate, treinando tropas, erguendo trincheiras. Pelo sertão vinham as adesões. Posições estratégicas são tomadas nas ilhas, em Pirajá e Cabrito. As hostilidades têm começo e suas notícias se espalham pela Província e pelo restante do país. Itaparica já aderira. Para lá manda Madeira de Melo uma expedição, que chega atirando. O povo foge, engrossando as hostes do recôncavo.

Em Cachoeira é organizado um novo Governo, para comandar a resistência, a 22 de setembro de 1822, sob a presidência de Miguel Calmon do Pin e Almeida, futuro Marquês de Abrantes.

Todos estes movimentos são comunicados ao Imperador. De Portugal, 750 soldados foram enviados como reforço para a manutenção da Bahia sob seu domínio e chegaram em agosto.

Em outubro de 1822 chegou do Rio o primeiro reforço, ajuda efetiva aos patriotas baianos, sob o comando do General francês Pedro Labatut – tropa formada quase toda por portugueses – já que não existia um exército nacional. Seu desembarque foi impedido, indo aportar em Maceió – Alagoas, de onde veio, por terra – conseguindo assim arregimentar mais elementos ao fraco contingente.

Labatut assumiu o comando das operações, sendo mais tarde substituído nessa função pelo general José Joaquim de Lima e Silva.

As batalhas


Diversas batalhas foram travadas, levando o nome dos lugares onde os combates ocorreram.

PEDRÃO NA GUERRA PELA INDEPENDÊNCIA

Em 12 de Outubro de 1832, Frei José Maria do Sacramento Brayner dirigiu um regimento ao Conselho Interino da Cachoeira para oferecer os seus serviços à Pátria, daí passou a residir em Pedrão. “Frei Brayner” confessa no seu requerimento dirigido à Junta da Cachoeira que, ouvindo ler-se à tropa de Cavalaria um ofício do Coronel Bento Lopes, no qual convocava não só a tropa da cavalaria como também o povo daquele lugar para aclamar na Vila de Santo Amacio ao Sr. Pedro de Alcântara, Príncipe Regente e Defensor Perpetuo do Brasil, ele imediatamente se oferecera com o maior alvoroço de alegria, mas o Capital Miguel Mendes, a quem foi mandada aquela comissão, não quis que o suplicante marchasse, pelo estado atual em estava à moléstia, pelo que lhe rogou fizesse ver ao dito coronel os seus ardentes desejos, protestado que apenas melhorasse e estivesse em sua capacidade, o que assim praticou apresentando-se e oferecendo-se às autoridades constituídas da Vila de Santo Amaro, e ao mesmo Coronel na vila de são Francisco, fazendo-lhes ver o seu amor, patriotismo e adesão à santa causa, e agora também o faz a este Ilustríssimo e Excelentíssimo conselho do Governo Interino desta Província, e não só o suplicante, como também voluntariamente unidos a ele 39 indivíduos, que formam uma guerrilha chamadas Voluntários de Pedrão. Aos 22 de outubro de 1822, o Conselho interino da Cachoeira tomou conhecimento desta grande iniciativa e comunicou-lhe, imediatamente,o seu contentamento diante da grande prova de patriotismo, porém não deferiu a petição que almejava a formação da guerrilha, uma vez que estavam aguardando, em breve a chegada do Exmº. General Labatut, a quem hierarquicamente deveriam obedecer as decisões sobre formações de novos corpos armados, ficando o Conselho na lembrança de empregar meios para tal fim. Em, 04 de novembro, do mesmo ano, o Conselho Interino expediu uma circular ordenando ordenando a formação da guerrilha conforme o plano proposto e marchasse imediatamente para a Vila da Cachoeira à fim de receber as ultimas ordens e os destinos à seguirem, e que fossem armados de espingardas. Em 29 de novembro, por convocação do General Labatut, através de oficio, a Companhia do Frei Brayner se dirigiu para o Quartel General, localizado no Engenho Novo, no Recôncavo. Em, 05 de dezembro, o Conselho Imperial dirigiu ao Frei Brayner, novo oficio que declarava desejar fazer marchas os Voluntários de Pedrão para o Quartel General e se integrar como um corpo de tropas, desejo esse, que o Frei Brayner, sentiu como se fosse uma exigência, uma vez que o mesmo ordenava que se aprontasse de imediato para marchar logo no outro dia, impreterivelmente, levado os Voluntários da Guerrilha, juntamente com os Voluntários da Guerrilha da Comarca do Sul, e lá se apresentassem ao General a fim de receberem seus destinos, inclusive levando suas fardas (roupas de couro) e as fardas que ainda estavam por fazer para concluírem as suas confecções no Quartel General, sem precisar levar armamentos de Clavina para a inteligente execução. Os Voluntários de Pedrão, sob o comando de Frei Brayner, adotaram como fardas as vestes de couro, como seguinte regulamento: O seu uniforme em marcha era: Chapéu de Couro, com uma chapa de latão oval, e ao centro desta a letra “P”, e acima da letra uma coroa real; A túnica era o gibão; algibeiras longas; calças de algodão branco ou couro; surrão ou saco às costas; clavinas, espingardas ou bacamartes, espadas ou facas grandes e pequenas; a cavalo ou a pé, calçados ou descalços, segundo as circunstâncias o exigirem. O uniforme fora de marcha: Opcionalmente, chapéu branco fabricado artesanalmente, com a mesma chapa; Fardeta de algodão de qualquer fazenda de cor azul-escuro colete e calças de qualquer tecido de algodão branco. Os Voluntários, também denominados ENCOURADOS DE PEDRÃO, foram alistados 39 (trinta e nove) homens formando 40 (quarenta) com o seu Comandante. Todos, homens do campo, sendo dezenove casados e o restante solteiros, que abandonaram seus lares e famílias e seguiram para o campo de luta sob o comando do Frei José Brayner. Foram eles: 1. - Frei JOSÉ MARIA DO SACRAMENTO BRAYNER, branco, religioso,morador de Pedrão; Padre-Mestre. 2. – MANOEL MARTINS VALVERDE, branco, seminarista, morador de Pedrão. 3. – MANOEL DE JESUS VALVERDE, branco, solteiro, morador no Iaçú, lavrador. 4. – JOSE TEÓFILO MUNIZ, branco, solteiro, morador no Tanquinho, lavrador. 5. – ANGELO CARVALHO, pardo, casado, morador da Fazenda Boa Vista, lavrador. 6. – ANTONIO ESTEVÃO DA CRUZ, pardo, casado, morador na Fazenda Retiro, lavrador. 7. – ANTONIO FRANCISCO DE PINHO, pardo, solteiro, morador de Pedrão. 8. – ALEXANDRE MOURA, pardo, solteiro, morador na Fazenda Limoeiro, lavrador. 9. – DOMINGOS DIAS, pardo, solteiro, morador na Fazenda Baraúna, lavrador. 10. – FRANCISCO JOSÉ DE CAMPOS, pardo, casado, morado na Fazenda Massapé, lavrador. 11. – FRANCISCO JOSÉ DA CHAGAS, pardo, casado, morador da Fazenda Roçado, lavrador. 12. – FRANCISCO ALVARES MOREIRA, pardo, solteiro, morador da Fazenda Povoação, lavrador. 13. – FRANCISCO VIEIRA DE CARVALHO, pardo, casado, casado, morador na Fazenda Retiro, lavrador. 14. – FÉLIZ CARVALHO, pardo, casado, morador da Fazenda Massapê, lavrador. 15. – FRANCISCO XAVIER DE S. PAULO, pardo, casado, morador da Fazenda Boqueirão, lavrador. 16. – INÁCIO MATEUS, pardo, casado, morador da Fazenda Descansador, lavrador. 17. – INÁCIO PEREIRA, pardo, casado, morador da Fazenda Baraúna, lavrador. 18. – JOSÉ PEREIRA DE JESUS, branco, casado, morador no Pedrão, lavrador. 19. – JOSÉ EGÍNIO GAVILHO, pardo, solteiro, morador no Pedrão, lavrador. 20. – JOAQUIM DUARTE LOPES, branco, solteiro, morador no Pedrão, lavrador. 21. – JOAQUIM PEREIRA VALADARES, pardo, solteiro, morador no Pedrão, lavrador. 22. – JOAQUIM PEREIRA DA ASSUNÇÃO, pardo, solteiro, morador no Pedrão, lavrador. 23. – JOÃO LEITÃO DE MELO, pardo, casado, morador na Fazenda Europa, lavrador. 24. – JOÃO PEREIRA DE BRITO, pardo, solteiro, morador na Fazenda Coqueiro, lavrador. 25. – JOSÉ ALVES PEREIRA, pardo, casado, morador na Fazenda Boa Vista, lavrador. 26. – JOÃO DE DEUS, pardo, solteiro, morador na Fazenda Baraúna, lavrador. 27. – JULIÃO FERREIRA, pardo, solteiro, morador na Fazenda Limoeiro, lavrador. 28. – JOSÉ MOURA, pardo, solteiro, morador na Fazenda Cabaças, lavrador. 29. - JOSÉ DE ARAÚJO, pardo, solteiro, morador na Fazenda Limoeiro, lavrador. 30. – LUDOVINO DE SOUZA, cabra, casado, morador na Fazenda Contendas, lavrador. 31. – LUIS FERREIRA, pardo, solteiro, morador na Fazenda Baraúna, lavrador. 32. – MANOEL FRANCISCO DA SILVA, pardo, solteiro, morador no Engenho Cana Brava, lavrador. 33. – MANOEL JOSÉ DE GÓIS, branco, casado, morador no Pedrão, lavrador. 34. - .MANOEL DO ESPIRITO SANTO, pardo, casado, morador no Pedrão, lavrador. 35. – MONOEL DE ARAUJO, pardo, solteiro, morador na Fazenda Contenda, lavrador. 36. – MANOEL FERREIRA SANTIAGO, branco, casado, morador no Pedrão, lavrador. 37. – MANOEL MOURÃO, cabra, casado, morador na Fazenda Boa Vista, lavrador. 38. – MANOEL DA CRUZ LIMA, pardo, casado, morador na Fazenda Boqueirão, lavrador. 39. – PEDRO NOLASCO DE PINHO, pardo, solteiro, morador na Fazenda Boqueirão, lavrador. 40. – SIMÃO SOARES DOS REIS, pardo, solteiro, morador no Pedrão, lavrador. Aos 02 de julho de 1823, após a entrada triunfal na Cidade do Salvador, Frei Brayner guarneceu com sua tropa, a Capital, enquanto se organizavam as tropas de 1ª linha, até que passou à Corte do Rio de Janeiro. Apresentou-se ao SMI, requerendo remuneração dos serviços de Soldo de Capitão de 1ª Linha, o qual recebeu conforme Decreto de 12 de Fevereiro de 1824. Ocupou o lugar de Capelão da Relação Civil e foi agraciado com as comendas de Cristo e do Cruzeiro. Em, 02 de Março de 1826, o Imperador concedeu a dispensa de 1ª e 2ª Linhas à todos os indivíduos que serviram na Guerrilha Imperial dos Voluntários de Pedrão. Frei Brayner ao dispensar pessoalmente os seus soldados disse: “O PRÊMIO DOS VOSSOS TRABALHOS, DEPOIS DA GLÓRIA CONQUISTADA, SERÁ O DESCANSO EM VOSSAS CASAS ATÉ QUE A PATRIA OUTRA VEZ NOS CHAMAR”. Anualmente, no dia 02 de julho, na Cidade do Salvador, como guardião do cortejo homenageando esta data, aparecem desfilando, representantes dos vaqueiros imortais “Encourados de Pedrão”. Essa tropa recebeu vários nomes: - O próprio Frei Brayner denominava-os de: VOLUNTÁRIOS DE PEDRÃO, GUERRILHA IMPERIAL DOS VOLUNTARIOS DE PEDRÃO, COMPANHIA DE CAVALARIA DE COURAÇAS, ou, simplesmente, ENCOURADOS. - O historiador Acioly denominava-os de GUERRILHA IMPERIAL DE PEDRÃO. - Aristides Milton denominava-os: COMPANHIA GUERRILHEIRA DOS COURAÇAS e GUERRILHA IMPERIAL DOS VOLUNTARIOS DE PEDRÃO. - O Doutor Corrêa Garcia: COMPANHIA DOS COURAÇAS DE PEDRÃO. - Ladislau Titara chamava-os: GUERRILHA IMPERIAL DOS VOLUNTARIOS DE PEDRÃO E GUERRILHA VOLUNTARIA DO IMPERADOR. - Em, 16 de Novembro de 1850, faleceu o Frei José Maria do Sacramento Brayner, sendo sepultado na Matriz do Santíssimo Sacramento de Itaparica, onde era vigário. Os ENCOURADOS DE PEDRÃO, sempre foram exaltados por historiadores e poetas, pela coragem e bravura registradas nos campos de guerra pela independência da Bahia. Em, 02 de julho de 1944, Artur Sales, grande poeta baiano, fez os seguinte versos:

