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sexta-feira, 12 de agosto de 2016

O NATAL NÃO TERMINOU

O NATAL NÃO TERMINOU

“Pai, que nos deste teu unigênito Filho para que tomasse sobre si a nossa natureza, e nascesse, neste tempo, de uma virgem pura; concede que nós, pessoas renascidas e feitas teus filhos e filhas por adoção e graça, tenhamos de dia em dia a renovação do teu Santo Espírito; mediante nosso Senhor Jesus Cristo, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém. ”

            O Natal não terminou? Não. O Ciclo se inicia com a Vigília de Natal e dura até a Epifania do Senhor (06 de janeiro de 2017). Mas vamos a reflexão da nossa semana.
            Ouvimos nesse ano, precisamente no dia 25 de dezembro de 2016, duas tradicionais e inspiradoras mensagens de natal que gostaríamos de compartilhar com vocês. A primeira é a “Urbi et Orbi”, que significa “à cidade de Roma e ao mundo” do Papa Francisco e a segunda, a tradicional Mensagem de Natal da Rainha Elizabeth II.


A PRIMEIRA, o Pontífice, inicia com o trecho do profeta Isaías, capítulo 9, versículo 6, conhecido de todos nós: “Afinal, um menino nos nasceu, um filho nos foi concedido, e o governo está sobre os seus ombros. Ele será chamado Conselheiro-Maravilhoso, Deus Todo Poderoso, Pai-Eterno; Sar-Shalom, Príncipe-da-paz.” (KJA).
            O Papa reflete que o poder deste Menino não é o poder deste mundo, baseado na força e na riqueza; é o poder do amor. É o poder que criou o céu e a terra, que dá vida a toda a criatura: aos minerais, às plantas, aos animais; é a força que atrai o homem e a mulher e faz deles uma só carne, uma só existência; é o poder que regenera a vida, que perdoa as culpas, reconcilia os inimigos, transforma o mal em bem. É o poder de Deus. Este poder do amor levou Jesus Cristo a despojar-Se da sua glória e fazer-Se homem; e levá-Lo-á a dar a vida na cruz e ressurgir dentre os mortos. É o poder do serviço, que estabelece no mundo o reino de Deus, reino de justiça e paz.
            Por isso, o nascimento de Jesus é acompanhado pelo canto dos anjos que anunciam, conforme o Evangelho segundo São Lucas 2. 14: “Glória a Deus nos mais altos céus, e paz na terra às pessoas que recebem a sua graça!”. (KJA).
            Nosso irmão, o Papa Francisco, continua a sua mensagem falando sobre a Guerra na Síria, sobre tudo a cidade de Alepo; sobre a Terra Santa onde vivem israelitas e palestinenses, para que o ódio e a vingança cedam o lugar à vontade de construir, juntos, um futuro de mútua compreensão e harmonia; para que haja unidade e concórdia no Iraque, na Líbia e o Iémen, onde as populações padecem a guerra e brutais ações terroristas; nas várias regiões da África, especialmente na Nigéria, onde o terrorismo fundamentalista usa mesmo as crianças para perpetrar horror e morte; Paz no Sudão do Sul e na República Democrática do Congo, para que sejam sanadas as divisões preferindo a cultura do diálogo à lógica do conflito; o leste da Ucrânia, onde urge uma vontade comum de levar alívio à população e implementar os compromissos assumidos; ao povo da Colômbia, que anela realizar um novo e corajoso caminho de diálogo e reconciliação; na Venezuela, para empreender os passos necessários para pôr fim às tensões atuais e edificar, juntos, um futuro de esperança para toda a população; o Myanmar, para consolidar os esforços por favorecer a convivência pacífica, prestar a necessária proteção e assistência humanitária a quantos, delas, têm grave e urgente necessidade; a Península Coreana ver as tensões que a atravessam superadas num renovado espírito de colaboração.
O Papa Francisco conclui, quase que com um grito da alma, clamando por PAZ:
“Paz para quem foi ferido ou perdeu uma pessoa querida por causa de brutais atos de terrorismo, que semearam pavor e morte no coração de muitos países e cidades. Paz – não em palavras, mas real e concreta – aos nossos irmãos e irmãs abandonados e excluídos, àqueles que padecem a fome e a quantos são vítimas de violência. Paz aos deslocados, aos migrantes e aos refugiados, a todos aqueles que hoje são objeto do tráfico de pessoas. Paz aos povos que sofrem por causa das ambições econômicas de poucos e da avidez insaciável do deus-dinheiro que leva à escravidão. Paz a quem suporta dificuldades sociais e econômicas e a quem padece as consequências dos terremotos ou doutras catástrofes naturais.
E paz às crianças, neste dia especial em que Deus Se faz criança, sobretudo às privadas das alegrias da infância por causa da fome, das guerras e do egoísmo dos adultos.
Paz na terra a todas as pessoas de boa vontade, que trabalham diariamente, com discrição e paciência, em família e na sociedade para construir um mundo mais humano e mais justo, sustentadas pela convicção de que só há possibilidade dum futuro mais próspero para todos com a paz
Queridos irmãos e irmãs!
“Um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado”: é o “Príncipe da Paz”. Acolhamo-lo!
A vós, queridos irmãos e irmãs, congregados de todo o mundo nesta Praça e a quantos estão unidos conosco de vários países através do rádio, televisão e outros meios de comunicação, formulo os meus cordiais votos.
Neste dia de alegria, todos somos chamados a contemplar o Menino Jesus, que devolve a esperança a todo o ser humano sobre a face da terra. Com a sua graça, demos voz e demos corpo a esta esperança, testemunhando a solidariedade e a paz. Feliz Natal para todos!”

          


A SEGUNDA, e breve Mensagem de Natal, foi da Rainha Elizabeth II, fala sobre os vencedores dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos ocorridos no Rio de Janeiro nesse ano de 2016. E no caso da Inglaterra e a Commonwealth of Nations (organização intergovernamental composta por 53 países membros independentes. Todas as nações membros da organização, faziam parte do Império Britânico, do qual se desenvolveram, mas, que cooperam num quadro de valores e objetivos comuns como a promoção da democracia, direitos humanos, boa governança, Estado de Direito, liberdade individual, igualitarismo, livre comércio, multilateralismo e a paz mundial), muitos dos vencedores deste ano falaram sobre se sentirem inspirados por atletas de gerações anteriores. A inspiração alimentou sua aspiração; E tendo descoberto habilidades que mal sabiam que tinham, esses atletas agora estão inspirando outros.
            Mas diz a Rainha, que para ser inspirador você não tem que salvar vidas ou ganhar medalhas. Muitas vezes, ela se inspira ao encontrar pessoas comuns fazendo coisas extraordinárias: voluntários, cuidadores, organizadores comunitários e bons vizinhos; Heróis desconhecidos cuja dedicação silenciosa os torna especiais. Eles são uma inspiração para aqueles que os conhecem, e suas vidas frequentemente incorporam uma verdade expressa por Madre Teresa de Calcutá: “Nem todos nós podemos fazer grandes coisas. Mas podemos fazer pequenas coisas com grande amor.” Como bem expressou o Papa Francisco mais acima: “o poder do amor”.
            Ela destaca as muitas organizações de caridade da qual ela é patronesse. Algumas de tamanho modesto, mas a inspira a com o trabalho que realizam. Dando amizade e apoio aos veteranos, idosos ou enlutados; a defender a música e a dança; promover o bem-estar dos animais; ou proteger campos e florestas, sua devoção desinteressada e generosidade de espírito é um exemplo para todos nós.
            A Rainha continua:

“Quando as pessoas enfrentam um desafio, elas às vezes falam sobre respirar fundo para encontrar coragem ou força. Na verdade, a palavra ‘inspirar’ significa literalmente ‘respirar’. Mas mesmo com a inspiração dos outros, é compreensível que às vezes pensemos que os problemas do mundo são tão grandes que pouco podemos fazer para ajudar. Sozinhos, não podemos acabar com guerras ou eliminar a injustiça, mas o impacto cumulativo de milhares de pequenos atos de bondade pode ser maior do que imaginamos”.

Ela conclui:

“No Natal, nossa atenção é atraída para o nascimento de um bebê há cerca de 2.000 anos. Foi o mais humilde dos começos, e seus pais, José e Maria, não pensavam que eles fossem importantes. Jesus Cristo viveu na obscuridade durante a maior parte de sua vida, e nunca viajou muito longe. Ele foi criticado e rejeitado por muitos, embora ele não tivesse feito nada de errado. No entanto, bilhões de pessoas agora seguem seus ensinamentos e encontram nele a luz que guia suas vidas. Eu sou uma delas porque o exemplo de Cristo me ajuda a ver o valor de fazer pequenas coisas com grande amor, não importando quem as faz e no que elas mesmas acreditam. A mensagem de Natal nos lembra que a inspiração é um dom a ser dado, bem como recebido, e que o amor começa pequeno, mas sempre cresce. Desejo a todos um feliz Natal.

Grandes lições podemos tirar dessas duas preciosas mensagens de natal. O poder do amor; interceder pelos povos em guerras; orar pelas crianças inocentes vítimas das atrocidades dos adultos; inspirar outros a aspiração, não em troca de uma medalha, mas a prática do bem; ao engajamento em instituições de caridade; a cuidar dos idosos; assistir os enlutados; a cuidar, proteger e denunciar maus tratos dos animais; a cuidar da natureza, tudo sem interesse algum.
            Inspiremo-nos nos VERDADEIROS exemplos de tantos que vieram antes de nós, e nesse caso, Jesus, já que estamos comemorando o Natal. E como disse a Rainha: “Eu sou uma delas porque o exemplo de Cristo me ajuda a ver o valor de fazer pequenas coisas com grande amor, não importando quem as faz e no que elas mesmas acreditam. A mensagem de Natal nos lembra que a inspiração é um dom a ser dado, bem como recebido, e que o amor começa pequeno, mas sempre cresce”.
            Deus nos abençoe. Um Feliz Natal a todos.
            Estamos orando por vocês.

Diác. Nelson de Paula Pereira
Historiador
contato@nelsondepaula.com
nelsondepaula.com

157 ANOS DA CHEGADA DO REV. ASHBEL GREEN SIMONTON AO BRASIL

Rev. Ashbel Green Simonton (1833-1867)

Hoje, 12 de agosto, comemoramos a chegada do Rev. A. G. Simonton ao Rio de Janeiro, Brasil, e não o aniversário da Igreja Presbiteriana do Brasil, pois a primeira igreja organizada só ocorreu em 12 de janeiro de 1862, a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro.

Abaixo, trechos do "Diário de Simonton" (SIMONTON, Ashbel Green. Diário. São Paulo: 2002, 2ª edição).

Uma homenagem ao nosso Pioneiro. Nesse mesmo Blog você encontrará uma matéria mais detalhada da vida desse jovem missionário. 

Acesse:

http://depaulaohistoriador.blogspot.com.br/2011/08/12-de-agosto-de-1859-desembarca-no-rio.html

Um forte abraço,

Diác. Nelson de Paula Pereira
Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro
www.nelsondepaula.com



Quinta-feira, 11 de agosto de 1859, 9 da manhã
Podemos ver o arrojado promontório do Cabo Frio a cerca de sete milhas. Em dias claros pode ser visto a trinta milhas de distância. É, para o viajante ao Rio, o que as colinas Neversink são para o porto de Nova York: ponto de partida e ponto de regresso.

Cabo Frio s/d

Quinta-feira, 9 da noite
Estamos agora sem vento à entrada do porto do Rio. A famosa montanha do Pão de Açúcar e o Corcovado estão bem visíveis, iluminados pela luz da lua cheia a dez ou doze milhas de distância; o pesado som das ondas batendo nas pedras da praia enche o silêncio da noite. Subi a uma verga, justamente quando o sol se punha atrás do Corcovado, e fiquei quase uma hora observando o crepúsculo. Sentiria dificuldade em descrever a emoção que tomou conta de mim ao ver aqueles picos altaneiros dos quais tenho ouvido falar e lido tantas vezes, os quais me dizem que a viagem terminou e cheguei ao meu novo lar e campo de trabalho. Minhas emoções eram tão conflitantes que não seria possível descrevê-Ias com fidelidade. Os sentimentos predominantes eram o contentamento pelo final feliz de uma longa viagem e o temor pela grande responsabilidade e pelas dificuldades do trabalho que esperava por mim. Minhas razões de alegria são fáceis de entender, mas a incerteza do futuro pesa solene e temivelmente, a ponto de moderar as expressões de contentamento.

Marc Ferrez. Entrada da baía de Guanabara, vista de Niterói, c. 1890. Rio de Janeiro, RJ / Acervo IMS
Vista do Rio de Janeiro, 1859. Desenho de J. Schroeder/Gravadores Gilquin e Dupain

Sexta-feira, 12 de agosto de 1859, 9:30 da manhã
Estou acordado desde as quatro da manhã observando as manobras para adentrar o porto contra o vento e a maré. É um lugar lindo, o mais singular e impressionante que jamais vi. Nunca teria imaginado tal porto, com beleza sublime, protegido de ventos e ondas, e capaz de defesa contra ataques de mar ou de terra. Está em uma baía rodeada de curiosas ilhas de pedra, altas e sólidas. Algumas parecem ovos flutuando na água com uma das pontas para cima; outras, a outra ponta. Nos topos de algumas, igrejas ou casas de lazer se equilibram. Uma dessas casas parece ninho de ave em cima de uma torre de igreja, a quase 1.100 pés de altura. A entrada do porto tem somente meia milha de largura; de um lado há um arrojado promontório, sobre o qual está a Fortaleza de Santa Cruz," com pesados canhões protegendo as muralhas; do outro lado alteia-se o Pão de Açúcar a uma altura de 1.200 pés. Estamos ainda na entrada do porto, mudando de curso a cada minuto, ora na direção do forte, ora chegando a pequena distância do Pão de Açúcar. A água é tão profunda que a única preocupação dos navegantes é não quebrar o mastro horizontal da proa batendo de um ou outro lado. A cidade está a cerca de duas milhas, sobre uma grande extensão de vales e montanhas; brilha ao sol com suas paredes caiadas de branco. Fazendo fundo para essa linda pintura, há uma cadeia de morros altos e montanhas. Desfiz-me de minha roupa de viagem, dando-a ao cabineiro em agradecimento pelos serviços que me prestou durante a jornada. Estou pronto para desembarcar.

Leuzinger, Georges (1867)



Praia de Botafogo, com o morro do Corcovado ao fundo, 1862 | Augusto Stahl / Coleção Gilberto Ferrez / Acervo IMS







Glória 1865

terça-feira, 26 de julho de 2016

A ESCOLA MUNICIPAL REV. ÁLVARO REIS E OUTRAS HISTÓRIAS

Rev. Álvaro Reis

“O primeiro dever do historiador é não trair a verdade, não calar a verdade, não ser suspeito de parcialidades ou rancores.” 
Marco Túlio Cícero (106 a.C. - 43 a.C.)

         

    Em 2010, por conta do Centenário do Instituto Presbiteriano Álvaro Reis de Assistência à Criança e ao Adolescente – INPAR, iniciamos uma jornada de pesquisas, em arquivos públicos e privados, livros e publicações, sites e entrevistas com familiares do Rev. Álvaro Reis. O resultado disso não gerou duas grandes obras de referência que destacamos no final do texto. Esperamos que você goste do texto.

O Rev. Álvaro Emygdio Gonçalves dos Reis (1864-1925), foi figura expoente no meio protestante, na sociedade brasileira e internacionalmente. Como o intuito da nossa pesquisa não visa destacar com propriedades a figura desse Tribuno e sim a Escola Municipal e outros que levam o seu nome, nos deteremos a essas questões.


Seu nome foi imortalizado em nome de escolas, como é o caso da Escola Municipal Reverendo Álvaro Reis, que numa primeira fase, nas décadas de 1960/1970, funcionou na Rua das Laranjeiras, 397, onde hoje está funcionando a Escola Municipal José de Alencar. Em 08/03/1976 a Escola Municipal Rev. Álvaro Reis foi reinaugurada na Estrada Adhemar Bebiano, 4341 (antiga Estrada Velha da Pavuna), no Bairro do Engenho da Rainha. Nas dependências do INPAR, em 1963, o Estado da Guanabara manteve um Colégio Estadual Rev. Álvaro Reis.

Escola Rev. Álvaro Reis


Também logradouros públicos receberam o seu nome. O primeiro surgiu através de um decreto municipal. O referido logradouro recebeu esse nome em 24/12/1927., dois anos após o falecimento do Rev. Álvaro Emygdio Gonçalves dos Reis, através do Decreto nº 2.716, a saber:




DECRETO Nº 2.716 DE 24 DE DEZEMBRO DE 1927
Dá a denominação de “Praça Rev. Álvaro Reis” ao logradouro situado no encontro das ruas Frei Caneca, Estácio de Sá e Avenida Salvador de Sá, no 12º Distrito – Espírito Santo.
O Prefeito do Distrito Federal:
Atendendo a’ solicitação do Conselho, e usando das atribuições que a lei lhe confere, decreta:
Artigo único – Fica denominada “Praça Rev. Álvaro Reis, a’ praça formada no encontro das ruas Frei Caneca, Estácio de Sá e Avenida Salvador de Sá, no 12º Distrito – Espírito Santo.
Distrito Federal, 24 de dezembro de 1927.
39º da República
Antonio Prado Júnior

Tal decretou partiu da Câmara Municipal do Distrito Federal através de um membro do Conselho Municipal, Alberto Silvares que além de integralista, era espírita. Ele, em 10/10/1927 apresentava a sua proposta a Câmara, a saber:

“Indico que por intermédio da Mesa se oficie ao Exmo. Sr. Prefeito no sentido de ser dada a denominação de Pastor Álvaro Reis a uma das ruas do Distrito Federal. Sala das Sessões, 10 de outubro de 1927. – Alberto Silvares”.

