Rev. Ashbel Green Simonton (1833-1867) |
Hoje, 12 de agosto, comemoramos a chegada do Rev. A. G. Simonton ao Rio de Janeiro, Brasil, e não o aniversário da Igreja Presbiteriana do Brasil, pois a primeira igreja organizada só ocorreu em 12 de janeiro de 1862, a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro.
Abaixo, trechos do "Diário de Simonton" (SIMONTON, Ashbel Green. Diário. São Paulo: 2002, 2ª edição).
Uma homenagem ao nosso Pioneiro. Nesse mesmo Blog você encontrará uma matéria mais detalhada da vida desse jovem missionário.
Acesse:
http://depaulaohistoriador.blogspot.com.br/2011/08/12-de-agosto-de-1859-desembarca-no-rio.html
Um forte abraço,
Diác. Nelson de Paula Pereira
Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro
www.nelsondepaula.com
Quinta-feira, 11 de agosto de 1859, 9 da manhã
Podemos ver o arrojado
promontório do Cabo Frio a cerca de sete milhas. Em dias claros pode ser visto
a trinta milhas de distância. É, para o viajante ao Rio, o que as colinas
Neversink são para o porto de Nova York: ponto de partida e ponto de regresso.
Cabo Frio s/d |
Quinta-feira, 9 da noite
Estamos agora sem vento à entrada
do porto do Rio. A famosa montanha do Pão de Açúcar e o Corcovado estão bem
visíveis, iluminados pela luz da lua cheia a dez ou doze milhas de distância; o
pesado som das ondas batendo nas pedras da praia enche o silêncio da noite.
Subi a uma verga, justamente quando o sol se punha atrás do Corcovado, e fiquei
quase uma hora observando o crepúsculo. Sentiria dificuldade em descrever a
emoção que tomou conta de mim ao ver aqueles picos altaneiros dos quais tenho
ouvido falar e lido tantas vezes, os quais me dizem que a viagem terminou e
cheguei ao meu novo lar e campo de trabalho. Minhas emoções eram tão
conflitantes que não seria possível descrevê-Ias com fidelidade. Os sentimentos
predominantes eram o contentamento pelo final feliz de uma longa viagem e o
temor pela grande responsabilidade e pelas dificuldades do trabalho que
esperava por mim. Minhas razões de alegria são fáceis de entender, mas a
incerteza do futuro pesa solene e temivelmente, a ponto de moderar as
expressões de contentamento.
Marc Ferrez. Entrada da baía de Guanabara, vista de Niterói, c. 1890. Rio de Janeiro, RJ / Acervo IMS |
Vista do Rio de Janeiro, 1859. Desenho de J. Schroeder/Gravadores Gilquin e Dupain |
Sexta-feira, 12 de agosto de 1859, 9:30 da manhã
Estou acordado desde as quatro da
manhã observando as manobras para adentrar o porto contra o vento e a maré. É
um lugar lindo, o mais singular e impressionante que jamais vi. Nunca teria
imaginado tal porto, com beleza sublime, protegido de ventos e ondas, e capaz
de defesa contra ataques de mar ou de terra. Está em uma baía rodeada de
curiosas ilhas de pedra, altas e sólidas. Algumas parecem ovos flutuando na
água com uma das pontas para cima; outras, a outra ponta. Nos topos de algumas,
igrejas ou casas de lazer se equilibram. Uma dessas casas parece ninho de ave
em cima de uma torre de igreja, a quase 1.100 pés de altura. A entrada do porto
tem somente meia milha de largura; de um lado há um arrojado promontório, sobre
o qual está a Fortaleza de Santa Cruz," com pesados canhões protegendo as
muralhas; do outro lado alteia-se o Pão de Açúcar a uma altura de 1.200 pés.
Estamos ainda na entrada do porto, mudando de curso a cada minuto, ora na
direção do forte, ora chegando a pequena distância do Pão de Açúcar. A água é
tão profunda que a única preocupação dos navegantes é não quebrar o mastro
horizontal da proa batendo de um ou outro lado. A cidade está a cerca de duas
milhas, sobre uma grande extensão de vales e montanhas; brilha ao sol com suas
paredes caiadas de branco. Fazendo fundo para essa linda pintura, há uma cadeia
de morros altos e montanhas. Desfiz-me de minha roupa de viagem, dando-a ao
cabineiro em agradecimento pelos serviços que me prestou durante a jornada.
Estou pronto para desembarcar.
Leuzinger, Georges (1867) |
Praia de Botafogo, com o morro do Corcovado ao fundo, 1862 | Augusto Stahl / Coleção Gilberto Ferrez / Acervo IMS |
Glória 1865 |
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