Pirajá

Tendo recebido reforços, Madeira de Melo desferiu um grande golpe contra as tropas brasileiras em Pirajá, conduzindo suas forças para a Estradas das Boiadas (ver também: Liberdade). Assim registrou Tobias Monteiro, em "A elaboração da independência":

A luta foi tremenda, a resistência heróica; mas após quase cinco horas de refregas, acudindo reforços chegados da cidade e para não ver o exército bipartido, os independentes estavam ao ponto de recuar e escolher na retaguarda melhor ponto de defesa.
Já galgavam os atacantes as encostas dos montes, certos de levar de vencida o inimigo, quando ouviram o toque sinistro de avançar cavalaria e degolar. O corneta, a quem o major Barros Falcão, que comandava a ação naquele ponto, dera ordem de tocar retirada, trocara, por conta própria, o toque destinado a anunciar a derrota dos irmãos de armas, pelo do ataque inesperado, donde veio a desordem e o pânico dos portugueses. (nota abaixo sobre o Corneteiro Lopes)
O estratagema providencial de Luís Lopes, que assim se chamava esse lusitano aderente à causa do Brasil, transformou subitamente a ação. Espantados da presença dessa cavalaria imaginária, com que não contavam, os portugueses estremeceram indecisos e, por fim, recuaram. Sem perda de um momento, prevalecendo-se os brasileiros da situação, ordenaram a carga de baioneta. As hostes quase vitoriosas vinham agora de roldão sobre a planície, fugindo amedrontadas, envolvendo as reservas na mesma dispersão e na mesma derrota.
Depois desse desastre e do último malogro da ação sobre Itaparica, o exército de Madeira ficou em total abatimento, que não pôde renovar reforços para dominar além da capital.
Em maio de 1823, chegou à costa da província a esquadra comandada por Thomas Cochrane, para participar do bloqueio marítimo à capital da província. A derrota final de Madeira se deu em 2 de julho de 1823.


Folclore da Independência

Uma luta tão duradoura, tão visceralmente ligada às aspirações de um povo, deixou um variado legado no folclore.