O Conselho Municipal aprovou em sua sessão de 10, unanimemente a indicação com a seguinte justificativa:

“O pastor protestante Álvaro Reis, morto há tempos nesta cidade foi um homem de notável saber, sincero e esforçado na sua ação evangélica, segundo o seu ponto de vista. Teve uma vida de verdadeiro sacerdote, dedicada exclusivamente aos ideais a que se dedicou de corpo e alma. O Conselho aprovou há pouco, uma homenagem por mim solicitada, ao codificador do Espiritismo, Allan Kardec. Estou certo, fará justiça a minha nova iniciativa, homenageando um vulto digno de ter em uma das ruas da cidade o seu nome honrado e digno.”

Inauguração da primeira Praça Rev. Álvaro Reis. A Igreja Presbiteriana Livres, destacada na matéria da revista, refere-se a uma igreja organizada por um grupo de dissidentes que se formou após a morte do Rev. Álvaro Reis – fotografia da Revista da Semana, RJ 28/01/1928.



Em 2010, no ano do centenário do INPAR, a Praça Reverendo Álvaro Reis foi transferida para a Cidade Nova, no encontro das ruas Visconde Duprat, Julio do Carmo e Afonso Cavalcanti. A inauguração se deu em 30 de dezembro de 2010, com a presença das crianças do INPAR, o Rev. Guilhermino Cunha, a Diretoria do INPAR e muitos irmãos e amigos. Na praça foi colocado um monumento em que figuram o Rev. Álvaro Reis, duas crianças representando o INPAR, uma estante com livros e uma caldeira para que os visitantes, moradores e turistas possam ser fotografados junto desse conjunto escultórico.
            Em outros Estados brasileiros existem outros logradouros públicos que foram homenageados com o nome do nosso saudoso Pastor, em Anápolis, GO; em Governador Valadares, MG; no Rio de Janeiro; em Duque de Caxias, RJ; em Campinas, SP e em São Paulo.
            Essas são algumas referências, sem contar as comunidades em redes sociais.







Quem lê sabe mais!
Miguel de Cervantes Saavedra 
(1547-1616)

Conhecimento é poder!
Thomas Hobbes (1588-1679)
(da obra “O Leviatã”)





Diác. Nelson de Paula Pereira
Historiador





Praça Rev. Álvaro Reis, 2010




Fontes:
- Boletim da Prefeitura do Distrito Federal (Rio de Janeiro). Poder Executivo, p. 98. Publicado pela Secretaria do Gabinete Prefeito. 1927, ano LXV, Julho-Dezembro. Oficinas Gráficas do Jornal do Brasil. Av. Rio Branco, 112, 1928.
- GADELHA, Irene Frossard. PEREIRA, Nelson de Paula. INPAR: Cem anos de bênçãos e trabalho. Rio de Janeiro: 2010.
- PEREIRA, Nelson de Paula. OLIVEIRA, Nilson de. VIANNA, Ruth Pessanha. História da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro: 1862-2012. Rio de Janeiro: 2012.
- Revista da Semana. Ano XXIX. Nº 6. RJ, 28 de janeiro de 1928.

sábado, 21 de maio de 2016

Domingo da Santíssima Trindade




Data da Idade Média a tradição da Igreja de dedicar o primeiro domingo após Pentecostes à celebração da Trindade Santíssima, o que é oportuno, uma vez que foi somente após o Grande Pentecostes (Atos dos Apóstolos 2.1-11) que a doutrina trinitária foi proclamada ao mundo. Trata-se de um dia especialmente dedicado à contemplação do mistério da fé no Deus trino, no qual a cor branca deve predominar nos paramentos e vestes litúrgicas, evocando a luz e a santidade do Deus que é “Santo, Santo, Santo” (Isaías 6.3; Apocalipse 4.8). Assim, sendo verdadeiramente digno, justo, necessário e salutar que sempre e em toda parte rendamos glória e louvor ao Deus que, sendo um, é também três - Pai, Filho e Espírito Santo -, hoje, em especial, unimos nossas vozes às do coro celestial (Apocalipse 4.8) a proclamar: “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso (...)”.

FONTE: IP Copa EM REVISTA - Nº 127 - Ano 3 - Maio de 2016.

Imagem: Pintura: Andrei Rublev - Santíssima Trindade.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Domingo da Igreja Perseguida - DIP




No próximo domingo, 22/05, é o dia do DIP. Você sabe o que é o DIP? Vamos lá:

O que é o DIP?

O Domingo da Igreja Perseguida (DIP) é um dia de intercessão pelos cristãos perseguidos ao redor do mundo. Estima-se que, atualmente, 100 milhões de cristãos enfrentam algum tipo de hostilidade por causa da sua fé em Jesus.

O evento idealizado pelo Irmão André (fundador da Portas Abertas) acontece no Brasil desde 1988 e tem como objetivo servir aos cristãos perseguidos e conscientizar a igreja brasileira a respeito da perseguição religiosa.

Queremos desafiar você a participar do Domingo da Igreja Perseguida 2016, no dia 22 de maio, para orar juntamente a milhares de cristãos em favor dos nossos irmãos e irmãs no Iraque e na Síria.

Participe do DIP 2016, um momento de oração para que o Senhor fortaleça nossos irmãos perseguidos a perseverar e permanecer firmes no evangelho. Mobilize sua igreja, cadastre-se e faça parte desse dia especial.

Tema DIP 2016
O DIP é um movimento de oração para que a Igreja Perseguida tenha perseverança, paciência e alegria por estar firme em Cristo Jesus. Neste ano, convidamos você para se juntar a nós para orar e agir em favor dos cristãos no Iraque e Síria.

Atualmente, o extremismo islâmico é de longe a mais significativa fonte de perseguição no mundo. 70% dos países listados pela Classificação da Perseguição Religiosa 2016 são afetados por esse tipo de perseguição, que pode vir dos governos, das comunidades e até mesmo das próprias famílias. 

A guerra civil na Síria (luta entre o regime de Bashar Assad e rebeldes), e o crescimento do grupo extremista autoproclamado Estado Islâmico no Iraque e também na Síria, têm forçado milhares de cristãos a fugir em busca de um lugar de paz. O extremismo islâmico no Oriente Médio é responsável pela maior crise migratória desde a Segunda Guerra Mundial, e tem deixado a comunidade cristã sem muitas esperanças quanto ao futuro. Segundo estimativas, 11 milhões de sírios -­ metade da população -­ morreram ou fugiram do conflito desde 2011.

Todos os dias, vemos e ouvimos nos meios de comunicação histórias de refugiados, e sabemos que eles precisam de nossa ajuda e de nossas orações. É por esse motivo que convidamos você a orar para que o Evangelho continue sendo proclamado ali e para que a esperança em Jesus continue viva no coração dos cristãos.

A Portas Abertas tem apoiado igrejas a permanecer e pessoas a sobreviver e brilhar a luz de Cristo em meio à escuridão, através de apoio emergencial, aconselhamento pós-trauma, distribuição de Bíblias e materiais cristãos e treinamento de líderes. Mas nossas orações são fundamentais. Junte sua voz para orar e falar por nossos irmãos e irmãs no Iraque e na Síria.

Aproveite essa oportunidade para interceder por nossa família perseguida. Ajude a manter a esperança viva.

Alegrem-se na esperança, sejam pacientes na tribulação, perseverem na oração.
Romanos 12.12

Esperança para a igreja no Iraque e Síria

FONTE: http://domingodaigrejaperseguida.org.br/tema

Deus nos abençoe e abençoe o Iraque e a Síria.

Estejamos em oração.

Em Cristo,

Diác. Nelson de Paula Pereira +
Membro da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro
contato@nelsondepaula.com
www.nelsondepaula.com

quarta-feira, 18 de maio de 2016

BABEL E O PENTECOSTES


Pentecostés - Jean II Restout (1692-1768)

Domingo, os cristãos de todo o mundo celebraram o Domingo de Pentecostes. O Pentecostes é o cumprimento da promessa de Jesus enquanto esteve na terra após a sua ressurreição e antes da sua Ascensão. Jesus disse que o Consolador, o Espírito Santo viria e nós não ficaríamos órfãos (João 14. 18). Jesus recomendou que seus discípulos ficassem em Jerusalém para serem revestidos de poder (Lucas 24. 49).

E realmente, 50 (cinquenta dias) após a ressurreição, no Domingo de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar e sobre eles desceu o Espírito Santo (Atos 2). Ali estavam reunidos partos, medos, elamitas e os naturais da Mesopotâmia, Judeia, Capadócia, Ponto e Ásia, da Frígia, da Panfília, do Egito e das regiões da Líbia, nas imediações de Cirene, e romanos que lá residiam, tanto judeus como prosélitos, cretenses e arábios, além dos Judeus e homens piedosos de Jerusalém. Cada um os ouvia falar na sua própria língua. Não eram línguas estranhas como os pentecostalistas afirmam, pois a Palavra de Deus é bem clara ao dizer: “... Não são, porventura, galileus todos esses que aí estão falando? E como os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna?” (Vs. 7 e 8). Onde o Espírito Santo habita, todos se entendem. Quando o Espírito Santo não está, ninguém se entende. Cristo também nos contou que o Espírito Santo dá testemunho de Jesus à comunidade cristã mas também ao mundo. Nesse sentido, ele nos conduz à Verdade, guia-nos à Verdade, ensinando a comunidade cristã a caminhar por suas próprias pernas após a Ascensão de Jesus, a fim de que possa discernir como enxergar o Evangelho à luz de novos contextos que experimentamos todo o dia. O Espírito Santo permite-nos dar testemunho de Jesus em tempo e em fora de tempo, de acordo com as inúmeras situações, contextos e adversidades que a vida terrena nos impõe.

Porém, a festa de Pentecostes precede o derramamento do Espírito naquele dia especial de nascimento da Igreja. A tradição judaica possuía uma festa, chamada Shavuot, transliterada em grego como Pentecostes.

O termo Pentecostes é de origem grega, referindo-se a “cinquenta” dias. Pentecostes ocorria 50 dias após a Páscoa (Levíticos 23. 15-21 / Deuteronômio 16. 9-12). Sua origem era a celebração de uma festa da colheita celebrada pelos cananeus. Israel “tomou” por empréstimo a celebração após terem se estabelecido na Palestina, mas com um significado diferente. Eram celebradas sete semanas envolvidas na colheita dos cereais. Os escritos bíblicos antigos se referiam a Pentecostes como uma “festa da colheita” ou “festa da saga dos primeiros frutos” (Êxodo 23. 16), em memória da primeira colheita do povo hebreu após haver chegado à Terra Prometida. Tempos depois foi-lhe atribuída o nome Shavuot, ou “festa das semanas” (Deuteronômio 16. 10). Na literatura judaica, pós-bíblica, associou-se ao aniversário da revelação da lei no Monte Sinai (Êxodo 19). Na diáspora, essa festividade perdeu o seu caráter agrícola passando-se a uma festa do tempo da outorga da lei, a Torá.

Já o Pentecostes Cristão, é vinculado à descida do Espírito Santo – a outorga da lei do Espírito.

Analisemos o texto Bíblico de Atos. No mesmo lugar (v. 1) – provavelmente o Cenáculo, onde Jesus proferiu a promessa da vinda do Espírito Santo e onde os Apóstolos se reuniam (Atos 1. 13). O Pentecostes se tornou distintamente cristão em confronto ao Pentecostes Judaico.

1º A Igreja nasceu como primícias ou primeiros frutos da humanidade, para Cristo. Pessoas de diversas nações passaram a se reunir no seio da igreja.

2º A descida do Espírito Santo foi e é a garantia e o selo de sua completa regeneração, glorificação e participação na natureza divina (II Pedro 1. 4), porque o Espírito Santo é o agente de toda operação divina.

3º O Pentecostes Judaico corresponde ao dia da outorga da lei do Monte Sinai. O Pentecostes Cristão é o começo de uma nova lei implantada nos corações dos homens.

4º O princípio da nova vida, no Espírito Santo, marca o final da escravidão, tal como no Monte Sinai, marcando a libertação do povo da escravidão do Egito.

5º O Pentecostes também marca um dia de ação de graças, pois finalmente será estabelecida uma ordem social completa e universal, que será a grande característica dos séculos eternos.

6º O Pentecostes trouxe uma experiência unificadora, unindo judeus e gentios, logo, uma só igreja (I Coríntios 12. 13), conferindo a unidade espiritual (Efésios 4. 1). Os crentes estão unidos em fato e em ato.

A presença do Espírito Santo é a característica distintiva da igreja.

John Gill (1697-1771), inglês, pastor, teólogo, intérprete e comentarista bíblico, diz que: “... e embora houvesse tantos deles, reunidos, mostraram-se muito unânimes e pacíficos; não houve conflitos e nem contendas entre eles; todos se mantinham no mesmo parecer mental e no mesmo juízo, impelidos pela fé e pela prática comuns, gozando de um só coração e alma, cordialmente ligados por afeto uns aos outros; e todos se encontravam no mesmo lugar...”

Outro teólogo, Matthew Henry (1622-1714), inglês, pastor e comentarista bíblico, diz: “Desejamos que o Espírito se derrame do alto sobre nós? Então estejamos todos de comum acordo, sem importar a imensa variedade de nossos sentimentos e interesses, como, sem dúvida, sucedia também entre aqueles primeiros discípulos, concordemos em amar-nos uns aos outros; porque onde habitam os irmãos juntamente, em unidade, ali o Senhor ordena a sua bênção.”


The Tower of Babel - Pieter Brueghel the Elder (1526/1530–1569)

E Babel... o que tem haver com Pentecostes?

Babel, no hebraico, significa “porta de Deus”. Era uma das principais cidades em Sinear, Suméria, antiga Babilônia. O termo “Babel” é explicado biblicamente como “Confusão” ou “Mistura”. Babel era capital do Império babilônico, uma cidade-estado extremamente rica e poderosa. Era um centro político, militar, cultural e econômico do mundo antigo. A Bíblia não diz as dimensões da torre, mas existem duas fontes extra-canônicas que mencionam a altura da torre.

A primeira registrada no Livro dos Jubileus que menciona a altura da torre como sendo de 5433 cúbitos e 2 palmos (2484 metros de altura). Tal afirmação seria considerada mítica para a maioria dos estudiosos, visto que construtores em tais tempos antigos seriam considerados incapazes de construir uma estrutura de quase 2,5 quilômetros de altura.

Outra fonte, também, extra-canônica é encontrada no Terceiro Apocalipse de Baruch; menciona que a “torre da discórdia” alcançava uma altura de 463 cúbitos (212 metros de altura). Isto seria mais alto do que qualquer outra estrutura construída no mundo antigo, como a Pirâmide de Quéops em Gizé, Egito e mais alta do que qualquer estrutura construída na história humana até a construção da Torre Eiffel em 1889. Uma torre de tal altura no mundo antigo teria sido tão incrível ao ponto de merecer a sua reputação e menção na Bíblia e outros textos históricos.

A expressão “torre” é encontrada em Gênesis 11. 4. Há hipóteses de que a torre foi construída com o intuito de ser um elevado sinal demarcatório; ou simplesmente ostentação; prestígio para a cidade; ou propósitos astrológicos, portanto um monumento as religião pagã.

Desde Adão só se falava uma única língua. Após o Dilúvio de Noé, em Gênesis 11, inicia-se com o relato “A torre de Babel”. A grande variedade de idiomas é explicitada pela mesma teologia com base no relato sobre a Torre de Babel. Subitamente, por decreto e ato divinos, as pessoas começaram a falar em diversas línguas não entendendo um ao outro (Gênesis 11. 7).

Não entendendo o que cada uma falava, Deus os dispersou dali pela superfície da terra. (Gênesis 11. 8).
Em Babel as pessoas falaram em diversas línguas e não se entendiam, no Pentecostes as pessoas falaram em vários idiomas e se entendiam, pois onde há o Espírito Santo não há confusão de língua, de linguagem, de entendimento. Em Babel as pessoas se dispersaram. No Pentecostes as pessoas se uniram.

O que temos feito em nossos dias? Temos nos dispersado ou nos unido? A Igreja de Pentecostes é a Igreja do perdão e da reconciliação. Isso porque em Pentecostes, comemoramos a descida do Espírito entre nós, como promessa de Jesus que, através de sua morte e ressurreição, reconciliou o mundo inteiro. Pentecostes é para todos. Todos! E quando lembro-me da palavra "todos", faço uma paráfrase do Arcebispo Desmond Tutu (da Igreja na África do Sul e prêmio Nobel da Paz), que repetiu tal palavra diversas vezes ao lembrar-nos que "Deus mandou Seu filho para TODO aquele, TODO, TODO aquele que n'Ele creu"... A linguagem de Cristo unifica. O Espírito Santo nos conduz.

O cenário mitológico de Babel é confuso... O ser humano, orgulhoso e pretensioso, acha-se capaz de chegar a Deus, construindo uma torre até Ele. A presunção humana esbarra-se na diversidade de línguas entre os diferentes homens e mulheres, o que os obriga a desistir do feito. E quantas vezes nós também não procuramos chegar a Deus por conta própria? Construímos um relacionamento unilateral com o que achamos que é Deus e partimos na nossa "confusão de Babel" para tentar chegar, sem sucesso, até Ele.
Em Pentecostes, porém, o efeito-Babel é eliminado por Deus. Estavam lá a Bem-Aventurada Virgem Maria, os Santos Apóstolos e diversos outros discípulos - de toda a parte do mundo. Ao contrário de Babel, eles não tinham a mínima intenção de chegar, por conta própria, até Deus. Estavam é apreensivos com a ascensão do Cristo. Suplicavam a Deus por auxílio. Ali, naquele momento, Deus manifesta-se com sua face consoladora, trazendo-lhes uma só língua. Quebra-se a maldição de Babel. Todos são um só povo de novo. Todos se entendem plenamente. É a colheita de algo novo: a Igreja de Cristo, a Palavra feito carne: aquele que veio para cumprir a Lei e libertar a todos do jugo do pecado.

Recebam o Espírito Santo. Os pecados daqueles que vocês perdoarem, serão perdoados. Os pecados daqueles que vocês não perdoarem, não serão perdoados. Espírito Santo, vem!

