“Visto as
circunstâncias em que nos achamos, e de acordo com a disciplina da Igreja
Presbiteriana, da qual somos ministros e missionários, nós, Ashbel G. Simonton,
do Presbitério de Carlisle, Alexander L. Blackford, do Presbitério de
Washington, e Francis J. C. Schneider, do Presbitério de Ohio, querendo melhor
promover a glória e o reino de Nosso Senhor Jesus Cristo no império do Brasil,
julgamos útil e conveniente exercer o direito que nos confere a Constituição de
nossa Igreja constituindo um Presbitério sob o governo e direção da Assembleia
Geral da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América do Norte. Portanto,
de conformidade com a forma da dita Igreja, de fato nos constituímos em um
Presbitério que será chamado pelo título de Presbitério do Rio de Janeiro, o
qual deverá estar anexo ao Sínodo de Baltimore”. (Ata nº 01, Livro nº 01,
Folha nº 01 – Presbitério do Rio de Janeiro).
(Presbitério do Rio de Janeiro – 1885, reunido em Sorocaba-SP.
Sentados: Revs. João Ribeiro de Carvalho Braga, Robert Lenington,
Alexander L. Blackford, George W Chamberlain, Antônio B. Trajano e George A.
Landes. Em pé: Antônio Gomes da Silva Rodrigues, Revs. Caetano Nogueira
Jt., John M. Kyle, Donald C. McLaren, Modesto P. B. Carvalhosa, Eduardo Carlos
Pereira, Miguel G. Torres, John B. Howell, Presb. Francisco Rodrigues (Lençóis),
Manoel José Rodrigues da Costa (São Paulo) e José Rodrigues de Carvalho (Itapeva).
No púlpito: Rev. Zacarias de Miranda, pastor da igreja hospedeira).
O ano de 1865 foi abençoador para o presbiterianismo
brasileiro, pois além da organização da Igreja Presbiteriana de São Paulo, mais
uma Igreja seria organizada em 13 de novembro, a 3ª Igreja Presbiteriana do
Brasil, a Igreja Presbiteriana de Brotas. A organização dessa Igreja foi
possível, em parte, graças ao trabalho do “Padre-Protestante”, José Manoel da
Conceição (1822-1873), pois a cidade de Brotas havia sido uma das paróquias
desse futuro Pastor. Inclusive no dia da organização da Igreja Presbiteriana de
Brotas ele esteve presente.
Com a existência de três Igrejas
(Rio de Janeiro, São Paulo e Brotas) era possível a organização de um
Presbitério, fato que ocorreu em 16 de dezembro de 1865. O local era a
residência do Rev. Alexander Latimer Blackford (1829-1890), um velho casarão
colonial na Rua de São José (atual Rua Líbero Badaró), nas imediações do Largo
de São Bento, São Paulo - SP. Era um sábado, às três horas da tarde.
O Presbitério do Rio de Janeiro -
PRJN, o primeiro concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil, fora organizado na
Cidade de São Paulo, com a presença de três Pastores, o Rev. Ashbel Green
Simonton (1833-1867), o Rev. A. L. Blackford e o Rev. Francis Joseph Christopher
Schneider (1832-1910), sendo eleito o seu primeiro Moderador o Rev. A. L.
Blackford, Rev. A. G. Simonton foi eleito Secretário Permanente e o Rev. F. J.
C. Schneider, Secretário Temporário. Os três missionários que o compunham eram
ligados à Igreja Presbiteriana do Norte dos Estados Unidos, a PCUSA.
Os missionários reproduziram as
estruturas de suas igrejas nos Estados Unidos. Com o passar do tempo organizaram
outros presbitérios, mais tarde sínodos e por fim a Assembleia Geral, que em 1938,
passou a denominar-se Supremo Concílio.
A organização do primeiro
presbitério resultou de uma necessidade: a ordenação de ministros, que, no
Sistema Presbiteriano é uma prerrogativa exclusiva dos presbitérios. Na ocasião
havia um candidato para ser ordenado: o ex-sacerdote, agora convertido à fé reformada,
José Manoel da Conceição. Ele havia sido recebido por profissão de fé e batismo
na Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro, no dia 23 de outubro de 1864 e batizado
pelas mãos do Rev. A. L. Blackford.
O PRJN aplicou os exames
indispensáveis ao candidato J. M. da Conceição: 1) os motivos que o levavam a
desejar o ministério; e, 2) um exame referente aos conhecimentos bíblicos. O
candidato respondeu satisfatoriamente as perguntas sobre as evidências de sua
vocação, bem como sobre se adotava a confissão de fé e a forma de governo da
Igreja Presbiteriana. Propôs, então o Rev. A. G. Simonton que o PRJN se
declarasse satisfeito com as respostas, resolvendo-se que, em atenção às
circunstâncias excepcionais em que se achava o candidato e ao pleno
conhecimento que os membros do PRJN tinham de seus talentos e aptidão para
exercer o ministério, fossem dispensados os exames de disciplinas teológicas e
outras formalidades, exceto o sermão – que foi pregado no dia seguinte pela
manhã, dia 17, devendo versar sobre Lucas 4.18 e 19, e que a cerimônia de
ordenação se realizasse no mesmo dia, sob a presidência do Moderador, Rev. A.
L. Blackford. Por proposta do Rev. F. J. C. Schneider, o Rev. A. G. Simonton
foi encarregado da parênese com base em 2ª Coríntios 5. 20.
No dia 17 de dezembro de 1865,
domingo, às dez e meia da manhã, o candidato J. M. da Conceição pregou o sermão
de prova a um auditório de 25 pessoas e foi aprovado pelo concílio. Às
dezessete horas realizou-se o ato de ordenação. O Rev. A. L. Blackford fez as
perguntas constitucionais. Em seguida o candidato foi ordenado o primeiro
Ministro Presbiteriano Brasileiro, pela imposição das mãos dos ministros do
Presbitério, Rev. A. G. Simonton, Rev. A. L. Blackford e Rev. F. J. C.
Schneider. Os três após a oração de ordenação disseram: “Dou-vos a mão direita em sinal de que acabais de ser admitido a tomar
parte conosco neste ministério”. Tinha ele 44 anos de idade.
O agora, Rev. J. M. da Conceição
se dirigiu aos presentes falando de maneira comovida sobre suas novas
responsabilidades. Entre os presentes tanto ao sermão de prova quanto à
cerimônia de ordenação estava o Dr. James McFadden Gaston (1824-1903) - um
médico e futuro presbítero norte-americano que residiu por vários anos em
Campinas e que veio a ser sogro do Rev. Alexander Blackford - e o Rev. John
Benjamin Kolb (1850-1921).
Essa foi a primeira reunião do
Presbitério do Rio de Janeiro.
A segunda reunião do PRJN foi realizada
no Rio de Janeiro, na sala de cultos da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro,
localizada na Rua do Regente, nos dias 5 a 10 de julho de 1866. No dia 05 o
Rev. A. L. Blackford foi reeleito Moderador e na mesma sessão foi apresentado
um novo candidato ao ministério, o Médico George Whitehill Chamberlain
(1839-1902), membro da 4ª Igreja Presbiteriana de Washington - EUA. Ele foi
examinado sobre sua experiência e vocação religiosa, ciências naturais, grego e
latim. À noite proferiu sua homilia com base no texto de Romanos 12. 1-5. No
dia seguinte, dia 06, foi examinado sobre teologia e história eclesiástica. No
dia 7 pregou o sermão de prova baseado no texto de João 6. 29, sendo ordenado
no domingo dia 8. Fez a parênese o Rev. A. G. Simonton e pregou o sermão de
praxe o Rev. J. M. da Conceição.
A terceira reunião ordinária
também ocorreu no Rio de Janeiro, entre os dias 11 a 16 de julho de 1867, na
sala de cultos da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro, localizada no Campo
de Santana. Foi a última reunião em que compareceu o Rev. A. G. Simonton, pois
iria falecer poucos meses depois, em 09 de dezembro de 1867. Nessa reunião o
Rev. A. L. Blackford foi novamente eleito Moderador (ainda seria reeleito nos
anos de 1868 e 1884). No dia 16, último dia da reunião, o Rev. A. G. Simonton leu
um estudo intitulado “Os meios
necessários e próprios para plantar o reino de Jesus Cristo no Brasil”.
Um importante documento foi
confeccionado a fim de que a obra presbiteriana no Brasil se enquadrasse nas
leis do Estado. Assim, uma petição de aprovação dos Estatutos do Presbitério,
foi redigida, provavelmente, por José Tomas Nabuco de Araújo, Conselheiro de
Estado. Os advogados da Igreja, eram o Dr. Manoel Antonio Duarte de Azevedo,
Aureliano Tavares Bastos e provavelmente o Conselheiro J. T. N. de Araújo.
Em 15
de julho de 1871, os Estatutos deram entrada no Ministério do Império, firmados
pelos Rev. A. L. Blackford, Rev. F. J. C. Schneider, Rev. G. W. Chamberlain,
Rev. Robert Lenington (1833-1903) e o Rev. João Fernandes Dagama (1830-1906).
Depois,
o documento foi encaminhado ao Conselho de Estado em 21 de agosto de 1871,
sendo aprovado somente em 10 de fevereiro de 1872 e oficializado pelo Decreto
nº 5105 de 03 de outubro de 1872.
