Quando Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) se encontravam nos debates eleitorais, em igualdade de condições, ninguém imaginava que um dia se encontrariam novamente, mas em situações tão diferentes. Enquanto Dilma assistiu ontem à beatificação de Irmã Dulce protegida por sua ‘redoma de plástico’ - uma tenda montada para ela às pressas, ao lado do altar -, Serra não teve o mesmo conforto. Teve que acompanhar a cerimônia ao relento, debaixo de chuva e vento, junto com os reles mortais.
Abrigados com Dilma, apenas alguns escolhidos para habitar sua bolha. Entre eles, o governador Jaques Wagner (PT), o ministro das Cidades, Mário Negromonte (PP), o prefeito João Henrique (PP) e o senador José Sarney (PMDB). Os três primeiros saíram antes do fim da cerimônia, sem falar com a imprensa.
Admirador de Irmã Dulce desde que era presidente da República, Sarney foi o único que ficou para ver a queima de fogos do final. “Deus já tinha reconhecido a santidade de Irmã Dulce há muito tempo. Só faltava o reconhecimento dos homens”, disse.
Ao ar livre, Serra também foi acompanhado por seus escudeiros. Na falta dos seguranças palacianos, os deputados federais tucanos Antonio Imbassahy e Jutahy Magalhães Jr, fizeram a escolta do ex-ministro da Saúde. “A beatificação de Irmã Dulce é uma coisa muito significativa para o país”, disse Serra. “Ela foi a personificação da fé inquebrantável. Agradeço a Deus todos os dias por ter colocado uma santa no Brasil”, completou Imbassahy.
Nem na bolha, nem ao relento, o deputado federal ACM Neto (DEM) e o presidente da Rede Bahia, Antonio Carlos Júnior, assistiram à celebração junto com outras autoridades e 500 padres que concelebraram a missa. “Irmã Dulce é o símbolo da Bahia. Sua obra e história marcaram o coração dos baianos. Para eles, ela sempre foi santa”, disse Neto.
Segurança
A estrutura do Parque de Exposições já estava toda planejada quando Dilma decidiu que iria. E a equipe da Presidência decidiu que tudo seria reorganizado para recebê-la. Tudo mesmo. A confusão feita pelo pessoal do Planalto foi tanta, que até uma das anfitriãs do evento foi barrada pela segurança. A sobrinha de Irmã Dulce, Maria Rita Pontes, que hoje comanda as Obras Sociais da tia, foi impedida de entrar na área reservada para ela e outros familiares por policiais federais, porque não estava usando o broche distribuído pelo cerimonial da Presidência. “Me barraram. Fazer o quê, né? Aí me deram esse negocinho azul e eu pude entrar”, disse Maria Rita, constrangida, apontando para o broche.
Amiga dela de longa data, a atriz Míriam Rios sentou do lado da herdeira, de onde acompanhou tudo até o fim. Ela conta que conheceu Irmã Dulce quando ainda estava casada com o cantor Roberto Carlos e ambos ajudavam as obras. Agora, ela se prepara para encarnar a beata no cinema. “Vai ser um filme sobre a história dela, ainda estamos terminando de montar a equipe, mas a produtora vai ser a Iafa, a mesma de ‘Se eu fosse você’”, contou, se referindo ao filme estrelado por Glória Pires e Tony Ramos.
Priscila Chammas/ Bruno Villa
priscila.chammas@redebahia.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário