Total de visualizações de página

quinta-feira, 19 de março de 2015

O CEGO SOU EU!

(Jesus curando o cego. 1570. Por El Greco, atualmente na Gemäldegalerie Alte Meister, em Dresden, na Alemanha)

Leituras introdutórias: 1º Sm 16,6-7 e 10-13 / Sl. 22(ou 23) / Ef 5. 8-14 / Jo 9,1-41 ou 9,1.6-9.13-17.34-38
       Com o decorrer da Quaresma fica claro que o cristão batizado tem um compromisso com seu Batismo de empenhar-se no desenvolvimento da fraternidade entre as pessoas, na sociedade e na comunidade cristã. Trata-se de verdadeiro serviço.
A primeira leitura apresenta um rei que não soube usar o seu posto para servir às necessidades do povo. Desgostou ao povo e a Deus. Foi providenciada a sua substituição por alguém que se mostrasse mais sensível aos necessitados. Esse alguém foi Davi, último de oito irmãos, acostumado ao serviço de cuidar do rebanho. Porque Deus não considera as aparências, mas o coração das pessoas. Deus queria alguém que fizesse de seu posto um compromisso com os mais necessitados.
O episódio do cego é revelador da profunda lição que Jesus pretendia desenvolver. Normalmente, costumamos jogar para cima dos outros as lições a aprender. Mas, na verdade, a lição é para nós batizados. O pior cego é aquele que não quer ver. Tolo é o que se faz de cego para não ver o que precisa ser visto. Cego é o cristão (a comunidade) que perdeu de vista seu compromisso batismal de servir à construção da fraternidade. Cego é o cristão (a comunidade) que, em seu relacionamento com as demais pessoas, não leva em consideração que somos irmãos e irmãs. Cego é o cristão (a comunidade) que nada vê, a não ser os seus próprios interesses egoístas; que usa as pessoas para sua própria ambição; está cego, sem a luz do amor.
A Quaresma quer abrir os olhos desses cristãos e comunidades. Nesta Quaresma, é necessário voltar-nos para a luz que é Cristo ("Quem me segue não anda nas trevas"), para que a luz de Cristo ilumine a caridade escurecida nos corações; para redescobrirmos que a caridade é serviço. O mundo ainda não descobriu Cristo, não tanto pela cegueira dele, mas pela nossa. Os pobres não conseguem ainda ver Cristo, não porque eles estejam cegos, mas porque nós não fazemos do serviço fraterno o testemunho luminoso da presença de Cristo.
Quem tiver algum posto ou cargo de autoridade precisa enxergar nele mais do que uma oportunidade de se beneficiar; precisa enxergar a chance de melhor servir aos irmãos, a começar dos mais pobres. O país começará a melhorar, quando melhor ficar a vida dos mais pobres. Enquanto melhorar só para os que já têm, não está acontecendo a nova sociedade.
O cristão que abre os olhos para o projeto de fraternidade do seu Batismo torna-se testemunho ativo do serviço fraterno.
O gesto concreto da Quaresma precisa ser sinal bem claro que demonstre que o cristão está abrindo os olhos e descobrindo novamente o significado de seu compromisso com a fraternidade, em decorrência do seu Batismo.

Que Deus nos ajude e que nós façamos a nossa parte.

Nenhum comentário: