Batismo infantil? Simonton responde! Esse foi o tema que atribuí a esse artigo. Muitos estão perguntando e muito se questiona sobre o batismo infantil. Muitas igrejas cristãs não aceitam esse sacramento. Pesquisando sobre o tema, li um SERMÃO do Rev. Ashbel Green Simonton (1833-1867), missionário norte americano que organizou a primeira Igreja Presbiteriana no Brasil - a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro.
Espero que vocês gostem e estamos abertos a discussões.
Um abração,
OS FILHOS DO PACTO
"Porque para vós é a promessa, e
para vossos filhos, e para todos os que estão longe, quantos chamar a si o
Senhor nosso Deus." Atos 2: 39.
A PROMESSA em
que fala este verso, é a mesma que se acha no verso 38, e que diz que todo o
que se arrepender e se deixar batizar em nome de Jesus Cristo, receberá a
remissão de seus pecados e o dom do Espírito Santo. A isto, Pedro acrescenta,
"porque para vós é a promessa, e para vossos filhos," etc. Como me
parece, o apostolo aqui deu a conhecer que na nova lei assim como na velha, a aliança
feita entre Deus e os crentes compreende os filhos destes. A mais fácil e simples interpretação que posso dar ás palavras
de Pedro é que ele queria afirmar que Deus não só perdoa e justifica a todos
que se arrependem e são batizados em sinal da sua fé, mas também se torna o
Deus e o Pai de seus filhos, concedendo-lhes por sinal e selo desta graça, o
sacramento do batismo. A crença geral tem sido e ainda é que todo o crente,
unindo-se ao Senhor pela fé, é permitido não só receber para si o selo da nova
Aliança, o qual é o batismo, mas igualmente tem o direito ao batismo de seus
filhos que ainda não estejam com a idade suficiente para professar a sua
própria fé,
Esta doutrina é a minha, e segundo creio, é a dos apóstolos
e da palavra divina. Vou manifestar as ideais e convicções que tenho a este
respeito, e os fundamentos que tenho para assim crer e obrar. Quero satisfazer
o escrúpulo que tem feito a alguém concluir que o Novo Testamento tira á igreja
cristã um privilegio que a igreja antiga muito apreciava-o privilegio de os
pais dedicarem os seus filhos a Deus por meio de um rito que representa e sela
as bênçãos da aliança que existe entre Deus e o seu povo.
Todos devem saber que antigamente a circuncisão
servia para os mesmos fins que agora tem o batismo. Todo aquele que quis
unir-se á antiga igreja foi circuncidado, assim- como hoje em
dia querendo alguém ser admitido como membro da igreja, é batizando. É útil
haver algum rito visível que possa servir para fazer publica a profissão da
nossa fé. Antigamente a circuncisão era esse rito, e desde os tempos dos apóstolos
até agora, em lugar da circuncisão o batismo tornou-se a cerimônia da iniciação
ou da introdução na sociedade dos povos de Jesus Cristo. A doutrina que agora
vou sustentar é que na igreja cristã tanto como na igreja antiga, o selo da aliança
que existe entre Deus e os crentes é não só para os crentes, mas para os filhos
dos que sejam crentes. Porque a promessa é não somente para vós, mas também
para vossos filhos. Peço a todos que me prestem estreita atenção, visto que o
assumpto requer alguns esclarecimentos e argumentos. Em primeiro lugar, o
direito dos pais crentes para dedicar seus
filhos ao Senhor pelo rito de batismo, funda-se na prática da antiga igreja.