O historiador José Calasans registrou algumas quadrinhas que eram cantadas, de ambos os lados (portugueses e brasileiros):

Dos portugueses, parodiando o Hino do Brasil:
Brava gente brasileira
Do gentio da Guiné
Que deixou as cinco chagas
Pelos ramos do café.
"cinco chagas" referia-se à bandeira portuguesa
"ramos do café", alusão à bandeira adotada por Pedro I.
Dos brasileiros, contra seus adversários, as quadrinhas:
Labatut jurou a Pedro,
Quando lhe beijou a mão,
Botar fora da Bahia
Esta maldita nação!
O Madeira queria
se coroar!
Botou uma sorte,
Saiu-lhe um azar!

Nas batalhas
Intervenções divinas:

Regista ainda Calasans fato narrado pelo folclorista João da Silva Campos, em que Santo Antônio protagonizara curiosa intervenção na retirada das tropas do brigadeiro Manuel Pedro de Salvador, possibilitando assim a organização das forças de resistência em Cachoeira: "A soldadesca d'el-rei deu para trás com precipitação, ante os repetidos golpes do estranho guerreiro de burel que, ao demais, parecia blindado contra as balas (...) Mais tarde explicaram os reinóis a causa de haverem cedido terreno àqueles. Então os nacionais, que não tinham visto frade algum à testa dos seus pelotões, atribuíram a Santo Antônio a façanha de, esposando a causa da Independência do Brasil, haver-se oposto de arma em punhos aos seus compatriotas".

Já na batalha do Rio Vermelho foi a aparição da Senhora Santana que, estando as tropas descansando, avisou-as da chegada do inimigo, evitando assim o ataque surpresa e possibilitou a vitória aos brasileiros.

O Corneteiro Lopes:

Também atribuído ao folclore a existência do corneteiro português lutando pelas trincheiras baianas que, na decisiva Batalha de Pirajá, recebera a ordem de tocar a "retirada" e inverteu o toque para "avançar cavalaria, a degolar", apavorando os portugueses em franca vantagem e enchendo de inaudito ânimo as tropas brasileiras que venceram a batalha.

O "Caboclo"


Importante participação nas lutas teve o elemento indígena. Sobretudo representava o "verdadeiro brasileiro", o dono da terra, que somara seus esforços aos demais combatentes. A Bahia rendeu-lhe homenagens sempre ostensivas e, em 1896, no monumento erguido na capital baiana, o caboclo encima - tal qual a figura do Almirante Nelson no monumento a Trafalgar, em Londres - aquele importante marco.

Na cidade de Caetité, que todos os anos festeja o 2 de Julho com grande pompa, a cabocla surge num dos carros, matando o "Dragão da Tirania", que representa o colonizador vencido.

Resquícios: o "Mata Maroto"


A história regional baiana confirma que na área do São Francisco ocorreram disputas entre brancos nacionais, que participavam da luta pela independência do Brasil em 1823, e portugueses “em um movimento conhecido na região como Guerra Mata-Maroto”.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

TUDO TEM O SEU TEMPO CERTO DE ACONTECER

"Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu..." Eclesiastes 3. 1
Existem momentos na vida que são únicos, mas eternos. Jamais podem ser apagados de nossas mentes. Por mais que planejemos e nos preparemos para a vida, tudo acontece na hora certa e da maneira certa.

Há motivos para que uma porta se feche... para que uma lágrima role do rosto...
Sempre após um temporal, vem a calmaria.
"O choro pode durar uma noite, entretanto a alegria vem ao amanhecer".
Tenho vivenciado muito isso em minha vida. Você busca, caminha, procura... e não encontra. "As coisas acontecem no tempo certo".

Sou um Historiador. Amo a história. Amo minha Cidade e a sua história. Conheço muitos pontos de nossa Cidade Maravilhosa, meu querido Rio de Janeiro. Muitos lugares eu já conheci... já fui uma vez ou até mais de uma. Outros lugares ainda não tive a oportunidade de conhecer ou por não proporcionar isso a mim. Mas como tudo tem o seu tempo...

Bem, me foi proporcionada a oportunidade de conhecer o famoso MOSTEIRO DE SÃO BENTO.
Mais muito mais de conhecer o Mosteiro, compartilhar essa expeiência foi algo muito sublime. Me senti tão bem... tanta paz. Minha tarde não poderia ter sido tão boa como aquela... o almoço... o lanche... o olhar... o cheiro... a simplicidade e simpatia estampada nos olhos. Realmente foi um momento especial, único e sublime que jamais me esquecerei e sei que jamais esquecerá. A certeza de que muitos outros momentos acontecerão me fazem perceber que um dia a felicidade bate a sua porta quando você menos espera... quando você não procura mais... Obrigado por esses momentos.

Bem, você conhece a história do MOSTEIRO? Para esse relato histórico me utiliezei das fontes exibidas no site wikipédia. Então vamos lá:

O Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro é um histórico mosteiro localizado na cidade do Rio de Janeiro, no Brasil.
Erguido no morro de São Bento, no
centro histórico da cidade, é um dos principais monumentos de arte colonial da cidade e do país.

O Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro foi fundado por monges beneditinos vindos da Bahia em 1590. O mosteiro ainda funciona como tal, existindo a seu lado um dos estabelecimentos educacionais mais importantes e tradicionais do Rio de Janeiro: o Colégio de São Bento, fundado em 1858, que formou uma parte considerável de personalidades brasileiras, como Pixinguinha, Benjamin Constant, Noel Rosa, Antônio Silva Jardim, Villa-Lobos, e outros.

A história do mosteiro começa em 1590, quando foi dado aos monges beneditinos do Rio de Janeiro um vasto terreno que inclui o atual morro de São Bento. Os planos do edifício foram traçados em 1617 pelo engenheiro militar português Francisco Frias de Mesquita, segundo a estética maneirista despojada (chã) vigente em Portugal naquele período. As obras da igreja do mosteiro só começaram em 1633, pela capela-mor, e terminaram aproximadamente em 1671. O projeto original foi alterado durante a construção pelo arquiteto Frei Bernardo de São Bento Correia de Souza, com a igreja passando de uma a três naves.

A fachada é a do projeto original maneirista, com um corpo central com três arcos de entrada e um frontão triangular. Flaqueiam a entrada duas torres coroadas por pináculos piramidais. Passando os arcos de entrada se encontra uma galilé com azulejos e portões de ferro do século XIX. O mosteiro anexo à igreja só foi concluído em 1755, com a construção do claustro, projetado pelo engenheiro militar José Fernandes Pinto Alpoim.

O interior da igreja é riquíssimo, totalmente forrado com talha dourada que vai do estilo barroco de fins do século XVII ao rococó da segunda metade do século XVIII. O primeiro escultor ativo na igreja foi o monge português Frei Domingos da Conceição (c. 1643 - 1718) que desenhou e esculpiu parte da talha da nave e capela-mor (a da capela foi substituída depois). São suas as magníficas estátuas da nave de São Bento e Santa Escolástica e, no altar-mor da igreja, a Nossa Senhora de Montserrat (titular da igreja), além de outras obras. A partir de 1714 seu projeto foi seguido pelos entalhadores Alexandre Machado Pereira, Simão da Cunha e José da Conceição e Silva, que entalharam a maior parte da talha da nave e várias imagens.

Entre 1789 e 1800 trabalhou na igreja um dos grandes escultores do rococó do Rio de Janeiro, Inácio Ferreira Pinto. Mestre Inácio refez a capela-mor (1787 - 1794), preservando porém detalhes anteriores como as telas sobre a vida de santos beneditinos, as quais haviam sido pintadas entre 1676 e 1684 pelo monge alemão Frei Ricardo do Pilar. A bela capela rococó do Santíssimo Sacramento (1795 - 1800) é também obra de mestre Inácio. Os lampadários junto à capela-mor foram projetados e executados entre 1781 e 1783 por Mestre Valentim. Na sacristia do mosteiro está a obra-prima do pintor Frei Ricardo, uma tela representando o Senhor dos Martírios pintada cerca de 1690.