Em oração,

Diác. Nelson de Paula Pereira +
Membro da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro
contato@nelsondepaula.com
www.nelsondepaula.com

terça-feira, 26 de abril de 2016

E A PÁSCOA CONTINUA

Shemá Israel ("Ouve, ó Israel!"), primeira parte do trecho do Antigo Testamento no qual Jesus se baseou quando ensinou seu Grande Mandamento. Gravação em bronze no menorá do Knesset, em Israel.


Entramos no quinto domingo da Páscoa, antes da Ascensão de Jesus. Ele ainda está entre o povo, entre os Discípulos e Apóstolos. E nesse momento Ele deixou um grande ensinamento que deve ser seguido enquanto estivermos aqui na terra ou até a sua vinda.

Qual foi um novo mandamento deixado por Jesus? Já existiam 613 mitzvot (mandamentos) – incluídos os “10 Mandamentos” que constam na Torá (cinco livros de Moisés, “Lei de Moisés”), que constam no Talmud (livro sagrado dos judeus) divididos entre 241 Mandamentos Positivos (no sentido de realizar determinadas ações) e 365 Mandamentos Negativos (na qual se deve abster de certas ações). Mas por que isso? Tudo tem um significado. Vamos aos fatos: 365 mandamentos negativos, correspondendo ao número de dias no ano solar, que é como se cada dia dissesse à pessoa "Não cometa uma transgressão hoje" e 248 mandamentos positivos, relacionado ao número de ossos ou órgãos importantes no corpo humano, isto é, como se cada membro dissesse à pessoa: "Cumpra um preceito comigo".
Mas esse novo mandamento deixado por Jesus era diferente. Abra o evangelho segundo São João, 13. 31-35. Descobriu qual é o mandamento? O AMOR! Esse foi o Novo e Grande Mandamento deixado por Jesus.

Nesse novo mandamento a história da salvação e a proposta do Evangelho atingem o ponto alto do projeto de Deus entre o humano e o divino. E a comunidade deve se estruturar no amor fraterno.

É nosso dever ansiar por um estilo de vida de convivência humana, no respeito, na compreensão, em um mundo organizado com justiça e solidariedade.

Será que temos verdadeiramente amado uns aos outros como Cristo nos amou? Nesse período pascoal reflita sobre como você tem agido. Como um cristão verdadeiro? Ou como alguém que administra e interpreta os ensinamentos de Jesus ao seu bel prazer? É tempo de voltarmos ao primeiro amor. A revelação dada a João e registrada no livro de Apocalipses afirma as palavras de Jesus à Igreja de Éfeso (Apocalipses 2. 4): “Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor”. Dennis Johnson, pastor e professor presbiteriano nos EUA, diz em seu artigo: “The Letter to the Church in Ephesus” –A carta à Igreja em Éfeso (Disponível em: Acesso em 25/04/2016), que o “teu primeiro amor”, que havia esmorecido, era o seu amor uns pelos outros. Paulo havia ensinado àquela igreja que a sua saúde enquanto corpos de Cristo dependia de “falar a verdade em amor” (Efésios 4.15). Mas parece que aquele importante qualificador – “em amor” – havia sido menosprezado em sua zelosa defesa da verdade. As suas palavras eram fiéis à Palavra, mas eles estavam falhando em “[voltar] à prática das primeiras obras” (Apocalipse 2.5).

Se temos falhado na prática do verdadeiro amor, aquele ensinamento deixado por Jesus, chegou a hora de voltarmos a tal prática.

Que Ele nos ajude.

Tenham uma semana abençoada.

Em oração,

Diác. Nelson de Paula Pereira

Membro da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro
contato@nelsondepaula.com

sexta-feira, 15 de abril de 2016

O TEMPO PASCAL CONTINUA....

A Ceia em Emaús.
Pintada em 1601. Por Caravaggio ( 1571-1610)
Atualmente localizada na National Gallery, em Londres.