Por quase 20 anos, o PRJN foi o
único concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil, à exceção do antigo
Presbitério de São Paulo, organizado pelos missionários da Igreja Presbiteriana
do Sul dos Estados Unidos, em Campinas, que existiu por apenas cinco anos
(1872-1877). Somente em 1887 surgiu um novo presbitério, o de Campinas e Oeste
de Minas.
Nessa fase inicial (1865 a 1900),
o PRJN ordenou outros ministros: William Dreaton Pitt (1828-1870) ordenado em 16/08/1869;
Modesto Perestrello Barros de Carvalhosa (1846-1917), ordenado em 20/07/1871;
Antônio Bandeira Trajano (1843-1921, ordenado em 10/08/1875; Miguel Gonçalves
Torres (1849-1892), ordenado em 10/08/1875; Antônio Pedro de Cerqueira Leite
(1845-1883) ordenado em 08/08/1876; Eduardo Carlos Pereira de Magalhães
(1855-1923), ordenado em 02/09/1881; José Zacarias de Miranda e Silva
(1851-1926), ordenado em 09/09/1881; João Ribeiro de Carvalho Braga
(1852-1934), ordenado em 02/09/1885; e, Caetano Nogueira Júnior (1856-1909),
ordenado em 03/09/1886.
Muitos outros Ministros foram
ordenados pelo PRJN, sem contar os Missionários e outros pastores que foram
recebidos de outras Igrejas. Hoje o PRJN é composto pelos seguintes pastores
(ordem alfabética): Rev. Aldemiro Camboim de Sá, Rev. Alexandre Rodrigues Sena,
Rev. Anderson Dias de Abreu, Rev. Cid Pereira Caldas, Rev. Clinton Sathler Lenz
César, Rev. Deivson Vieira Torres, Rev. Éber Magalhães Lenz César (jubilado),
Rev. Eurípedes da Conceição, Rev. Evaldo Beranger, Rev. Felipe Telles Ferreira,
Rev. Guilhermino Silva da Cunha (jubilado), Rev. Haveraldo Ferreira Vargas
Júnior, Rev. Isaías Cavalcanti da Silva, Rev. Jader de Faria Barros Netto, Rev.
Leonardo Sahium, Rev. Luiz Longuini Neto, Rev. Marcelo Eliziário Vidal, Rev.
Miguel Marques Rodrigues (jubilado), Rev. Nélio Pontes Quaresma (jubilado),
Rev. Nelson Célio de Mesquita Rocha, Rev. Paulo Severino da Silva Filho, Rev.
Silvanio Silas Ribeiro Cabrial e Rev. Vanúzio de Melo Ferreira.
Atualmente o PRJN tem sob sua
jurisdição as Igrejas Presbiterianas (em ordem de organização): Rio de Janeiro
(1862), Botafogo (1906), Caju (1908), Copacabana (1913), Tijuca (1967), Gávea
(1967), Rio Comprido (1991), Vila Isabel (1992), São Cristóvão (1995), Luz do
Mundo (1997), Muda Usina (1998), Ipanema-Leblon (2008), Américas (2009) e Libertas
(2010). Há de se destacar que muitas outras igrejas presbiterianas no Brasil
foram organizadas pelo Presbitério do Rio de Janeiro.
Nesse ano do seu 149º aniversário
de organização, o Presbitério do Rio de Janeiro, tem a sua Mesa assim
constituída:
Rev. Cid
Pereira Caldas – Presidente
Rev. Haveraldo
Ferreira Vargas Júnior – Vice-Presidente
Rev. Paulo
Severino da Silva Filho – Secretário Executivo
Rev. Felipe
Telles Ferreira – 1º Secretário
Rev. Anderson
Dias de Abreu – 2º Secretário
Presb. Renato
José Piragibe – Tesoureiro
As
Secretarias de Causas estão assim constituídas:
Presb.
Marcos Antonio Gomes Brandão – Secretário do Trabalho da Infância
Rev.
Deivson Vieira Torres – Secretário do Trabalho de Adolescentes
Rev.
Alexandre Rodrigues Sena – Secretário do Trabalho de Mocidade
Rev.
Marcelo Eliziário Vidal – Secretário do Trabalho Feminino
Rev.
Jader de Faria Barros Neto – Secretário do Trabalho Masculino
Diác.
Jorge Sarito Leite – Secretário do Trabalho Diaconal
Presb.
Ilton Lamblet Fajardo – Secretário do Trabalho da Família
Rev.
Éber Magalhães Lenz César – Secretário do Trabalho de Apoio Pastoral
Parabéns ao Presbitério do Rio de
Janeiro, o número 1 do Brasil.
Diác. Nelson de Paula Pereira
Diretor do
Museu da Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro
Coordenador do
Centro de Documentação – CENDOC
nelsondepaula@catedralrio.org.br
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