Dentro da igreja existem ainda sete capelas laterais de irmandade: Capela de Nossa Senhora da Conceição (Concepção), Capela de São Lourenço, Capela de Santa Gertrudes, Capela de São Brás, Capela de São Caetano, Capela de Nossa Senhora do Pilar e Capela de Santo Amaro.
Atualmente existem visitas monitoradas à igreja, onde são apresentadas e explicadas as obras, imagens, talhas e estilos arquitetônicos, entre outros.

O abade atual é D. Roberto Lopes, OSB.

A tradicional missa dominical do Mosteiro de São Bento, celebrada com canto gregoriano, única na capital fluminense, atrai muitos visitantes. É um evento que faz parte do roteiro turístico da cidade; tão concorrido que se recomenda a chegada com cerca de trinta minutos de antecedência. Também apresentam-se regularmente no Mosteiro orquestras e grupos de música de câmera.
Vale a pena visitar. Não só pela sua beleza arquitetônica, as obras de arte sacra, mas principalmente pelo ambiente harmonioso de paz e alta espiritualidade. Se você quer um ambiente onde você pode meditar e refletir. Vá ao Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro.
O Mosteiro está aberto diariamente no horário das 7:00 às 18:00 h. Exige-se traje adequado para ingressar no templo, pois este é um lugar sagrado, casa de Deus. A clausura não é aberta à visitação, com exceção de alguns dias no ano, onde os fiéis em procissão têm acesso ao claustro. Os setores em geral, incluindo o Colégio, funcionam no horário comercial.
Endereços do Mosteiro: Acesso pela rampa: Rua Dom Gerardo, 68 - Centro - Rio de Janeiro - RJ Acesso pelo elevador: Rua Dom Gerardo, 40, 5º andar Endereço para correspondência: Caixa Postal 2666 - CEP 20001-970 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil Telefone: (21) 2206-8100 - FAX: (21) 2263-5679

quinta-feira, 18 de junho de 2009

AINDA NÃO PASSOU




Triste é não chorar

Sim eu também chorei

E não, não há nenhum remédio

Pra curar essa dor

Que ainda não passou

Mas vai passar!

A dor que nos machucou

E não, não há nenhum relógio

pra fazer voltar... O tempo voa!


Triste é não chorar

Sim eu também chorei

E não, não há nenhum remédio

Pra curar essa dor

Que ainda não passou

Mas vai passar!

A dor que nos machucou

E não, não há nenhum relógio

pra fazer voltar... O tempo voa!


Eu não suporto ver você sofrer

Não gosto de fazer ninguém querer riscar o seu passado

E o que passou, passou

E o que marcou, ficou

Se diferente eu fosse será que eu teria sido amado?

Por você, por você


(Nando Reis)

MINHA MISSÃO


Quando eu canto

É para aliviar meu pranto

E o pranto de quem já

Tanto sofreu

Quando eu canto

Estou sentindo a luz de um santo

Estou ajoelhando

Aos pés de Deus

Canto para anunciar o dia

Canto para amenizar a noite

Canto pra denunciar o açoite

Canto também contra a tirania

Canto porque numa melodia

Acendo no coração do povo

A esperança de um mundo novo


E a luta para se viver em paz!

Do poder da criação

Sou continuação

E quero agradecer

Foi ouvida minha súplica

Mensageiro sou da música

O meu canto é uma missão

Tem força de oração

E eu cumpro o meu dever

Aos que vivem a chorar

Eu vivo pra cantar

E canto pra viver


Quando eu canto, a morte me percorre

E eu solto um canto da garganta

Que a cigarra quando canta morre

E a madeira quando morre, canta!