Um artigo da nossa fé diz assim: "Cremos numa só igreja católica." Estas palavras dão a conhecer
que realmente nunca houve nem haverá senão uma só igreja-que desde
a queda elos nossos primeiros pais até hoje a igreja
verdadeira é uma só. Moysés e David e Isaias e todos os antigos eram membros da igreja de Deus pela
mesma fórma que nós hoje o somos. Eles não só acreditaram no mesmo Deus, mas também
se salvaram pelo sangue do mesmo Redentor. A sua fé e a nossa não diferem
quanto ao essencial. A grande diferença é que n6s temos mil vezes mais luz e
maiores privilégios. Tem-se abolido muita cerimônia e rito introduzido no tempo
de Moysés para figurar e simbolizar a redenção que Jesus havia de fazer,
e que agora não tem mais valor. Porém a causa principal não foi abolida e nunca
será abolida, isto é, a aliança que existe entre Deus e aqueles que fiam-se nas
suas: promessas. As Escrituras muitas vezes dizem que os crentes agora são
filhos de Abraão e herdeiros, das antigas promessas. "Os que são da fé, são filhos
de Abrahão." Pois bem, o
argumento é este: Se a aliança ainda existe, devemos crer que os seus termos
ainda são os mesmos, não havendo qualquer Escritura que diz o contrario. Se os
membros da igreja antigamente tinham direito de manda pôr nos seus filhos o selo
do pacto divino, quem nos tirou esse direito? Que passagem do Novo Testamento
dá fundamento sólido para crer que foi abolido um privilegio que desde a época
de Abraão até hoje foi tido por um dos maiores o privilegio de firmar com Deus
um concerto ou uma aliança que assegura a nossos filhos tanto como a nós mesmos
a proteção, a misericórdia e a graça do Senhor nosso Deus. A
promessa dada a Abrahão, e da qual todos os que são crentes, são herdeiros está
assim escrita: "E estabelecerei o
meu pacto entre mim e ti, e entre os teus vindouros no decurso das suas
gerações, por um concerto eterno: para que eu seja o teu Deus, e o da tua
posteridade depois de ti." Gênesis. 17. 7.
Conferindo esta promessa com o que Paulo diz: "E recebeu o sinal da circuncisão, como selo da justiça da fé, que
teve no prepúcio: afim de que fosse pai de todos os que creem estando no prepúcio,
de que também a eles lhes seja imputado a justiça: e seja pai da circuncisão,
não somente
aqueles que são da circuncisão, senão também
aos que seguem as pisadas da fé, que teve nosso pai Abraão antes de ser circuncidado.
Porque a promessa a Abraão, ou á sua
posteridade, de que seria herdeiro do mundo, não foi pela lei, mas pela justiça
da fé. Porque se os da lei é que são
os herdeiros, fica aniquilada a fé, sem valor a promessa. Porque a lei obra
ira. Porquanto onde não ha lei, não ha transgressão. Em consequência do que
pela fé é que são os herdeiros, afim de que por graça a promessa seja firme a
toda a sua posteridade, não somente ao
que é da lei, senão também ao que é da fé de Abrahão, que é pai de todos."
Romanos 4. 11-16. Vê-se claramente, que
nunca foi anulada a aliança feita com Abraão. Todo o crente herda a promessa
que compreende também aos seus filhos.
Para representar visivelmente este fato e para confirmar a fé do seu povo, ha
agora e sempre tem havido um sacramento instituído por Deus. Até a morte de
Nosso Senhor a circuncisão era tal sacramento, servindo como diz São Paulo, "do selo da justiça da fé."
Isto quer dizer que o selo visível que provou aos Israelitas que Deus os
justificou pela fé, era a circuncisão. Ainda é pela fé que somos justificados.
Ainda existe um meio de selar ou provar visivelmente que Deus justifica
gratuitamente os que nele creem. A questão agora versa sobre o direito que têm
pais que são crentes, de mandar pôr este selo nos seus filhos. Antigamente a
promessa compreendida os filhos de pais crentes, e por consequência eles foram circuncidados.
A mesma promessa é feita a nós, e por consequência, nossos filhos tanto como os
dos antigos servos de Deus, têm direito ao selo da aliança entre Deus e o seu
povo. Ninguém pode citar passagem alguma que revoga e anula este direito e privilegio, ou estabeleça o contrario.
É verdade que muita cerimônia e rito e sacrifício da lei de Moisés foi revogado depois da morte de
Nosso Senhor. Porém a aliança, cujo selo era a circuncisão e agora é o batismo,
não era parte da lei de Moisés e tão pouco foi abolida com a introdução da nova lei. Somos ainda filhos
do pai dos fieis, se é que temos a fé de Abrahão. E em quanto Deus não ordenar
o contrário, ternos todo o fundamento para
persistir na crença consoladora que na mesma santa aliança nascem os nossos
filhos. "Porque para vós é a
promessa," etc.