Minhas irmãs e meus irmãos,

Como falamos anteriormente, o Tempo Pascal não terminou. Ainda temos algumas semanas até a Ascensão do Senhor e depois o Pentecostes, que nesse ano de 2016, serão respectivamente nos dias: 05/05/2016 e 15/05/2016.
Depois da Páscoa celebraremos a Ascensão do Senhor, 40 dias (Atos 1. 3) que Jesus ficou após a Ressurreição em aparições. Exemplos dessas aparições nós encontramos na Bíblia, a Palavra de Deus: em Marcos 16. 14; Lucas 24. 50-52; João 20. 17; João 20. 29; João 21; Atos 1. 3.
Após a Ascensão vem o Pentecostes, 50 dias após a Ascensão. Pentecostes é histórica e simbolicamente ligado ao festival judaico da colheita, que comemora a entrega dos Dez Mandamentos no Monte Sinai cinquenta dias depois do Êxodo. Para os cristãos, o Pentecostes celebra a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos e seguidores de Cristo, como descrito no Novo Testamento (Atos 2. 1 – 13). Por esta razão o dia de Pentecostes é considerado o dia do nascimento da igreja para a maioria das igrejas cristãs.
Recomendamos a leitura de Atos 8. 26-40; Salmo 65 e João 6. 44-51, para aprofundar a nossa reflexão da semana.
Nesse período do Tempo Pascal as nossas leituras dão ênfase ao Evangelho segundo São João e aos Atos dos Apóstolos, envolvidos em diversos ensinamentos do verdadeiro cristianismo.
Atos dos Apóstolos mostra como os Apóstolos e os discípulos dão testemunho de Jesus Cristo Ressuscitado, ressuscitado na pessoa delas, que antes, medrosos e temerosos, se tornaram pessoas audaciosas...enfrentado as autoridades, demonstrando ser novas criaturas.
Uma das características que destacamos em Atos dos Apóstolos é que a propagação do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo foi até o “fim do mundo”, Roma, que era considerada, na época a Capital do Mundo. O livro de Atos em seu último capítulo (28), registra o Apóstolo Paulo indo até Roma e termina, nos versos 30 e 31, o Apóstolo Paulo preso em sua própria casa. No Direito, isso seria considerado uma prisão domiciliar.
O livro de Atos também pode ser considerado o livro dos “Atos dos Discípulos” e o Evangelho segundo São Lucas os “Atos de Jesus” (Atos de 1. 1 – 11). Após ser preso em Jerusalém, foi enviado a Roma (Atos 21. 27; 28. 16-38). De acordo com a tradição cristã, foi solto da prisão e empreendeu trabalho missionário adicional. R. M. Champlin, Ph. D. – um teólogo, cristão-protestante – diz que após a liberdade do Apóstolo Paulo, ele esteve como Missionário na Espanha por cerca de um ano. Preso novamente em Roma, foi decapitado num local fora da cidade por volta do ano de 65 d.C.
Nem a Bíblia e nem outra história qualquer conta explicitamente como ou quando Paulo morreu. De acordo com a tradição cristã, e os Historiadores da época, dizem que Paulo foi decapitado em Roma durante o reino do Imperador Nero (37. d.C. – 68 d. C.) em meados dos anos 60 na Abadia das Três Fontes (em italiano: Tre Fontane) [Fonte: “Abbey of Saints Vincent and Anastasius" na edição de 1913 da Catholic Encyclopedia]. O tratamento mais "humano" dado a Paulo, em contraste com a crucificação invertida de São Pedro, foi graças à sua cidadania romana. [Fonte: LASHWAY, Calvin. "HOW and WHERE did the Apostle Paul die?". Bible Study]. Vários autores cristãos da Antiguidade já propuseram mais detalhes sobre a morte de Paulo. Eusébio de Cesareia (265-339) - Bispo de Cesareia e é referido como o pai da história da Igreja porque nos seus escritos estão os primeiros relatos quanto à história do cristianismo primitivo, que escreveu no século IV d.C., afirma que Paulo foi decapitado durante o reino do imperador romano Nero (37-68) [Fonte: Eusébio cita Dionísio de Corinto em "25". História Eclesiástica. The Persecution under Nero in which Paul and Peter were honored at Rome with Martyrdom in Behalf of Religion]. Este evento tem sido datado ou no ano de 64 d.C., quando Roma foi devastada por um incêndio, ou alguns anos depois, em 67 d.C. A tradição cristã aponta muitos locais de seu sepultamento. O mais recente foi a de junho de 2009, quando o Papa Bento XVI anunciou os resultados das escavações realizadas que o túmulo de Paulo estaria localizado na Basílica de São Paulo Extra-Muros, em Roma. O sarcófago em si não foi aberto, mas foi examinado por meio de uma sonda e revelou pedaços de incenso e de linho, azul e púrpura, assim como pequenos fragmentos de osso, que foram datados por radiocarbono como sendo do século I ou II d.C. De acordo com o Vaticano, isto é uma evidência a favor da tradição de que ali está efetivamente o túmulo de Paulo. [Fonte: FRASER, Christian. In: St Paul's tomb unearthed in Rome. Disponível em Acesso em 14/04/2016].
Já o Evangelho segundo São João é marcado com muitas referenciais pascais. A comunidade cria na Ressurreição, praticava os ensinamentos deixados por Jesus e enfatizados pelos Apóstolos e Discípulos. Mas não apenas criam, mas praticavam. E é óbvio que isso provocava confrontos com a sociedade, não bem diferente dos dias de hoje. Um aspecto há se destacar é a figura do cordeiro. O animalzinho ao ser dirigido ao matadouro ele não resisti. Assim como Jesus, o Cordeiro Pascal, que tira o pecado do mundo foi levado ao “matadouro” e nada falou. Tal figura do Cordeiro-Jesus, comoveu o eunuco etíope que Filipe batizou (Atos 8. 38). Você sabe quem foi Filipe? Ele foi Evangelista, um missionário cristão do século I e um dos Setenta Discípulos. Ele é citado diversas vezes no Atos dos Apóstolos, mas não deve ser confundido com Filipe (apóstolo). Junto com Estêvão, era um dos sete “homens acreditados, cheios de espírito e de sabedoria”, ou seja Filipe era um Diácono. E é,a te agora, o único registro que um Diácono ministrou o Sacramento do Batismo em uma pessoa. Com a perseguição, Filipe seguiu para Samaria e ali proclamou o Evangelho. A tradição diz que ele residiu em Trales, na Lídia (hoje chamada de Aydın é uma cidade e distrito do sudoeste da Turquia. É a capital da província homônima e faz parte da Região do Egeu) se tornando Bispo da Igreja local até o fim dos seus dias.
            Em meu quarto tenho ao lado da minha cama um ícone pintado por um amigo, que me presenteou, e que representa esse Cordeiro de Deus... O cordeiro de Deus representa o Cristo sem mácula, que foi ao matadouro sem pecado (Is 53) e que, por amor a nós, sacrifica-se sem culpa. Mas a história não termina aí, pois na profecia de Apocalipse, ele é encontrado, junto ao Pai, e a ele são dados toda a glória, a honra e o louvor.



Nesse período Pascal, antes do Pentecostes, reflitamos e coloquemos em prática os ensinamentos deixados por Jesus, por seus seguidores após a sua Ressurreição, Ascensão e Pentecostes e vivamos a “Igreja Primitiva”, deixando de lado tudo aquilo que nos afasta do verdadeiro cristianismo. Sejamos sinceros. Não sejamos hipócritas. Ao mesmo tempo que planejamos o mal ao nosso próximo “as escondidas”, não façamos como os fariseus falando alto, ministrando a Palavra, orando alto, dando grandes valores de ofertas e dízimos, financiando e patrocinando projetos, abraçando em público aos olhos de todos, dando o ósculo santo, tratando bem, como se nada houvesse acontecido. Isso é hipocrisia. É pecado. Deus cobrará de nós qualquer suspiro mal intencionado.
Por fim, ore comigo: “O Deus de Paz, que ressuscitou dos mortos a Jesus Cristo, Senhor nosso, Grande Pastor das ovelhas, nos aperfeiçoe em todo o bem para fazermos a sua vontade; e a bênçãos de Deus Onipotente, Pai, Filho e Espírito Santo, seja conosco, e conosco habite eternamente. Amém.”


Diác. Nelson de Paula Pereira+
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