A isto respondem alguns: para que serve o batismo de crianças? É impossível que seja de utilidade, pois uma
criança não pode nem aceitar nem recusar a aliança, cujo selo é o sacramento do
batismo? Em matérias religiosas este modo de argumentar não tem cabimento. Não é assim que se decide uma questão destas. Era
muito fácil perguntar, para que servia o antigo selo da aliança posto por sinal
nos filhos dos crentes? É tão fácil explicar a utilidade que se tira do batismo,
como era explicar o valor da circuncisão, porque quanto ao essencial, estas
duas cerimônias não diferem uma da outra. A circuncisão não tinha por si a
virtude de lavar os pecados da pessoa circuncidada. Mas nem por isso deixava de ter utilidade. Era o selo que servia para confirmar o concerto
estabelecido entre Deus e os servos de Deus juntamente com os seus filhos. O batismo
é a mesma causa e serve para os mesmos fins. Tudo quanto ensinou Nosso Senhor,
concorda perfeitamente com o que fica dito. E11e não fez uso de palavra alguma
que anula o privilegio dos filhos de pais crentes.
Diz São Marcos, capitulo 10, versos 13 até 16: "Então lhe apresentavam uns meninos para
que os tocasse: mas os discípulos ameaçavam aos que lhos apresentavam. O que
vendo Jesus, levou-o muito a mal, e disse-lhes: Deixai vir a mim os pequeninos,
e não os embaraceis: porque dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo:
Que todo o que não receber o reino de Deus como pequenino, não entrará nele. E
abraçando-os, e pondo sobre eles as mãos, os abençoava."
Pode ser que tudo isto não seja suficiente para decidir o ponto em
discussão. Traduzida ao pé da letra, a palavra de Jesus não diz que entre os
participantes de privilégios religiosos devem ser contados os filhos daqueles
que com fé os dedicam ao Senhor. Mas tanto as palavras de Nosso Senhor como o
seu proceder, dando uma repreensão aos discípulos que ameaçavam aos que
trouxeram os meninos, e abraçando-os, apoiam fortemente a nossa doutrina. Qual
será o pai de família que não se sente comovido pela leitura desta narração, e
animado para apresentar os seus filhos ao Senhor pelo modo por ele instituído. Pó de haver quem lhe faça oposição. Este pode ser um dos discípulos de
Jesus que entende que as promessas e as bênçãos e o selo da nova aliança são
unicamente para homens e mulheres crescidos. Que ele persevera até receber
sobre os seus filhos a benção do Senhor.
A mais simples interpretação das palavras, "dos tais é o Reino de Deus," é que no numero dos filhos de Deus entram também os
pequenos. Se isto é assim, sem duvida devem ser batizados.
Os apóstolos nas suas cartas e na sua pratica estabelecem a mesma
doutrina. Pedro no primeiro sermão pronunciado no dia de Pentecoste disse, "Porque para vos é a promessa e para
vossos filhos."
De acordo com esta doutrina, quando qualquer pai ou mãe de família fez-se
crente, foi batizando juntamente com a família. Nos Atos dos Apóstolos, cap.
16, verso 14 a 15 se diz: "E
uma mulher por nome Lídia, da cidade dos tiatirenos, que comerciava
em púrpura, serva de Deus, ouviu: o Senhor lhe abriu o
coração, para atender aquelas cousas que por Paulo eram ditas. E tendo sido batizada
ela, e a sua família, fez esta deprecação dizendo: Se haveis feito juízo de que
eu sou fiel ao Senhor, entrai em minha casa, e pousai nela. E nos obrigou a
isso." Também se diz no
verso 35 do mesmo capitulo: "E
tomando-os naquela mesma hora da noite, lhes lavou as chagas: e imediatamente
foi batizado ele, e toda a sua família."
Na 1ª Epistola aos Coríntios,
capitulo 1°, verso 16: "E batizei também a família de Estéfanas:
não sei, porém se tenho batizado a algum outro.”.
Não é de crer que todos os membros dessas famílias fossem homens ou
mulheres já crescidos.
Na 1ª Epistola aos Coríntios 7. 14,
se diz, que sendo qual quer dos pais do
numero dos fieis, os filhos são santos, isto é, consagrados a Deus. Aqui vê-se
provado com toda a evidencia que o estado dos pais decide o estado dos filhos.
O pai que se professa cristão, introduz consigo os seus filhos na sociedade dos
fieis, e por tanto estes devem ser batizados.
É muito natural que
assim aconteça. Este principio prova-se por mil fatos. Deus fez com nossos
primeiros pais um concerto, prometendo-lhes a vida eterna se não comessem do
fruto proibido, e ameaçando-os com a morte se não obedecessem. Este concerto
nos compreendeu a nós. O pecado de Adão decidiu da sorte de seus filhos. Deus
tornou a fazer um concerto com Abraão, dizendo que aquele concerto havia de ser eterno e de compreender
a sua descendência. Esse concerto existe e assegura a nós e a nossos filhos a remissão de pecados
e a vida eterna. Fora da igreja, o mesmo principio está em vigor. Sendo o pai
cidadão de qualquer país, também o é o filho dele. Tão estreito é o laço entre os pais e seus filhos que o ato daqueles
torna-se até- certo ponto o destes também. Todas as leis e os usos reconhecem este principio. Tanto o Novo como o Velho
Testamento reconhece muitas vezes tal principio.
Que eficácia tem o batismo aplicado a crianças que não tem idade bastante para crer por si
mesmos? Em tais casos, o batismo é da parte de Deus o sinal e o penhor de ser o
seu concerto feito não só com os crentes, mas igualmente com seus filhos. Todo
o concerto tem duas partes, cada uma delas obrigando-se a certas causas. Os
pais são uma das partes contraentes, pois é em virtude da sua fé que os seus
filhos são batizados; e Deus é a outra parte. No ato de apresentarem seus
filhos e de tomarem sobre si a responsabilidade de criá-Ios na fé verdadeira,
os pais não só fazem registrar seus filhos no rol da igreja visível, mas estabelecem
da sua parte um concerto espiritual entre Deus e os filhos que lhes tem sido
confiados por Deus. A utilidade deste ato
solene não se liga necessariamente ao
momento em que foi feito. Nem se liga á água do batismo nem depende do caráter daquele que ministra o sacramento.
Depende da benção Deus de da operação do Seu Espírito que obra quando e como lhe
melhor pareça. O que é certo é, que o
ser descendente de pais cristãos não é cousa indiferente. Dão-se casos todos os
dias que provam que os filhos seguem muito de perto as pisadas de seus pais. A
palavra de Deus também afirma que não é cousa indiferente o ser nascido de pais
que fielmente guardam o concerto de Deus. Deuteronômio 7. 9: "Saberás pois, que o Senhor teu Deus é o Deus
forte e fiel, que guarda o seu pacto e a sua misericórdia aos que o amam, e aos
que cumprem os seus preceitos até mil gerações."
Êxodo 20. 6: "E que usa de misericórdia
até mil gerações com aqueles, que me amam, e que guardam os meus
preceitos."
Salmo 102. 17, 18: "Mas a misericórdia
do Senhor está desde a eternidade e até á eternidade, sobre os que o temem; e a
sua justiça sobre os filhos dos filhos, para com aqueles que guardam a sua aliança."
Vê-se pois que a promessa feita aos pais que guardam o concerto divino, compreende
aos seus filhos. O batismo de seus filhos é, pois da parte de pais crentes um solene
ato declarativo do concerto que existe entre Deus e eles e a sua descendência. É
para assim dizer um ato de adesão á aliança que Deus estabelece com os fieis por todas
as gerações. Para que este ato tenha valor e utilidade não é necessário
que o beatismo produza no mesmo instante o que significa, isto é, a remissão de
pecado e a regeneração. Nem é indispensável que a pessoa batizada consinta no
que se faz.
O valor do batismo dos meninos depende a final e essencialmente da bênção
de Deus, que nunca deixa mais tarde
ou mais cedo de acompanhar todo o ato feito em atenção aos preceitos da sua
santa lei. Digo, pois aos pais crentes com toda a confiança: não vos incomodeis
com as objeções levianas que talvez se vos façam no sentido de desacreditar este ato religioso. Sede
fiéis em guardar e cumprir as promessas e obrigações que este ato importa da
vossa parte, e não façais duvida de que Deus vos abençoará a vós e a vossos
filhos; porque escrito está que ele disse ao pai dos fieis: "E estabelecerei
o meu pacto entre mim e ti e entre os teus vindouros no decurso das suas gerações,
por um concerto eterno, para que eu seja o teu Deus, e o da tua posteridade
depois de ti." Pedro,
referindo-se a isto disse também: "A promessa é para todos vós e para vossos
filhos." São Paulo
referindo-se ao mesmo concerto, também diz: "Se
vós sois de Cristo: logo sais vós a semente de Abrahão, os herdeiros segundo a
promessa." Gálatas 3. 29.
Segue-se por consequência inevitável, que os vossos filhos estão incluídos na
promessa segundo os seus termos. São Paulo, Romanos 13-16, diz sem rodeios que a promessa feita a Abraão não
foi pela Lei de Moisés, isto é, não
era para aqueles que observaram a lei antiga, mas para todos os que eram da ré,
de sorte que aquela promessa é para nós e para nossos filhos. É muito importante que este assumpto seja bem compreendido. Tem-se abusado
muito da doutrina do batismo assim como a antiga igreja abusava da circuncisão.
Alguns vendo estes abusos, fazem o que é muito natural a pobre natureza humana: puxam para o lado contrario. Querem acabar duma vez com os abusos
e com a mesma doutrina. Nada há que dá mais triste idéia da fraqueza, da razão
humana, que esta tendência a dar em extremes - a passar rapidamente de um a
outro extremo - ora crendo que o batismo pode tudo, ora crendo que para nada
serve. Apontemos e cortemos as falsas idéias que alguns tem feito do batismo, mas não o desprezemos, porque é o selo visível
duma graça invisível.
Alguns por exemplo ensinam que o sacramento do batismo por si lava os pecados
e regenera a alma da pessoa batizada. Segue-se por consequência que as crianças
que morrem na infância vão para o céu se foram batizados, e
para o inferno se não o foram. Os Judeus faziam a mesmíssima idéia da circuncisão. A circuncisão era o antigo selo da aliança e o batismo é
o novo selo da mesma aliança. Mas assim como muitas pessoas receberam o antigo
selo sem possuírem o que ele significava, da mesma sorte agora ha muitas que
não obstante serem batizadas, não são Cristãos do coração. Estes fatos não
provam a inutilidade nem da circuncisão nem do batismo. Como já disse, não é necessário que o proveito do batismo tenha lugar logo. É o selo que certifica as promessas que o Senhor
dá aos pais de família a respeito dos seus filhos. Quanto ao tempo conveniente
para Deus obrar neles a fé que salva, ele é quem decide isto. Continuam os pais
a cumprir fielmente as suas obrigações na fé de que Deus será o Deus o Salvador
da sua posteridade segundo está escripto. Não é permitido duvidar das promessas
que nos convidam a pedir a Deus pelos bens que necessitemos, porque ele não nos
responde no mesmo instante. Nem tão pouco deve-se concluir que foi aplicado em
vão o selo do batismo a nossos filhos, só porque não apareça desde logo o seu efeito.
Outros entendem que o batismo nada é senão um costume, ou pelo mais um
meio de dar o nome á criança.
É provável que não
tenha tocado em todas as dificuldades deste assumpto nem é possível fazê-lo
agora. Estou muito certo que a doutrina que acabo de explicar, tem por base
toda a palavra de Deus e serve para magnificar a graça do Senhor o qual usa de misericórdia
com mil gerações daqueles que o amam e guardam os seus preceitos. Serve também
para animar os pais de família no cumprimento das obrigações que têm para com
os seus filhos, fazendo-lhes ver que a promessa divina é para eles e para a sua
posteridade.
Serve também para
induzir aqueles que foram batizados em virtude da fé dos pais, a ratificar
depois de crescidos o ato dos pais, tomando sobre si a obrigação de obedecer
aos preceitos do Senhor.
Nunca hei de me esquecer da impressão que me causou a noticia de haver
meus pais me dedicado ao Senhor no batismo com o fim de que eu fosse ministro
do Evangelho de Jesus Cristo, se o Senhor fosse servido de me chamar para este
serviço. Sempre me lembrava disso, e estou certo que essa lembrança muitas vezes não me deixava
fazer cousas, que doutra sorte tivera feito. Tenho toda a fé nas promessas que
dizem que Deus não abandonará nem os que guardam o seu concerto nem os seus filhos
- que a linhagem dos justos será salva.
Amém.
FONTE:
SIMONTON, Ashbel
Green. Sermões Escolhidos. 2ª edição.
Organizados pelo Rev. Alexander Latimer Blackford. Nova Iorque: G. L. Shearer,
1869.
Nenhum comentário:
Postar um comentário